A saída inesperada do ex-deputado Hildo Rocha (MDB-MA) do cargo de secretário executivo do Ministério das Cidades, juntamente com toda a sua equipe, causou irritação no clã do ex-presidente José Sarney. Essa decisão também gerou confronto entre os sarneyzistas e o grupo liderado pelo senador Jader Barbalho, representando dois importantes segmentos dentro do partido.

Surpreendentemente, nem Hildo Rocha nem qualquer membro do MDB do Maranhão foram informados sobre a exoneração, incluindo o presidente nacional do partido, Baleia Rossi, que atualmente está nos Estados Unidos.

A maneira como o ministro Jader Filho afastou o secretário, sem qualquer aviso prévio ao ex-presidente Sarney ou a Baleia Rossi, não agradou aos sarneyzistas. Essa falta de consideração levou a deputada Roseana Sarney a declarar que não tiraria licença do mandato para permitir que Hildo assumisse. A possibilidade de Roseana se afastar temporariamente estaria sendo discutida dentro do MDB como uma medida para amenizar a situação.

Na tarde de ontem, 12, surgiu uma carta datada de 11 de janeiro na qual Hildo Rocha pediria para deixar a secretaria. No entanto, os motivos para sua saída não foram explicados na carta, dizem interlocutores. Essa ação é interpretada como uma tentativa do MDB governista de resolver internamente suas diferenças, evitando a inflamação daqueles que desejam o rompimento do partido com o governo. Apesar da carta, a situação ainda não foi completamente resolvida.

Entenda

Hildo Rocha havia sido indicado para o cargo pelo presidente do MDB, Baleia Rossi, e pelo MDB do Maranhão, gradualmente conquistando espaço. Seu último vídeo como secretário abordou a construção de três mil casas do programa Minha Casa/Minha Vida em São Luís (MA).

Desta vez, alguns emedebistas afirmam que a culpa não foi do PT, destacando que o ex-presidente Lula atendeu a um pedido de seu ministro, que supostamente havia discordado de Hildo.

Agora, o MDB enfrenta o desafio de resolver seus problemas internos, enquanto lida com uma lista crescente de questões entre as facções do partido. Enquanto o presidente do MDB, Baleia Rossi, tenta aproveitar alguns dias de folga, sua pausa é interrompida por diversos eventos políticos, como a crítica de Lula a Ibaneis Rocha e a mudança de Marta Suplicy para a chapa de Guilherme Boulos em São Paulo, movimentação coordenada por Lula.

Ajustes de conduta

Após a decisão do presidente Lula em convidar Marta Suplicy para deixar o MDB e retornar ao PT, a fim de se tornar vice de Guilherme Boulos, os partidos estão preocupados que a legenda possa deixar mais aliados para trás durante a formação de alianças.

Em São Paulo, o MDB reconhece que é um adversário do PT, mas não pretende estender essa disputa para o âmbito nacional. No entanto, alguns acreditam que chegou o momento de promover um ajuste de conduta em outras regiões, a fim de preservar a parceria no Congresso e evitar comprometimentos.

Interlocutores avaliam que o partido percebe atualmente que as promessas de Lula de romper com a polarização política, feitas durante a campanha, não parecem se concretizar, especialmente após receber o apoio de Simone Tebet, atual ministra do Planejamento.

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