A próxima presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana (Rede), afirmou que o órgão atuará para evitar que a população indígena trabalhe em garimpos ilegais. Segundo a ex-deputada federal, o objetivo é oferecer outros caminhos para competir com a promessa de enriquecimento rápido que as atividades ilícitas ofertam.

“A Funai buscará oferecer alternativas para que o jovem (indígena) não vá pro garimpo”, disse a primeira deputada federal indígena da história do Brasil, em entrevista para o portal Metrópoles. Ela também destacou que jovens ainda são aliciados por meio de drogas e bebidas alcoólicas, oferecidas por garimpeiros ilegais.

Wapichana também criticou o arrendamento de territórios para terceiros e a gestão anterior do órgão, realizada por Marcelo Xavier, delegado da Polícia Federal (PF), durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

“Arrendamento de terra é ilegal porque não faz sentido demarcar a terra indígena para conceder a terceiros que não são indígenas”, disse a primeira indigena a presidir a Funai desde a sua criação, em 1967. “Temos que fazer valer o direito coletivo, que se sobrepõe aos interesses particulares de alguns que querem fazer arrendamento ou abrir terras indígenas para exploração de terceiros”, completou. 

A próxima presidente ainda destacou que ainda manterá o diálogo com os indígenas que apoiam o ex-presidente Bolsonaro. “O governo Lula não assumiu para amedrontar ou ameaçar, a não ser que haja ilegalidades. Dessa forma, as pessoas vão ter que responder pelos seus atos”, contou a advogada que atua na defesa dos direitos dos povos originários.