Bola de cristal: o futuro do Brasil é de desequilíbrio orçamentário com aumento da dívida pública
 Jorge Wilson Simeira Jacob
                    Jorge Wilson Simeira Jacob
                
                24 setembro 2023 às 00h01

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Só pode ter sido um gênio aquele que descobriu termos todos uma bola de cristal. É ela que nos explica fenômenos passados e nos permite ver o futuro. Se entender o preterido é diabólico , prever o futuro é divino. Muito mais do que temos consciência, usamos a nossa bola de cristal tanto para nossa vida pessoal como para ver o futuro do país.
Por exemplo, os argentinos conscientes, olhando a sua história, veem o mal que Perón e Evita, com os seus descamisados, fizeram à então rica Argentina. Contrariando o que seria natural – a evolução – a nação Argentina involuiu. Surpreendente é essa trajetória ter durado sete décadas. Com exceção do governo Macri, nas eleições livres todos os candidatos eram peronistas. Iam dos mais aos menos radicais. Nenhuma candidatura se arriscava a competir sem a chancela peronista.
Atualmente, em regime de caos, parece que os argentinos parecem ter caído na realidade e poderão escolher um candidato não populista-socializante para levantar a nação que está de joelhos. Quando e se isso acontecer, os setenta anos de decadência não serão recuperados sem enormes sacrifícios.
A medida fundamental é a redução dos gastos do governo, diz Javier Milei , o possível novo presidente. Consciente do excesso de intervencionismo, ele promete reduzir a oito os ministérios, acabar com o Banco Central e dolarizar a economia para debelar a inflação – que só será reduzida a níveis suportáveis se o governo equilibrar o orçamento.
O dólar, sem contenção dos gastos, como já aconteceu, por si só não conterá a inflação. Não basta trocar o termômetro se a febre não for debelada. E este é um fenômeno monetário gerado pelas despesas descontroladas do governo.
Já os brasileiros conscientes, olhando a nossa bola de cristal, veem que o equilíbrio das contas públicas deu-nos estabilidade monetária, mas, sem redução dos gastos, trouxe a estagnação da economia, que não cresce per capita há quarenta anos. O incrível é a passividade da nação diante de resultado tão ruim.
Olhando para o futuro, o nosso horizonte é de desequilíbrio orçamentário com o aumento da dívida pública (só os ingênuos acreditam na proposta de Haddad de zerar o déficit no próximo ano). O que nos mostra a bola de cristal é ainda o aumento da tributação que já se mostrou insuportável. Se a carga vai incidir sobre os mais ricos, o que é defensável, nem por isso deixa de esterilizar recursos para o país desenvolver-se.
No aspecto político, tudo indica que, a exemplo da Argentina, teremos muitos anos de populismo-socializante. Serão iguais aos setenta anos argentinos? Há os que acreditam que o caos provocará uma reação positiva, mas são desestimulados pela miséria da África, de Cuba e da Venezuela.
Diz um ditado que os inteligentes aprendem com os próprios erros e só os sábios aprendem com os erros dos outros. Nos últimos vinte anos não aprendemos nem com os nossos erros e nem com os dos nossos irmãos da América Latina. Não usamos a inteligência e menos ainda a sabedoria.
Em crise de desânimo, espremo a minha bola de cristal em busca de esperança. Pressionada, ela sentencia que o Brasil vai continuar a regredir lentamente. Como o processo será lento, a estagnação será seguida de dificuldades econômicas, até esgotar a capacidade contributiva da nação. O populismo continuará no poder fazendo mais do mesmo do que lhes deu o poder: populismo-socializante com o enganador título de democracia social.
Imploro à minha bola de cristal por uma possibilidade de esperança. Ela ficou negra, sem brilho, tremeu e sentenciou que a situação é grave: as massas não têm consciência do que as espera. As elites menos ainda. Não veem que o sapo está sendo cozido em água morna. Não haverá, prevê-se, um fato a justificar uma ruptura, mas sim um esgarçamento lento do tecido social. As elites brasileiras estão dormindo de botinas em berço esplêndido. Só um milagre salvará o Brasil. Eles são raros, mas acontecem.
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