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Há uma crise no PL de Goiás? Nos bastidores, sim. Para consumo público, não. Os líderes do grupo sabem manter as aparências — como em alguns casamentos.

O que se sabe é que o senador Wilder Morais é o presidente do PL em Goiás. Mas não tem a mesma força política, ao menos junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, do que o ex-deputado Major Vitor Hugo e o deputado federal Gustavo Gayer.

Jair Bolsonaro, Gustavo Gayer, Major Vitor Hugo e Wilder Morais | Foto: Divulgação de Gustavo Gayer

Antes de falar com Wilder Morais, Bolsonaro fala, pela ordem, com o amigão Major Vitor Hugo e, em seguida, com Gustavo Gayer. Até Ugton Batista às vezes é um dos interlocutores privilegiados.

A ressalta é que, no interior, Wilder Morais deita e rola. Porque tem uma estrutura a oferecer aos candidatos a prefeito do PL. Frise-se que o fato de o partido ter perdido alguns prefeitos para o União Brasil, recentemente, é atribuído à “imperícia política do senador”. Por sinal, outros prefeitos e vários vereadores do Partido Liberal estariam prestes a abandonar o barco — alguns deles, possivelmente, rumo ao MDB do vice-governador Daniel Vilela (que, como se sabe, assumirá o governo de Goiás no início de abril de 2026, daqui a dois anos e três meses. “Um pulinho”, como apreciam dizer os políticos).

Habilidoso e diplomático, Wilder Morais faz o possível para não brigar. Costuma convidar aliados e possíveis adversários para beber os melhores vinhos do mercado — todos importados — e comer comida de primeira linha, tanto em bons restaurantes de Brasília e Goiânia quanto em sua própria casa (ele é um chef de cozinha dos melhores — chega a preparar linguiças especialíssimas). Gente do bem, o senador não quer conflito com ninguém.

Mas há setores do PL desconfiados de que Wilder Morais gostaria de indicar Major Vitor Hugo para vice de Vanderlan Cardoso, pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSD. A rigor, o senador nunca disse isto, mas é o que se especula nos bastidores do PL.

O fator Gustavo Gayer

Gustavo Gayer: deputado federal pelo PL | Foto: Câmara dos Deputados

Ocorre que Gustavo Gayer opera, no momento, para ser o candidato do PL a prefeito de Goiânia. Sobretudo, ele está bem avaliado — no pelotão da frente. Não é um Max Verstappen (“posto” de Vanderlan Cardoso) nem um Sergio Perez (“posto” de Adriana Accorsi), mas, como terceiro, é uma espécie de Lewis Hamilton.

Se o PL tem um pré-candidato, eleitoralmente consistente — foi o segundo deputado federal mais votado em 2022, atrás apenas de Silvye Alves, do União Brasil —, por que cogitar, mesmo nos bastidores, uma aliança com Vanderlan Cardoso? Como se sabe, o senador do PSD é um dos interessados na cassação do mandato de Gustavo Gayer.

Por que o interesse de Wilder Morais em Vanderlan Cardoso — tanto que conversam com frequência? O senador do PL planeja disputar o governo de Goiás e, se puder contar com Vanderlan Cardoso — sobretudo se o senador do PSD for eleito prefeito de Goiânia —, se tornará um postulante relativamente consistente.

Wilder Morais sabe obviamente que o governador Ronaldo Caiado vai apoiar seu vice, Daniel Vilela, para governador, em 2026. Então, desde já, o senador está procurando outra turma.

Isto significa que Wilder Morais pode deixar Gustavo Gayer na chapada e forçar uma composição com Vanderlan Cardoso, indicando Major Vitor Hugo para vice? Não se sabe. O que se sabe é que Bolsonaro deu garantia de que o PL vai bancar Gustavo Gayer para prefeito.

O fator Marconi Perillo

Wilder Morais e Marconi Perillo: aliança para 2026? | Foto: Reprodução

Há uma pedra no caminho: o ex-governador Marconi Perillo, que tem sido muito elogiado por Vanderlan Cardoso — que já falou mal do tucano —, o que sugere a possibilidade de aliança em Goiânia.

Consta que o vice dos sonhos de Vanderlan Cardoso é mesmo Major Vitor Hugo, para obter o apoio do PL — partido que tem o maior fundo eleitoral e tempo de televisão —, mas ele pode acabar aceitando a vereadora Aava Santiago (PSDB) como vice.

O tucano-chefe teria oferecido para vice o jornalista Matheus Ribeiro (PSDB), um jovem tão articulado quanto a jovem parlamentar, mas ele teria o veto tanto do senador quanto de setores de igrejas evangélicas que o apoiam. (E.F.B.)