Suplência de Gracinha Caiado: quem será o “terceiro senador” eleito por Goiás?

07 setembro 2025 às 16h00

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É consenso no meio político que as eleições de 2026 “começaram” ainda em 2024. A engenharia eleitoral que deve se concretizar no próximo ano vem sendo articulada há meses pelos principais players políticos. A disputa vai abarcar tanto o Legislativo quanto o Executivo, em âmbitos estadual e federal. Além do próximo governador e do presidente da República, cargos que já têm nomes cotados, os goianos escolherão também os dois senadores que representarão o Estado em Brasília pelos próximos oito anos.
O que pouco se menciona, porém, é que, junto com o candidato cuja foto e número aparecerão em destaque na urna eletrônica, também serão alçados ao Senado seus suplentes. Pela legislação brasileira, essa suplência é definida previamente, diferentemente dos cargos proporcionais, como na Câmara dos Deputados ou nas assembleias, em que os suplentes são os mais votados da legenda ou coligação. Cada chapa ao Senado pode indicar até dois nomes.
O suplente assume temporariamente quando o titular se afasta para exercer funções como ministro, governador, secretário estadual ou municipal de capital, ou chefe de missão diplomática temporária. O mesmo vale para licenças médicas superiores a 120 dias. Assim, ao eleger dois senadores, os goianos estarão, indiretamente, dando posse a seis parlamentares. Para se ter dimensão: atualmente, seis dos 81 senadores estão licenciados, entre eles, o goiano Vanderlan Cardoso, que pediu afastamento de 121 dias para articular sua reeleição, abrindo espaço para o suplente Pedro Chaves.
Mais do que um simples substituto, o suplente pode usar sua passagem pela Casa para apresentar projetos, consolidar sua base eleitoral e, quiçá, viabilizar uma futura candidatura como titular.
Em 2026, duas vagas serão abertas no Senado para Goiás. Pela base do governador Ronaldo Caiado, que pretende disputar a presidência da República, a disputa que se desenha é pela segunda vaga (ainda não há definição de nome, e diz-se que até uma aliança com o PL de Bolsonaro pode se concretizar para indicar o nome), uma vez que a primeira já tem uma candidata definida: trata-se a primeira-dama Gracinha Caiado.
Já recebida em eventos aos gritos de “minha senadora!”, Gracinha deve se utilizar não só da boa popularidade do governador (cuja aprovação atinge, hoje, os 88% entre os goianos, de acordo com a última pesquisa Genial/Quaest), mas de seus próprios feitos. Presidente de Honra da OVG e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), a primeira-dama conseguiu se consolidar como “entregadora” de benefícios, programas e obras sociais em Goiás. Programas como o Goiás Social, Mães de Goiás, NutreBem, Dignidade Menstrual e ProBem deram a Gracinha a musculatura tanto política quanto social suficiente para uma disputa da magnitude do Senado.
Entretanto, tão provável quanto a chance de eleição é a possibilidade de que, ao longo de um mandato de oito anos, Gracinha precise se licenciar. Nesse caso, ganhará protagonismo o chamado “terceiro senador” de Goiás: o suplente que herdará temporariamente a cadeira. Apesar de sua importância, essa escolha ainda não recebe destaque equivalente nos debates e na cobertura jornalística.
Os suplentes não serão apenas eventuais substitutos, mas integrantes de um projeto político mais amplo, com espaço para se fortalecer e ganhar relevância em articulações futuras, seja em eleições subsequentes, seja na ocupação de cargos estratégicos no governo estadual.
Nos bastidores, alguns nomes já circulam como possíveis suplentes da primeira-dama. Entre eles, o ex-ministro Alexandre Baldy, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, e o prefeito Paulo do Vale. Nada está definido, mas o jogo está aberto.
O fato é que, diante das articulações em curso, a suplência de Gracinha Caiado tende a se tornar objeto de disputa tão intensa quanto, ou até mais do que, a própria segunda vaga ao Senado pela base governista. Quem estará nela, falta pouco para descobrirmos.