Oposição interna avança e pode estar em andamento o ataque final contra Iris Rezende, o principal líder peemedebista há mais de três décadas

alvoO ex-prefeito Iris Rezende lidera hegemonicamente o PMDB estadual há exatos 33 anos, desde a sua primeira eleição de governador, em 1982. De lá para cá, nenhuma outra liderança conseguiu sobreviver a ele nas disputas pelo controle do partido. Todo esse poder, no entanto, está sob ataque. O último grande bunker do irismo, o diretório estadual, já caiu em mãos “adversárias”. Resta agora somente o diretório metropolitano, em Goiânia, e é certo que esse é o alvo do momento.

Não foram poucas as grandes lideranças políticas que enfrentaram e sucumbiram internamente a Iris Rezende. O primeiro foi Mauro Borges Teixeira, no início da década de 1980. Alguns anos depois, Iris derrotou de uma só vez Henrique Santillo e o grupo Irapuan Costa Júnior, que eram aliados na época. No início da década de 1990, caíram o então senador Iram Saraiva e o ex-prefeito Nion Albernaz, até então considerado como a grande estrela política em ascensão entre os iristas. Por último, no encerramento daquela década, Maguito Vilela se viu atropelado juntamente com seu grupo ao ser vetado na disputa pela reeleição, em 1998.

Maguito foi o único a aguentar a pressão dos iristas e permaneceu no PMDB. Todos os demais, na medida em que foram caindo, deixaram o partido para combater do lado de fora, em outras legendas. Foi assim, inclusive, que surgiu em Goiás o PSDB, que viria depois a desferir o mais formidável petardo contra a liderança estadual de Iris Rezende ao derrotá-lo na disputa pelo governo estadual em 1998. Contando com aquela derrota, Iris perdeu três vezes, também em 2010 e 2014.

E foi exatamente em 2014, mais precisamente na composição das candidaturas, que surgiu a força que ora ataca Iris Rezende, e que já lhe rendeu a derrota no controle imediato do diretório regional do PMDB. Abençoado por ninguém menos que Michel Temer, o chefe do partido em nível nacional, o empresário Júnior Friboi ingressou no PMDB com a promessa de ser o candidato a governador. Iris e seu grupo fizeram o que era possível para impedir essa filiação. Como as portas em Brasília estavam fechadas para os iristas e escancaradas para Friboi, Iris travou uma guerra duríssima para se fazer candidato mais uma vez, e impor derrota ao novo rival. Temer aceitou o jogo e o fato de ter perdido a batalha, mas não se esqueceu do episódio.

Paralelamente a tudo isso, o grupo maguitista também atuou discretamente para minar o poder interno do irismo. Esse jogo de bastidores e de trincheiras ocultas se mostrou repentinamente agora, com um sério impasse na renovação do diretório estadual. Iris, aparentemente, foi pego de surpresa.

Existem três grandes grupamentos no PMDB goiano: os iristas, os maguitistas e os independentes, muitos dos quais estiveram ao lado de Júnior Friboi no ano passado. Maguito havia conseguido equilibrar o jogo do poder interno, mas a saída de Friboi após seu declarado apoio a Marconi contra Iris na eleição de 2014, enfraqueceu o grupo porque uma larga parcela dos friboisistas migraram de volta ao irismo, mesmo sem grande convicção.

De qualquer forma, os maguitistas tiveram força suficiente para criar um sério impasse na formação do diretório, levando assim a disputa para decisão do comando nacional. Temer, que não se esqueceu dos episódios tumultuados de 2014, percebeu então que era hora de dar o troco, e indicou o deputado federal Pedro Chaves, um maguitista que apoiou Friboi desde o primeiro momento, para presidir um diretório provisório. E é exatamente esse diretório, nas mãos de Pedro Chaves, que vai estabelecer os caminhos da eleição interna.

É óbvio que os iristas irão compor o novo comando, mas não mais de forma esmagadoramente majoritária. Provavelmente, os três grupos internos — iristas, maguitistas e independentes — vão repartir o controle em partes mais ou menos equivalentes. Em outras palavras, o comando será dividido entre maguitistas e independentes.

Resta aos iristas apenas o diretório metropolitano. E é aí que vai se travar a última grande batalha pelo comando do PMDB. Os iristas dominam amplamente, mas a fragilidade é evidente e inegável. A única arma que os iristas têm para enfrentar os demais grupos é a candidatura de Iris Rezende à Prefeitura de Goiânia. Pode não ser o suficiente para manter o poder. Não basta mais a Iris apenas sinalizar que poderá ser candidato. Ele terá que ir para a disputa eleitoral e vencer. Sem isso, fatalmente o último reduto irista no PMDB goiano cairá. O ataque pode estar em andamento.