O prefeito de Goiânia mostra que não ouve a jovem guarda do Paço Municipal, como o secretário Luiz Felipe Gabriel

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De um vereador do PMDB: “Iris Araújo está sugerindo, invertendo o que disse a rainha francesa Maria Antonieta, que, se não tem brioches, que o populacho coma pão”.

A ironia do vereador quer dizer simplesmente que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), marido de Iris Araújo (PMDB), não tem um projeto moderno para a cidade. Não fala, por exemplo, na atração de um polo de informática para a capital. Prefere articular mutirões, uma ideia de origem campesina — consta, por sinal, que o alcaide vendeu lenha no município, ao lado de seu irmão Orlando Carneiro —, mas não pensa em projetos de modernização, como colocar internet grátis em toda a cidade.

Iris Rezende seria capaz de organizar um festival de rock ou de jazz? Possivelmente, não. É provável que nunca tenha ouvido falar na cantora Billie Holiday. Jimi Hendrix? Nem pensar.

A doação de pães parece um programa social até saudável — apesar do evidente caráter assistencialista —, não fosse o fato de que Iris Araújo planeja ser candidata a deputada federal em 2018. A horta criada pela primeira-dama, ou primeira-ministra, é uma coisa mais retrógrada do que vintage. Por que a prefeita-adjunta não faz uma escola de balé, uma escola de música ou uma escola de informática em alguns bairros pobres de Goiânia? Simples: políticos tradicionais não acreditam que pessoas pobres apreciam (e precisam de) arte e de qualificação profissional — e por isso avaliam que o “problema” deles é só comida. É uma visão tacanha, primária e limitadora do ser humano.

O cinema exibiu, há algum tempo, o filme “De Volta Para o Futuro”, com o ator Michael J. Fox. Pois, se Iris Araújo e Iris Rezende fossem atores, protagonizariam o filme “De Volta Para o Passado”. Os dois políticos não dão respostas à Goiânia moderna, não demonstram que são contemporâneos dos habitantes da cidade. Parecem que estão fora do tempo. Perderam o timing e a identidade com os goianienses.

Não há dúvida de que o secretário de Comunicação, Luiz Felipe Gabriel, é moderno e, cultor das pesquisas, sabe quem é o goianiense. Mas que ele não consiga influenciar o casal Iris, levando-o a adotar programas modernos e menos politiqueiros, é um sinal de que a velha guarda se recusa a ouvir a jovem guarda. Há também o fato de que alguns jovens que participam da gestão municipal são, em termos de ideias, tão velhos quanto Iris Rezende. Eles são influenciados pelo prefeito, mas não conseguem influenciá-lo. A impressão que se tem é que os jovens — e alguns deles têm valor — que participam da gestão do peemedebista são figuras meramente decorativas. Verdadeiros adornos para passar a imagem de que a gestão é jovem e inovadora. Jovens alguns secretários são, mas a gestão, infelizmente para os moradores da cidade, não é inovadora.

Depois de quase seis meses de gestão, fica-se com a impressão que Goiânia está funcionando no piloto automático. Quando será que os goianienses poderão dizer, de maneira enfática: “Habemus prefeito!”