Falta de apoio a Bolsonaro enfraqueceu movimentos contra resultado das urnas, avalia cientista política

16 novembro 2022 às 15h52

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Após o resultado do segundo turno das eleições, realizado no dia 30 de outubro, movimentos começaram a aparecer para apoiar Jair Bolsonaro (PL). Revoltados com a derrota nas urnas, apoiadores do futuro ex-presidente ocuparam espaços públicos, como rodovias e praças, para defender que houve fraude no pleito e até pedir intervenção militar. Entretanto, segundo a cientista política Ludmila Rosa, os atos “esfriaram” semanas depois do revés eleitoral.
“O movimento de cunho golpista e revanchista está perdendo força, não por auto-convencimento, mas porque o seu líder, Bolsonaro, não conseguiu o apoio institucional esperado e exigido”, explicou a especialista para o Jornal Opção. “Não teve apoio do Congresso Nacional, não teve, por óbvio, do Judiciário e não teve das Forças Armadas Brasileiras, na qual havia muita expectativa, dado o grau de deletério aparelhamento que o bolsonarismo impingiu nas FA”, completou.
Ludmila destacou que os atos bolsonaristas existentes são sustentados por alguns empresários ligados ao governo. “De acordo com investigações preliminares, eles (empresários) estão financiando a permanência de populares nas ruas, sobretudo, nas imediações de quartéis. Falo isso porque as barricadas nas rodovias perderam força diante do capital e foram superadas por contundente ação do poder judiciário”, afirmou a cientista política.
Com um país dividido após as eleições, Rosa apontou que a missão para o próximo governo será de unir o país. Só que ela também não ignora a possibilidade de uma nova ofensiva do “espírito revanchista”. Por exemplo, ela destaca a tática do ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos.
“O presidente Jair Bolsonaro, por não admitir sua derrota, embora não esteja sendo vocal junto às manifestações – e isso não é casualidade, mas estratégia, está agindo como Trump em 2020. A cartilha é a mesma”, argumentou, destacando que os líderes possuem o mesmo ideólogo estrategista, o americano Steve Bannon.