Liderança histórica do antigo Partido Pátria Socialista (PPS), hoje Cidadania, Cristovam Buarque criticou a federação com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Para o ex-ministro da Educação, a aliança conferiu ao partido uma imagem mais conservadora, afastando parte do eleitorado progressista e comprometendo sua legitimidade histórica. Além disso, a união trouxe prejuízos práticos durante as últimas eleições, conforme apontam integrantes da executiva municipal.

“O PSDB foi um partido de esquerda, assim como o PPS, que se desviou por um tempo”, afirmou o ex-governador e ex-senador do Distrito Federal, questionado pelo Jornal Opção. “Agora precisamos recuperar esse espaço, mas será mais difícil para o PSDB, que se perdeu para forças mais conservadoras por causa do eleitoralismo. O partido deixou de inspirar, perdeu o eleitorado, as eleições e a sua mística”, explicou.

Segundo Buarque, a federação iniciada em 2022 e encerrada neste ano pode ser considerada “prejudicial”. “Se você olhar o número de parlamentares, nós ganhamos um ou dois, que talvez tivéssemos perdido se não fosse a federação, por causa do coeficiente eleitoral. Mas acredito que poderíamos ter conquistado outras cadeiras (no Congresso Nacional). No entanto, sobretudo, nós perdemos”, afirmou o ex-ministro.

Ao mesmo tempo, o líder histórico, que se prepara para se candidatar a deputado federal pelo Distrito Federal no próximo ano, disse ter se arrependido de ter sido contrário à federação com o Partido Democrático Brasileiro (PSD), mas afirmou estar empolgado com a aliança que está sendo articulada com o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Local

O presidente do Cidadania em Goiânia, Jones Matos, compartilha a opinião de Buarque sobre a federação com o PSDB. Ele aponta que o partido perdeu cadeiras em cidades goianas nas últimas eleições municipais. Ao mesmo tempo, espera que o Cidadania aprenda com os erros para não enfrentar os mesmos problemas na nova aliança com o PSB.

“Tivemos um problema sério para eleger vereadores em vários municípios”, afirmou Matos durante a coletiva de imprensa. “Aqui em Goiânia não temos vereador por causa da federação. Fora problemas em Abadiânia e Formosa, por exemplo. Realmente, foi um desastre e isso não pode se repetir. Obviamente, atribuíamos a culpa à forma como a direção anterior conduziu o processo e espero que não aconteça o mesmo com a nova aliança, com o PSB”, explicou.

Para o presidente municipal, além do ponto de vista ideológico, mencionado por Buarque, houve problemas técnicos na federação. “Eles tinham controle de tudo e diziam onde podia ter candidato e onde não podia. Isso não é possível e não deverá se repetir nessa nova composição com o PSB. Espero que o partido tenha juízo para conduzir isso de forma decente, porque é importante”, afirmou.

Federação com PSB

Segundo Buarque, a federação em processo de ratificação com o PSB é um marco importante para o plano de reconstruir sua identidade ideológica, afastando-se da imagem da direita. Ao mesmo tempo, ele confirmou que o partido seguirá apoiando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma eventual reeleição ou o vice Geraldo Alckmin (PSB), caso seja o candidato. Ao mesmo tempo, ele conta que a nova federação já está bem encaminhada, mas ainda faltam algumas deliberações entre membros do partido.

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