Bastidores

O ex-ministro da Fazenda é suspeito de arrecadar propina para pagar dívidas de campanhas do PT, em 2012

Irismo ataca o candidato do PSB cada vez com mais intensidade porque teme que sua ascensão seja incontrolável. O peemedebista tenta barrá-la
Por decisão judicial, o Jornal Opção esclarece que a nota publicada na coluna Bastidores da edição 2150 que trata sobre possíveis favoritos na eleição para prefeitos do Entorno do Distrito Federal não levou em conta pesquisa eleitoral na cidade de Santo Antônio do Descoberto. À época da publicação, não havia sequer pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o referido município. Se tratava, apenas, de especulação jornalística, que analisou o quadro eleitoral sem embasamento científico. Na própria nota, este veículo deixa claro que "apontar favoritos não é o mesmo que sugerir que estão eleitos". O "listão" produzido pela coluna, embora tenha apontado os chamados favoritos, não teve como objetivo indicar, nem sugerir, que já estariam eleitos.

O candidato do PSB parece que tomou fermento e está crescendo aos saltos. É o verdadeiro Pó Royal na disputa pela Prefeitura de Goiânia

O candidato do PMDB parece que vive noutra galáxia e acredita que pode ser eleito no primeiro turno. Ele não é mesmo contemporâneo dos atuais goianienses

O crescimento do postulante do PSB é contínuo e aos saltos. O candidato do PMDB mantém-se estagnado, o que pode prejudica-lo no segundo turno
[caption id="attachment_74791" align="aligncenter" width="620"] Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB): expectativa de poder mudou de lado, agora está com do segundo | Fotos do Jornal Opção[/caption]
Os números não mentem, mas podem e devem ser interpretados. As últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas a respeito da disputa pela Prefeitura de Goiânia contêm dados instigantes, mas não devidamente registrados pelos jornais que divulgam os números de maneira seca, dando a interpretação óbvia. Uma informação que pode ser extraída, e é até óbvia mas não é vulgarizada: as pesquisas Ibope e Serpes indicam que Iris Rezende (PMDB) tem mesmo teto — não passa de 37,6% (Serpes deste domingo, 18). Está absolutamente estagnado — o que poderá prejudicá-lo no segundo turno, porque sua expectativa de poder se tornará frágil. A outra informação é que Vanderlan Cardoso (PSB), que está crescendo de maneira contínua e aos saltos (27,1%, segundo o Serpes deste domingo), não tem teto, ao menos até agora. O que significa que, no segundo turno, senhor da expectativa de poder, poderá derrotar o postulante do PMDB.
Uma virada é amplamente possível. Sobretudo, ninguém deve se surpreender se Vanderlan Cardoso for para o segundo turno em primeiro lugar, com Iris Rezende em segundo lugar.

[caption id="attachment_70769" align="aligncenter" width="620"] Iris Rezende, durante evento em que anunciou a "aposentadoria política" | Foto: Alexandre Parrode/Jornal Opção[/caption]
Os líderes do PMDB não conseguem entender as mudanças da sociedade e, portanto, do eleitorado de Goiás e de Goiânia. Desde 1998, o eleitorado vem sugerindo, por intermédio do voto, que o partido se renove. Entretanto, demonstrando profunda desconexão com a realidade, seus principais líderes não conseguem perceber o que de fato ocorre nas entranhas da sociedade. Em cinco eleições para governador de Goiás, entre 1998 e 2014, o peemedebismo bancou apenas dois candidatos — Iris Rezende, em 1998, 2010 e 2014, e Maguito Vilela, em 2002 e 2006. Em nenhum momento, fez-se a reflexão devida, notando os próprios equívocos — produzindo interpretações insuficientes e limitadoras, como acusar o adversário de “gastar muito” e outras puerilidades —, a respeito das cinco derrotas.
Em 2016, depois que Daniel Vilela, um jovem, assumiu a presidência do PMDB regional, derrotando o candidato de Iris Rezende, pensou-se: “Agora, sim, o partido vai renovar seus quadros”. Lego engano. Ao manter-se como um partido encanecido, que envelheceu por não entender a sociedade em que está instalado, o PMDB decidiu, mais uma vez, investir em Iris Rezende, de 83 anos (em dezembro), para prefeito de Goiânia. Dizia-se: “Ninguém ganha de Iris Rezende”.
De fato, enquanto não havia um candidato competitivo mais conhecido, Iris Rezende nadava de braçada. Acreditava-se, entre os luas cinzas do irismo, que o adversário do peemedebismo seria o delegado Waldir Soares, do PR.
Isto mostra a incapacidade dos líderes do PMDB de apreender o quadro político real. Na verdade, a polarização entre o peemedebista e o deputado-delegado era ilusória, refletindo um quadro mais de conhecimento dos nomes dos postulantes. Se tivessem uma percepção mais aguçada, os peemedebistas teriam entendido que, a médio prazo, desde que se tornasse mais conhecido e pudesse expor suas ideias — e se apresentar mesmo —, o candidato que tenderia a crescer, como de fato está crescendo, era (é) Vanderlan Cardoso. Como demorou a entender o fenômeno Vanderlan Cardoso — que, por certo, é visto como um Iris Rezende remoçado e modernizado —, o peemedebismo não conseguiu produzir uma crítica adequada ao postulante do PSB.
Aos 53 anos, empreendedor bem-sucedido na área privada, com a empresa Cicopal, e na área pública, como prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso consolidou-se, na avaliação dos eleitores, como o candidato alternativo a Iris Rezende. É sua modernização. O que o PMDB deveria ter feito? Bancado Daniel Vilela, jovem e com energia, para disputar a Prefeitura de Goiânia. Ao não se renovar, o PMDB se envelhece e facilita o trabalho de seus adversários. Não é à toa que o PMDB se tornou a sobremesa preferida do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. O partido, sob a liderança cansada e desesperançada de Iris Rezende, se tornou “o” freguês. Sabe aquele lutador famoso de MMA que se tornou “escada” para os lutadores mais jovens? O PMDB, que se não renova, é este lutador famoso e combalido. É o Bob Sapp da política.

