O senador Wilder Morais (PL) é, de certa maneira, mais empresário do que político. É dono de vários negócios, como o Shopping Bougainville (em sociedade), o Shopping Anápolis e, entre outros, a Construtora Orca. Em Goiânia, é dono de várias áreas, notadamente no Jardim Goiás.

Por ser empresário, até por uma questão de lógica, é defensor da livre iniciativa. A rigor, é um companheiro recente da direita, não é um bolsonarista de carteirinha. É, por assim dizer, mais um companheiro eleitoral do que ideológico do bolsonarismo, quer dizer, de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Gustavo Gayer, Major Vitor Hugo e Fred Rodrigues. Se havia a esquerda festiva, Wilder Morais é da esquerda queijos, vinhos e caviar. Noutras palavras, é da direita light, prêt-à-porter.

Então, por ser empresário — e, claro, senador (deve o mandato ao bolsonarismo) —, o que se espera de Wilder Morais? Que se poste na defesa dos empresários brasileiros, das causas nacionais. De todos eles: da indústria, da construção civil, dos serviços, da mineração e da produção rural.

Donald Trump: Wilder Morais seria súdito do “rei” dos Estados Unidos? | Foto: Reprodução

O tarifaço de Donald Trump prejudica o presidente Lula da Silva e o PT? A rigor, não. Pelo contrário, até fortalece, porque coloca — e até devolve — a bandeira nacionalista às mãos do petismo.

O tarifaço prejudica, isto sim, industriais brasileiros — de várias áreas — e os produtores de grãos, carne e minérios (vale lembrar que Goiás é produtor em várias áreas). Ou seja, aqueles que deveriam ser defendidos pelo empresário e senador Wilder Morais.

Entretanto, Wilder Morais aproveitou o 7 de setembro — quando o Brasil comemora sua libertação de Portugal (os Estados Unidos de 1822) —, não para defender o Brasil e sua Independência em relação às potências, como os EUA do presidente republicano Donald Trump.

Assim como o bolsonarismo-raiz, do qual ainda é um cipó e não um tronco, Wilder Morais se tornou mais um apóstolo do tarifaço de Donald Trump. Noutras palavras, por interesse político — e não, necessariamente, má-fé —, o senador está jogando contra os brasileiros e, naturalmente, os goianos.

Produtores rurais como Flávio Faedo, Paulo do Vale, José Mário Schreiner (presidente da importante Federação da Agricultura do Estado de Goiás, Faeg), Antonio Chavaglia (o notável presidente da Comigo, uma das maiores cooperativas de produtores rurais do país), Marcelo Suartz e Vitalli Cassol certamente não aprovam a retórica de Wilder Morais pró-Trump e Estados Unidos e anti-Brasil. É provável que até o produtor rural Lissauer Vieira, de Rio Verde, filiado ao PL, não tenha aprovado a fala anti-nacionalista dos bolsonaristas.

Por isso, é preciso saber: se, no presente, Wilder Morais está alinhado com Donald Trump, contra os interesses do Brasil e de Goiás, quando chegar 2026, se planeja disputar eleição, o que dirá aos eleitores? Não poderá dizer, é claro: “Aquele não era eu, era meu duplo”. Mas o senador não é, claro, o William Wilson do contista Edgar Allan Poe.