Waldir Soares deve ser o fenômeno que pode retirar Iris Rezende da disputa no segundo turno
27 junho 2015 às 17h06
COMPARTILHAR
Costuma-se acreditar que, em política, há favas contadas. Não há. Nunca houve. Mesmo assim, há analistas que sugerem, mais do que explicitam, que Iris Rezende, do PMDB — com 83 anos, a 17 anos de um século —, será eleito prefeito de Goiânia, em 2016, daqui a um ano e três meses.
Não é bem assim, é claro. Pois é preciso combinar com os “russos” — Vanderlan Cardoso, do PSB, Waldir Soares, do PSDB, Jayme Rincón, do PSDB, e Adriana Accorsi, do PT.
Com quatro ou cinco candidatos na disputa, dificilmente Iris Rezende será eleito no primeiro turno. Mais: pode não ir para o segundo turno, surpreendendo os analistas apressados. Como assim? Há um fenômeno eleitoral — ainda pouco examinado sem as viseiras do preconceito — em curso que pode ser uma barreira ao desempenho eleitoral do peemedebista-chefe. Trata-se do delegado de polícia e deputado federal Waldir Soares, que deve trocar o PSDB por outro partido, possivelmente o PTN, do qual assumiria a presidência em Goiás.
Há diferenças cruciais mas também um certo “parentesco” político entre Iris Rezende e Waldir Soares. O peemedebista tem prestígio e popularidade em Goiânia. Pode-se definir prestígio como popularidade cristalizada, ou como credibilidade estabilizada. É o prestígio que, quando a popularidade às vezes cai, mantém o político com o respeito da sociedade. A popularidade às vezes é circunstância — um dia se tem, noutro se perde. Waldir Soares, por enquanto, tem popularidade, mas ainda falta-se prestígio — respeitabilidade na sociedade civil.
Porém, não se ganha eleição apenas com prestígio — é seminal que se tenha popularidade, quer dizer, votos em quantidade suficiente para derrotar os adversários. No momento, segundo pesquisas incipientes — porque não há candidaturas definidas —, os três principais contendores são Iris Rezende, Vanderlan Cardoso e Waldir Soares.
Há um detalhe a ser examinado com atenção. Na periferia, onde está o voto popular — o mais disputado, porque a classe média não se conquista, pois vota como quer, com independência às vezes extrema —, Waldir Soares e Iris Rezende estão disputando os eleitores pau a pau, quase empatados. Redutos tidos como iristas, como a região Noroeste, estão sendo atacados com volúpia pelo delegado-deputado. O que salva o peemedebista, ao menos no momento, é que se sai melhor no eleitorado de classe média, que, apesar de considerá-lo “muito velho” — e isto pode ser um entrave às suas pretensões —, o avalia como “gestor qualificado”.
Entretanto, se o ataque de Waldir Soares for mais intenso, Iris Rezende terá de se preocupar. Porque, na disputa pelos votos da classe média, terá como rivais Vanderlan Cardoso e Jayme Rincón, apontados como gestores eficientes. Mesmo Adriana Accorsi (que, por ser delegada de polícia, tem certo apelo na periferia), apesar do desgaste do PT, pode ter uma votação expressiva na classe média.
O que concluir? Que Waldir Soares pode até não ser eleito, dada a falta de penetração na classe média, mas pode canibalizar Iris Rezende, contribuindo para retirá-lo do segundo turno. E, se isto acontecer, o delegado pode ser responsável por “puxar para cima” tanto Vanderlan Cardoso quanto Jayme Rincón — com um deles, ou os dois, indo para o segundo turno.