A sociedade clama por renovação na Câmara Municipal de Goiânia, que, para muitos, se tornou um balcão de negócios. Não se pode falar em bancada da sociedade, mas ninguém contesta quando se fala em bancada das imobiliárias e construtoras. Há até quem acredite que o presidente do Legislativo não é Anselmo Pereira, do PSDB (na verdade, do PG — Partido do Governo), e sim Ilésio Inácio, do PC — Partido das Construtoras. Trata-se de um equívoco, é claro. O fato é que, quando os votos são contados, um grupo de políticos experimentados, mesmo criticados, é sempre reeleito. Este ano não será diferente.
O Jornal Opção ouviu líderes de vários partidos e, com a ajuda deles, listou os vereadores (de 50% a 60%) que, dada uma estrutura eficiente, devem ser reeleitos:
Anselmo Pereira (PSDB) — Tende a ser um dos campeões de voto;
Carlos Soares (PT) — o petista é apontado como pule de dez;
Célia Valadão (PMDB)— Nome forte do PMDB;
Cristina Lopes — É uma aposta do tucanato qualitativo;
Clécio Alves (PMDB) — O peemedebista aparece na lista dos possíveis mais votados;
Doutor Gian Said (PSB) — A máquina da Igreja Fonte da Vida deve elegê-lo;
Elias Vaz (PSB) — talvez um dos vereadores mais qualitativos e articulados;
Paulo Magalhães (PSD) — vereador eficiente e atuante;
Geovani Antônio (PSDB) — O tucano é um ás da reeleição;
Paulo da Farmácia (Pros) — É mencionado como articulado;
Pedro Azulinho (PSB) — O socialista é um ex-expert em ganhar eleições;
Rogério Cruz (PRB) — A máquina da Igreja Universal o banca e deve elegê-lo;
Zander Fábio (PEN) — Apesar dos problemas, é visto como possível reeleito.
Tatiana Lemos (PC do B) — A comunista não perde eleição;

[caption id="attachment_75352" align="alignright" width="620"] Renato de Castro em campanha | Foto: divulgação[/caption]
Consta que, ao menos nos bastidores, o candidato do PMDB a prefeito de Goianésia, Renato de Castro, começa a dizer aos seus aliados: “Não me deixem só!” O que se comenta é que líderes influentes, como Gilberto Naves (PMDB) e Frederico Jayme (PSDB), estão de braços cruzados, porque o peemedebista não conseguiu mobilizá-los. Pelo contrário, aliados do próprio postulante espalham pelos quatro cantos da cidade que tanto Naves como Jayme estão apoiando, direta ou indiretamente, a candidatura do prefeito Jalles Fontoura, do PSDB. Como o tucano é o favorito, fica-se com a impressão de que Castro, que não é parente de Fidel, está “perdendo as estribeiras”.

“A deputada Magda Mofatto conseguiu o que parecia impossível: está brigada com todos os candidatos a prefeito de Caldas Novas — Evandro Magal (PP), Alison Maia (DEM) e Arlindo Ceará (PDT)”, diz político do município. “Se continuar assim, desagregando, dificilmente terá condições de disputar mandato de senadora, quando se precisa de apoio mais amplo.”

[caption id="attachment_75349" align="alignright" width="620"] Iris Rezende durante carreata no Vera Cruz: não tão favorito assim | Foto: Paulo José[/caption]
Um deputado do PMDB admitiu, na semana passada, que pintou desespero na campanha de Iris Rezende. “O fato é que não sabemos como enfrentar e atacar Vanderlan Cardoso”, afirma. “Estávamos preparados para enfrentar o delegado Waldir Soares.”
O peemedebista assinala que o estilo populista e obreiro de Iris Rezende não está funcionando em Goiânia. “Ele lidera, mas não cresce, e, ao mesmo tempo, Vanderlan Cardoso, com um discurso mais moderno, está crescendo perigosamente e se aproximando do nosso candidato.”
Marqueteiros e líderes do PMDB estão se reunindo com Iris Rezende para tentar convencê-lo a mudar o programa eleitoral na televisão e, também, sua maneira de apresentar as propostas. Não precisa ser moderno — basta parecer. O que, mesmo assim, é muito difícil. Como obrigar o peemedebista a parar de falar “no meu ‘intindimento’”?

