Só se justifica mudar o nome do PMDB pra MDB se for possível ressuscitar Ulysses e Tancredo

19 agosto 2017 às 09h16

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“Mudar” o nome do partido mas manter Romero Jucá, Renan Calheiros, Edison Lobão e Jader Barbalho equivale a não mudar

Em quaisquer listas de políticos fisiológicos, que não representam a sociedade e sim os próprios interesses ou de grupos, figuram protagonistas do PMDB, como os senadores Romero Jucá, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Edison Lobão e o ex-presidente José Sarney. Não tem Lobinho Mau, não. As raposas imperam — tanto as “felpudas” quanto as “bolsudas”.
Pois Romero Jucá e outros políticos do PMDB, como Renan Calheiros, descobriram que o partido está em baixa não por causa deles, e sim devido ao seu nome; mais precisamente, à letra “P” (coitada!), que representa partido. Portanto, retirado o “P”, com a legenda voltando a ser apenas Movimento Democrático Brasileiro, ou MDB, o partido estará reinventado. Não se trata, claro, tão-somente de uma artimanha de peemedebistas. Há, na lida política, o Podemos, o Avante — entre outras contrafações.
Na verdade, a mudança de PMDB para MDB não significa nada, exceto para os jornais, que gastarão um pouco menos de tinta e papel. Mas, para os eleitores, continuará tudo igual. Os políticos continuarão os mesmos — os indefectíveis Jader Barbalho, Eunício Oliveira, Romero Jucá e Renan Calheiros, varões de Plutarco, digamos, “invertidos”.
A retomada da sigla MDB — que lembra a verdadeira batalha travada pela redemocratização do país, com a participação de líderes corajosos e responsáveis (muito mais do aqueles que participaram das guerrilhas, que só serviram mesmo para “endurecer” a ditadura civil-militar) — só faria sentido se fosse possível ressuscitar figuras políticas exponenciais como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Henrique Santillo, Fernando Cunha, Alencar Furtado, José Richa, Francisco Pinto, Marcos Freire, Fernando Lyra e Franco Montoro. Como não é, e os eleitores têm de olhar, não para as fotografias dos que morreram e se tornaram história, e sim para as imagens unidimensionais das “raposas” Romero Jucá, Eunício Oliveira e Renan Calheiros, o Trio Parada Rica, é mais saudável e econômico manter o “P” de PMDB.
Vale a pena anotar um trecho da magnífica música “Como nossos pais”, de Belchior: “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos/Ainda somos os mesmos e vivemos/Como nossos pais”. Mudar com Romero Jucá e Renan Calheiros, além de Jader Barbalho, Eunício Oliveira e outros igualmente “afortunados”, é sinônimo de não mudar. Não há políticos “bobos”, mas, se pensam que ainda enganam os eleitores, por certo perderam, de vez, o senso.
A mudança de nome não é mera hipocrisia. É um acinte com a história do partido que combateu a ditadura e lutou pela redemocratização do Brasil.