A Força Aérea Brasileira (FAB) realizou, pela primeira vez, o disparo de um míssil ar-ar Meteor a partir de um caça Gripen F-39E. O lançamento ocorreu na última quinta-feira, durante operação na Base Aérea de Natal (BANT), e marca um avanço significativo na capacidade de defesa aérea do país. O Meteor é considerado o míssil ar-ar de longo alcance mais avançado do mundo e possui tecnologia de redirecionamento, que garante maior precisão mesmo em cenários complexos.

O Meteor é classificado como um míssil BVR (Beyond Visual Range – “além do alcance visual”), capaz de atingir caças, drones e mísseis de cruzeiro mesmo em ambientes com intensa interferência eletrônica. Diferentemente dos mísseis convencionais, propulsionados exclusivamente por foguetes — que perdem potência à medida que avançam — o Meteor combina esse sistema a um motor ramjet, que mantém a propulsão contínua e pode até aumentar a velocidade durante o voo.

Essa tecnologia permite que o míssil modifique sua rota, realize manobras evasivas e ajuste o consumo de combustível para otimizar desempenho. Na fase final de interceptação, o armamento acelera para atingir o inimigo dentro da chamada escape zone, momento no qual a aeronave-alvo praticamente não consegue escapar.

Outro diferencial é o link de dados bidirecional, que possibilita ao caça atualizações de trajetória em tempo real, inclusive com informações enviadas por outras aeronaves. O Meteor também pode ser lançado sem emitir sinais do próprio radar, ativando-o apenas próximo ao alvo — estratégia que reduz drasticamente a chance de detecção pelo inimigo.

Segundo a FAB, o míssil pesa 190 kg, mede 3,7 metros e possui 17,8 cm de diâmetro. A ogiva é do tipo fragmentação por explosão. O armamento é fabricado pela europeia MBDA, cujos representantes acompanharam a operação em Natal.

O teste foi realizado contra um alvo aéreo Mirach 100/5, utilizado para simular aeronaves de caça em manobras de alta velocidade e altitude. Em comunicado, a FAB afirmou que a integração do Meteor ao Gripen “amplia e consolida o poder dissuasório do Brasil”, elevando o país ao padrão das principais forças aéreas do mundo.

“Na prática, o Brasil fortalece sua capacidade de defesa aérea e reforça a soberania sobre seu espaço aéreo, missão institucional da Força Aérea Brasileira”, destacou a corporação.

Atualmente, países como França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha, Suécia e Índia já operam o Meteor em suas frotas.

Em abril, o tenente-coronel Ramon Fórneas, comandante do 1º Grupo de Defesa Aérea — responsável pela implementação do Gripen —, afirmou que a aeronave deveria estar apta ao emprego real de mísseis até o fim de 2025.

Na ocasião, explicou: “Hoje, interceptaríamos um avião inimigo, mas ainda não empregaríamos o armamento. Isso virá com a entrega da próxima capacidade ao longo deste ano.”