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recebeu o candidato a prefeito de Pirenópolis pelo PSD, Luiz Pompeu de Pina, na semana passada. Ele estava acompanhado de Luciano Jayme, irmão da primeira-dama, Valéria Perillo, e do secretário de Comunicação da gestão estadual, Luiz Siqueira. Pompeu tem como vice Edmundo Siqueira, do PSDB. Luiz Pompeu fez fotografias com o governador Marconi Perillo. O principal adversário do ex-prefeito é Altamir Mendonça, um dos mais fieis aliados do ex-governador Alcides Rodrigues (foi seu secretário), adversário figadal do tucano-chefe. “Luiz Armando, ao contrário, sempre foi nosso aliado e é experimentado como gestor, pois foi prefeito duas vezes do município. Trata-se do nome mais consistente”, afirma Vilmar Rocha, presidente do PSD.

[caption id="attachment_75346" align="alignright" width="620"] Eronildo busca a reeleição[/caption]
Pesquisa do instituto Serpes aponta Pedro Fernandes (PSDB), como favorito para prefeito de Porangatu. O tucano tem méritos — é jovem, articulado e é visto como elemento renovador — e conta com o apoio de um deputado estadual, o cunhado Júlio da Retífica, e, se eleito, terá no governador Marconi Perillo um aliado. O prefeito Eronildo Valadares, empresário bem-sucedido, não funciona como gestor público. Alguns dos motivos de seu fracasso administrativo que poderão levá-lo ao fracasso eleitoral:
1 — Turrão, Eronildo se recusou a manter uma parceria civilizada com o governo do Estado. Preferiu fazer uma oposição raivosa — ao contrário de Maguito Vilela (PMDB), prefeito de Aparecida de Goiânia, e João Gomes (PT), prefeito de Anápolis, que mantiveram uma convivência produtiva com o governador Marconi Perillo (PSDB).
2 — Eronildo não soube entender que sua tentativa de recuperar as finanças, mas não de recuperar a cidade, é um dos principais motivos de seu desgaste. É fato que José Osvaldo, prefeito anterior, deixou as finanças combalidas.
3 — Não se faz política nem gestão sozinho. Eronildo desagregou sua base política e cercou-se mais de áulicos do que de pessoas com personalidade própria para, inclusive, questionar seus equívocos.
4 — O peemedebista fez obras cosméticas, mas não obras fundamentais para melhorar a qualidade de vidas dos moradores de Porangatu, no Norte de Goiás.
A imensa rejeição de Eronildo diz quase tudo sobre a qualidade, ou falta de qualidade, de sua gestão. Mas ele tem qualidades. Por exemplo: não é corrupto e é fato que tentou recuperar as finanças para, adiante, reiniciar os investimentos. Dada sua rigidez, típica de alguns empresários bem-sucedidos, não teve paciência para explicar aos eleitores por qual motivo não conseguiu fazer uma administração arrojada. Deixou para explicar no período eleitoral, quando o eleitor não dá a mínima importância às explicações, acreditando que se trata de uma farsa para justificar a incompetência.
Se for eleito, Pedro Fernandes deverá agradecer a Eronildo Valadares, que, se nasceu para ser empresário — daí seu patrimônio de 24 milhões de reais, construído fora do meio político, ressalte-se —, não nasceu para ser político. A gestão pública é diferente da gestão privada e o peemedebista parece que não entendeu isto. Por isso, de alguma forma, é o principal cabo eleitoral, ainda que indireto, do tucano Pedro Fernandes.

“Não gosto de cantar vitória antes da hora, mas já encomendei o terno de posse de Jalles Fontoura (PSDB). Ele será reeleito prefeito de Goianésia. Porque é um gestor eficiente e, mesmo na crise, administrou bem o município. Porque é um político articulado e é moderno”, afirma Vilmar Rocha (PSD).

Adib Elias, do PMDB, ainda é amplamente favorito na disputa pela Prefeitura de Catalão. Mas a diferença entre o líder do PMDB e o prefeito Jardel Sebba, do PSDB, está caindo. Analistas políticos afirmam que se trata de uma tendência, dado o quadro de polarização. O peemedebista esperava ser eleito com mais de 30% de frente. Mas este não é mais o quadro. E, se Adib Elias ganhar, sua vitória será apertada. Um dado curioso sobre a política de Catalão é que, como gestor, Jardel Sebba é bem avaliado. Ele é apontado como o prefeito que trabalha. No entanto, sua avaliação política, a do indivíduo Jardel Sebba, não é positiva, O tucano não conseguiu casar a imagem de gestor e de político.