Quando se filiou em junho, Gustavo Mendanha recebeu a complexa missão de colaborar com a formação de chapas de um partido conflagrado em disputas internas. Em 2024, o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no Brasil, mas, em Goiás, fez apenas três prefeitos, e um deles já se foi. Dadas as contingências, a dificuldade era esperada; colegas do partido ouvidos afirmam que, desde o primeiro momento, o diálogo entre o ex-prefeito de Aparecida e o presidente da sigla no estado, Vanderlan Cardoso, era precário. 

Não que Mendanha não tenha cumprido seu papel. Para a montagem das chapas, ele conversou com muitos interessados no PSD, com e sem mandato, e repassou nomes à Samuel Almeida, deputado estadual, e Ismael Alexandrino, deputado federal. Agora, se aguarda a vinda a Goiânia do presidente nacional Gilberto Kassab para verificar o que o PSD pode oferecer em termos de plataforma de campanha, e então bater martelos.

O problema pode ter sido a natureza dos nomes arregimentados por Mendanha. Ele, que esteve com Daniel Vilela (MDB) em agenda nesta sexta-feira, 7, tem proximidade com a base do governo. Talvez Vanderlan, que tem forma diferente de articular, não pretenda entregar a sigla tão facilmente à base. Em sua perspectiva, compor com a base pode depender de indicar um vice, por exemplo. 

Como consequência da insegurança que o PSD apresentou na hora de ir para a base, membros de peso, como o deputado estadual Wilde Cambão, buscaram integração mais garantida com Caiado — se especula que Cambão pode ir para o UB. A janela partidária vai de 5 de março a 6 de abril de 2026; até lá, é cedo para afirmar quem vai para onde, mas cabe analisar as tendências. Ismael Alexandrino, por exemplo, se aproximou de Gustavo Gayer (PL) e pode ir para o Partido Liberal, mas isso também pode mudar se houver união entre PL e a base UB-MDB. 

A dificuldade de montar chapas existiria de toda forma, pois, para eleger um deputado federal pelo PSD, o a quantidade mínima de votos para se atingir o quociente eleitoral é de 180.621. Soma-se a isso a disputa por espaços do senador Vanderlan e do pré-candidato a senador Mendanha (que também almeja a vice de Daniel). Aqui também, desde um primeiro momento, aliados aguardam a disputa incandescer. 

Agora, com a possível ida de José Mário Schreiner para o PSD, o espaço fica ainda mais apertado. No partido, todos concordam que Zé Mário é nome de peso e que seria um vice ideal; para Mendanha então, a única conformação em que tudo se ajusta é aquela em que Vanderlan aceita deixar o Senado para concorrer à deputado federal. Quanto à suposta aproximação com Marconi Perillo (PSDB), membros do PSD afirmaram: “informação plantada, não sei de onde veio isso”.
(ICW)