Política

Nesta quarta-feira, 6, entrou em vigor a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, medida que vai prejudicar economicamente o agronegócio nacional. A decisão, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atinge diretamente itens de grande peso na balança comercial brasileira, como café, carne bovina, pescados, mel e frutas, e pode gerar prejuízos bilionários para o Brasil, além de encarecer esses produtos no mercado norte-americano.
A decisão de Trump ocorre em meio a tensões políticas entre os dois países, incluindo críticas ao Judiciário brasileiro e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Até o momento, não houve diálogo direto entre os presidentes Lula e Trump sobre o tarifaço, e o governo brasileiro tenta abrir canais de negociação para reverter ou suavizar os efeitos da medida.
O impacto é especialmente severo para o café, principal alimento exportado pelo Brasil para os EUA. O mercado americano é o maior consumidor do café brasileiro no exterior, e as perdas estimadas com a nova tarifa podem chegar a US$ 481 milhões apenas neste ano, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A carne bovina também sofre com a medida: os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras nesse setor, atrás apenas da China. Mesmo com uma participação de 12% nas vendas totais, a redução nas exportações pode representar uma perda de até US$ 1 bilhão em 2025, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Agroexportadores
Outros segmentos, como o de pescados, mel e frutas (especialmente a manga) também são altamente dependentes do mercado americano e enfrentam dificuldades para encontrar alternativas viáveis de exportação. Dos principais produtos agroexportadores brasileiros, apenas o suco de laranja entrou na lista de exceções à nova tarifa.
Essa lista, composta por cerca de 700 itens, inclui ainda castanha-do-pará, madeira, polpa de celulose e sisal. Produtos contemplados nela pagarão uma sobretaxa de 10% sobre o valor usual, enquanto os demais enfrentarão o acréscimo total de 50%.
Apesar dos prejuízos para o Brasil, os Estados Unidos também devem sentir os efeitos da medida. O país importa 99% do café que consome e o Brasil é responsável por cerca de 30% desse volume. A substituição rápida desse fornecimento é considerada improvável, o que pode gerar escassez e aumento de preços no país norte-americano.
No caso da carne bovina, os EUA enfrentam uma crise de oferta, com falta de bois para abate e inflação crescente no setor. A carne brasileira é essencial para a indústria americana de hambúrgueres, e a tarifa pode agravar ainda mais esse cenário.
No mercado interno brasileiro, os efeitos sobre os preços são incertos. A expectativa inicial era de que o excesso de oferta pudesse reduzir os valores nos supermercados. No entanto, especialistas alertam que os produtores já estão diminuindo os abates, o que pode levar a uma queda temporária seguida de alta nos preços da carne.
Já o café, que vinha registrando queda após mais de um ano de alta, não deve sofrer impacto imediato, pois há espaço para negociação e os grãos da safra atual podem ser armazenados até 2026.
Outros mercados
Redirecionar os produtos para outros mercados não é tarefa simples. O café enfrenta exigências específicas de qualidade e normas fitossanitárias em cada país, o que dificulta a adaptação rápida.
A carne bovina também encontra obstáculos: os cortes preferidos pelos americanos, como a dianteira do boi usada em hambúrgueres, não têm demanda equivalente em outros mercados, como o brasileiro, que consome mais a parte traseira, de onde saem cortes como picanha e alcatra.
Diante da crise, o governo brasileiro anunciou medidas emergenciais para mitigar os impactos. Entre elas estão linhas de crédito via BNDES com juros subsidiados para pecuaristas e agroindústrias, programas de compra governamental de produtos perecíveis e ações da Apex para abrir novos mercados, com foco em países como Alemanha, Japão, China e Canadá.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira, 5, durante um evento no Palácio Itamaraty, que pretende convidar o presidente estadunidense Donald Trump para a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30). Segundo o líder da esquerda, o suposto motivo do convite é querer saber o que o norte-americano pensa das questões climáticas. A conferência, que vai acontecer em Belém, capital do Pará, no mês de novembro, promete trazer à tona não somente questões climáticas, mas também discussões sobre as tensões recentes entre Brasil e EUA.
No Palácio Itamaraty o presidente afirmou que não pretende telefonar para Donald Trump com fins comerciais, já que, segundo ele, o ex-presidente norte-americano não tem interesse em conversar. No entanto, disse que irá contatá-lo para convidá-lo à COP, a fim de conhecer sua opinião sobre a questão climática. Ele ressaltou que terá a gentileza de estender esse convite pessoalmente. Além de Trump, mencionou que também entrará em contato com os líderes Xi Jinping e Narendra Modi. A única exceção será Vladimir Putin, pois, de acordo com o presidente, o líder russo não está podendo viajar. Por fim, reafirmou a intenção de conversar com diversos chefes de Estado.
Durante o encontro do Conselhão, realizado no Palácio Itamaraty, o presidente Lula afirmou que, caso o ex-presidente norte-americano não compareça à COP, será por vontade própria — não por falta de delicadeza, charme ou compromisso democrático por parte do Brasil. Ele reiterou que o país jamais abandonou a mesa de negociações com os Estados Unidos e avaliou que as sanções aplicadas aos produtos brasileiros têm motivação política. Diante das tarifas elevadas, o presidente declarou que o compromisso do governo é com o povo brasileiro e não aceitará que a população seja penalizada injustamente.
Lula anunciou a implementação de um plano de contingência para enfrentar as consequências econômicas e sociais do aumento tarifário, garantindo proteção aos trabalhadores e empresas afetadas. Além disso, assegurou que o governo recorrerá a todas as medidas legais disponíveis, começando pela Organização Mundial do Comércio (OMC), a fim de defender os interesses nacionais.
Referindo-se a uma resolução publicada pelo governo federal, o presidente destacou que o Ministério das Relações Exteriores está autorizado a acionar o mecanismo de solução de controvérsias da OMC, que tem como objetivo assegurar que os países respeitem os acordos comerciais e que medidas incompatíveis possam ser devidamente contestadas. Momentos antes, Lula criticou diretamente o presidente norte-americano por ter imposto tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, afirmando que ele não tinha o direito de agir dessa forma.
A reunião foi marcada por pronunciamentos em defesa da soberania nacional. Os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) reforçaram, em seus discursos, a necessidade de proteger o Estado brasileiro das ações dos Estados Unidos.
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Insatisfação com os representantes