Sorgatto, Daniel, Cristiomário, Lucas e Pábio Mossoró: grandes vitoriosos do Entorno de Brasília

22 novembro 2020 às 00h00

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Delegado Cristiomário derrotou o poder econômico de Planaltina. Em Valparaíso a criatura devorou a criadora
Há vários vitoriosos mais importantes na disputa pelas prefeituras do Entorno de Brasília. Mas cinco merecem figurar na galeria dos grandes vitoriosos: Daniel do Sindicato, Delegado Cristiomário, Diego Sorgatto, Lucas Antonietti (Dr. Lucas da Santa Mônica) e Pábio Mossoró.

Em Cristalina, o prefeito Daniel do Sindicato, do Democratas, enfrentou duas pedreiras, o Dr. Osório (segundo colocado), do PSC, e o ex-prefeito Luiz Carlos Attié (terceiro colocado), do Podemos. Venceu todos, obtendo 44,96% dos votos.
Com o apoio do governador Ronaldo Caiado e do deputado federal José Mário Schreiner, Daniel do Sindicato operou com eficiência e superou os desgastes naturais de ter passado quatro anos à frente do Executivo municipal.

Delegado Cristiomário, do PSL, enfrentou a força do poder econômico dos grupos do presidente nacional do PROS, Eurípedes Júnior, e da deputada Magda Mofatto. Apoiado pelo deputado federal Delegado Waldir Soares, presidente do PSL em Goiás, ganhou a eleição, com 33,24% dos votos. Foi a vitória da determinação. Carlinhos do Egito (PROS), com uma imensa estrutura bancada por Eurípedes Júnior, ficou em terceiro lugar, com 32,12% dos votos. O segundo colocado é Professor Zenilton, do PL. Em Planaltina de Goiás o tostão, Cristiomário, derrotou os milhões. O que prova a consciência do eleitor de que era preciso apostar na mudança.

Luziânia era considerado um “feudo” (uma “hacienda”) do prefeito Cristóvão Tormin. Seus aliados costumavam dizer: “Cristóvão elege até uma pedra”. A força do poder econômico e as pressões funcionaram ao menos em dois pleitos. Mas, quando o povo quer mudar, ninguém o segura. Diego Sorgatto, do partido Democratas, foi eleito com 57,16% dos votos. O segundo colocado, Wilde Cambão (PSD), ficou bem atrás, com 19,89%. Em seguida, veio Professora Edna Aparecida (Podemos), com 18,01%.
Juntos, Cambão e Professora Edna obtiveram 31.870 votos, ou seja, Diego Sorgatto teve 16.191 votos a mais do que os dois somados. O democrata foi bancado por 48.061 eleitores. Mais do que uma vitória, foi uma surra eleitoral.

Lucas Antonietti, do Podemos, foi eleito prefeito de Águas Lindas, numa disputa apertada. Ele obteve 47,61% dos votos, contra Wilson do Tullio, do Democratas, que conquistou 47,56%. A diferença foi de 35 votos. A frente articulada contra o médico era poderosa, sobretudo porque o prefeito Hildo do Candango é um dos mais bem avaliados do Entorno de Brasília. Isto sugere que a vitória do postulante do Podemos é mais emblemática do que parece. Não parece, mas, antes a máquina posta à disposição de Wilson do Tullio, a vitória de Dr. Lucas tem de ser considerada maiúscula.
Uma das vitórias mais expressivas foi a Pábio Mossoró (MDB), em Valparaíso de Goiás. A postulante do PSDB, a deputada Lêda Borges, havia espalhado que venceria com facilidade, sugerindo que a “criadora” iria engolir a “criatura” na disputa eleitoral de 2020. Se ela considera a “deusa” da política do município. Humilde, Pábio decidiu que não iria entrar em guerra contra a parlamentar. Pelo contrário, decidiu trabalhar ainda mais e estreitar os laços com a sociedade e com os grupos políticos que não simpatizam com a tucana (que tem a fama de brigar com todo mundo).

Aos poucos, quando foram divulgadas as primeiras pesquisas, Lêda Borges assustou-se, mas não Pábio. Ele estava em primeiro lugar, em todas as pesquisas idôneas. A deputada chegou a pensar em desistir, mas, sob pressão do ex-governador Marconi Perillo, permaneceu no páreo. Resultado das eleições: Pábio obteve 51,40% dos votos (29.241 votos). Lêda Borges ficou bem atrás, como 36,14% (e apenas 20.559 votos).
A vitória de Pábio mostra que a determinação é fundamental tanto na vida quanto na política. Ele resistiu às pressões e a criatura acabou por “devorar” a criadora. Para Lêda Borges fica a lição de que não se subestimar os adversários nem tratar as pessoas com arrogância e mau humor.
Em 2022, Lêda Borges terá dificuldade para se reeleger. Por ter disputado mandato de prefeita, deu a entender que não estava satisfeita na Assembleia Legislativa, ou seja, não se preocupou com aqueles que às vezes abdicaram de projetos pessoais para apoiá-la na eleição de 2018. O general Golbery do Couto e Silva, um grande especialista em geopolítica, costumava sugerir que no bojo de uma derrota quase sempre se terá outra derrota. Pode ser o caso da parlamentar. Frise-se que Pábio Mossoró deve lançar um candidato a deputado estadual para representar Valparaíso. “No fundo, Lêda Borges representa apenas a si mesma”, afirma um vereador.