COMPARTILHAR

O senador Wilder Morais, do PL, tem dito a aliados que anunciará sua candidatura no dia 2 de abril de 2026. Um dia depois do Dia da Mentira — 1º de abril —, o que não deixa de ser sintomático e expressivo.

Em 2022, Gustavo Mendanha, candidato a governador, sentiu na pele o que é ficar isolado politicamente e “cercado” por seu principal adversário. Acabou obtendo apenas 25% dos votos válidos.

Wilder Morais, se candidato, caminha para um isolamento ainda maior. Porque, de acordo com lideranças da base aliada, os prefeitos do PL tendem a abandoná-lo. E mais cedo do que ele imagina.

Eudes Araújo, Jerônymo Siqueira e Daniel Vilela: aliados para 2026 | Foto: Divulgação

O abandono poderá começar já em 2025. O prefeito de São Miguel do Araguaia, Jerônimo Siqueira, já trocou o PL pelo MDB. Por sinal, tem sido atacado por integrantes do PL e do PSDB por compor, desde já, com o pré-candidato do MDB a governador, o vice-governador Daniel Vilela.

Jerônimo Siqueira tem razão quando diz que, ao se filiar ao MDB, não saiu da base que o elegeu. Alguns de seus parentes, como o ex-deputado estadual Wagner Siqueira, já eram filiados ao MDB.

A maioria dos prefeitos do PL está esperando apenas sinal verde do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, e de Daniel Vilela para mudar de partido.

IMG_6453
Márcio Correa fica no PL mas apoiará Daniel Vilela | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Muitos prefeitos do PL já abriram conversações com as lideranças do MDB, do União Brasil, do pP e do Republicanos — partidos da base governista. A debandada do PL será em massa, e muito em breve.

Observe-se que o prefeito de Novo Gama, Carlinhos do Mangão, vai lançar sua mulher, Joscilene do Mangão Martins, para deputada estadual, mas não pelo PL. O que é um claro sinal de que ele também não ficará no partido.

O prefeito de Morrinhos, Maycllyn Carreiro, do PL, estaria tentando se aproximar do governador Ronaldo Caiado. O intermediário seria o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (União Brasil), e do deputado Júlio Pina. (Carreiro tem apreço pelo governador, de quem já foi aliado.)

Há outros prefeitos do PL articulando filiação em partidos da base governista. É muito provável que Wilder Morais, se for candidato a governador, não ficará com nenhum prefeito. Ou ficará apenas com um ou dois.

Daniel Vilela, Carlinhos do Mangão e Joscilene Martins | Foto: Divulgação

O mais importante prefeito do PL, o de Anápolis, Márcio Corrêa, irá apoiar Daniel Vilela, de quem é amigo e aliados histórico. Sua ligação com Wilder Morais é recente. Ele entrou para a política pelas mãos de Daniel Vilela.

A defecção mais importante será, possivelmente, a do deputado federal Gustavo Gayer, do PL. O parlamentar, popular e prestigiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, será candidato a senador, provavelmente na chapa de Daniel Vilela e de Gracinha Caiado, candidata a senadora pelo União Brasil.

Político astuto, Gustavo Gayer sabe que, se for candidato fora da base do governador Ronaldo Caiado e de Daniel Vilela poderá até obter uma excelente votação, mas poderá ser derrotado por Gustavo Mendanha ou por Vanderlan Cardoso, ambos do PSD, para citar apenas dois exemplos.

Maycllyn Carreiro com o governador Ronaldo Caiado | Foto: Divulgação

Por adotar um discurso radical, Gustavo Gayer pode apresentar uma imagem de que é pouco racional. Mas não é assim. O deputado é racional e frio. Sobretudo, sabe que a política incentivada por Jair Bolsonaro não é a de Wilder Morais. Ou seja, o ex-presidente quer que o PL banque mais candidatos a senador e menos candidatos a governador. Ele quer subordinar interesses pessoais aos do partido. É um recado para o senador do PL em Goiás, que não estaria pensando nem em Gustavo Gayer, nem no vereador Major Vitor Hugo e muito menos nos prefeitos do partido, como Márcio Corrêa, Carlinhos do Mangão e, entre outros, Maycllyn Carreiro. (E.F.B.)