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O presidente do PSD diz que haverá alguma renovação para deputado, mas, por causa das emendas, pode ser menor do que se espera

Aos 71 anos, o ex-deputado federal Vilmar Rocha, presidente do PSD, faz política há quase meio século. Ao contrário de outros políticos, mesmo quando não tem mandato, permanece como líder e é ouvido por lideranças de vários partidos. Ele é respeitado porque é um formulador, um articulador hábil e um intelectual, mas dos pragmáticos, e não dos nefelibatas.

Político moderno, atilado, não tem interesse pelo disse-me-disse e a fulanização. Aprecia o debate de ideias e as articulações políticas que tenham grandeza. Observador da cena política, sabe explicá-la, não só pelo olhar da experiência, mas também pela percepção aguda do que é novo ou não. No momento, uma coisa o intriga.

“Nunca vi tanta indecisão quanto às filiações partidárias. E participo de eleições há quase meio século. O motivo é a mudança da legislação eleitoral, que acabou com a coligações partidárias proporcionais. Demorou a cair a ficha dos pré-candidatos e dos partidos a respeito de que as regras haviam mudado. Agora todo mundo tem de se preocupar com a montagem da chapa para deputado estadual e para deputado federal. Antes, era menos complicado: o candidato entrava numa chapa e, digamos assim, era ‘carregado’ pela coligação. Porém, na eleição de 2022, cada partido precisa ter chapa própria. Outra razão é o fundo eleitoral. Há políticos, não todos, que escolhem o partido ao qual filiar devido ao que lhes prometem, em termos financeiros, para a campanha. Cada candidato quer ter um quinhão a mais do fundo eleitoral. Há ainda um terceiro motivo. Os deputados federais, com suas emendas, que são valiosas para os municípios, praticamente ‘fidelizam’, por assim dizer, a maioria dos prefeitos, notadamente das cidades mais carentes de recursos. A tendência é que a renovação no Parlamento seja menor do que alguns imaginam. A competição com quem já está na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados é muito difícil — o que, por vezes, reduz o surgimento de novos candidatos consistentes”, disserta o ex-deputado por várias legislaturas. O Orçamento Secreto desequilibra ainda mais o jogo em favor dos parlamentares aquinhoados com benefícios.

Vilmar Rocha: presidente do PSD em Goiás | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

Inquirido sobre a chapa de deputado federal pelo PSD, Vilmar Rocha disse que, assim como os outros partidos, o que dirige ainda está formatando a sua. “Mas nós já temos bons nomes, como Francisco Júnior, Camila Rosa, Sabrina Garcez e Priscilla Tejota. O secretário da Saúde, Ismael Alexandrino, pode ser candidato pelo PSD. Há outros nomes, é claro, mas vamos esperar um pouco para anunciá-los.”

Há uma história recorrente, talvez uma fofoca, de que Francisco Júnior vai deixar o PSD, a caminho do União Brasil. “Não se estabelece qualquer diálogo com quem espalha fofoca, porque não há parâmetro intelectivo mínimo. Francisco continua no PSD e está ajudando a organizar a montagem da chapa. Lissauer Vieira, que vai se filiar ao partido, também está nos ajudando.”

Perguntado sobre Henrique Meirelles, se vai mesmo disputar o Senado, Vilmar Rocha disse: “Aprendi uma coisa em política — mesmo o líder não deve arvorar-se a ser porta-voz de todos os seus aliados. Portanto, Meirelles, ao se apresentar na próxima semana, certamente vai esclarecer sua posição. Como se sabe, ele é um homem de valor, que tem experiência”.

Vilmar Rocha diz que Lissauer Vieira vai se filiar ao PSD na terça-feira, 29, na sede do PSD, em Goiânia. “Em abril, quando passar o prazo de filiação, o PSD fará uma reunião, em Goiânia, com todos os candidatos a deputado federal e estadual. Em seguida, faremos um encontro em Rio Verde, com a participação de líderes das cidades vizinhas, com Lissauer.”