Só falta Rogério Cruz no Exército de Brancaleone de Marconi Perillo
02 dezembro 2025 às 16h30

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A eleição para governador de Goiás será disputada daqui a dez meses — no dia 4 de outubro de 2026. Como se diz em Jataí, Palmeiras de Goiás e Taquaral de Goiás, um verdadeiro pulinho.
No momento, há três nomes se colocando para a disputa: Daniel Vilela, do MDB, Marconi Perillo, do PSDB, Wilder Morais, do PL. O PT pressiona o vereador Edward Madureira para ser candidato a governador (logo agora, quando tem chance de ser eleito deputado federal, o partido o “castiga” com uma promessa vã — ou seja, será candidato para gerar palanque para o presidente Lula da Silva).
Daniel Vilela é vice-governador. Há pelo menos quatro políticos consistentes cotados para a vice: Adriano da Rocha Lima (um técnico que ama política); José Mário Schreiner, presidente da Faeg, Luiz Carlos do Carmo, ex-senador (apoiado pela Assembleia de Deus), e Paulo do Vale, ex-prefeito de Rio Verde. No fundo, há outros nomes.
Para o Senado, há pré-candidatos sobrando na base de Daniel Vilela: Gracinha Caiado, Vanderlan Cardoso, Gustavo Mendanha, Paulo do Vale, entre outros. Há, inclusive, a possibilidade de o deputado Gustavo Gayer, do PL, ser candidato a senador na chapa do emedebista. E, claro, o postulante do MDB conta com o apoio, não de um cabo, e sim de um “general” eleitoral — Ronaldo Caiado, do União Brasil, um dos governadores mais bem avaliados do país. Além de contar com uma legião de prefeitos — inclusive do PL — em todas as regiões do Estado.
Wilder Moraes é senador e apresenta-se como pré-candidato a governador. Conta com a vantagem de manter ligação com o bolsonarismo, ainda que, a rigor, não seja bolsonarista. Tanto que o bolsonarismo reluta em apoiá-lo. No momento, não tem vice nem candidatos a senador. Ou melhor, tem um candidato a senador — Gustavo Gayer. Mas o deputado tem zero entusiasmo com a candidatura do empresário. Porque não aprecia a ideia de um candidato-figurante.
Marconi Perillo, ex-governador, é um profissional da política. Mas, a rigor, não tem conseguido nem apoio novo nem apoio consistente eleitoralmente. Na realidade, é mais do mesmo. Na linha de frente de sua infantaria estão Jardel Sebba e Jayme Rincon — tão novos quanto Matusalém e Nero.

Nos últimos dias, o marconismo anunciou o apoio de dois nomes com fanfarra e violino desafinados: Henrique Arantes, ex-deputado estadual, e o deputado federal Jeferson Rodrigues.
Se estiver disposto a uma “guerra de mentira” — drôle de guerre —, então seu Exército de Brancaleone é, por assim dizer, “positivo”. É exército para fazer figuração — não para ganhar.
O fato é que Marconi Perillo não está montando um exército eleitoral novo. Pelo contrário, está montando um exército com a turma da “reserva” — os jubilados pelos eleitores.
Veja-se o caso de Henrique Arantes. Em 2022, candidato a deputado pelo MDB obteve 0,75% dos votos válidos e foi derrotado. Passou a sobreviver como “rémora” nas estruturas articuladas pelo governismo. Por exemplo, na Assembleia Legislativa de Goiás, sob a sombra frondosa da gestão de seu presidente, Bruno Peixoto, do União Brasil. (Até poucos dias, Arantes, filho de Jovair Arantes, era apresentado como possível candidato a deputado federal pelo PRD.)

Depois, deixou Goiânia e migrou para Senador Canedo. Tentou ser candidato a prefeito, mas, apontado como paraquedista, acabou expurgado. Não foi nem mesmo candidato a vereador. Mas nem falava em sair do MDB. Só agora resolver revelar o que é: um chupim disfarçado de tucano.
Henrique Arantes aderiu a Marconi Perillo, ou melhor, voltou ao ninho onde estão seu pai e outros da velha guarda dos negócios. Na verdade, era um intruso “interessado” na base de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. Na verdade, quem o perdeu saindo ganhando.
Jeferson Rodrigues foi eleito deputado com 56.791 votos e ficou entre 15º lugar (entre 17 eleitos). Só foi eleito porque a votação do Republicanos — os votos de legenda — o carregou.
Com uma atuação apagada em Brasília, Jeferson Rodrigues foi chamado recentemente pelo Republicanos e informado que não será candidato a deputado federal (o candidato será Ricardo Quirino). A Igreja Universal também o expurgou. Sem ter para onde ir, o “rejeitado” parlamentar marchou para o lado do Exército de Brancaleone de Marconi Perillo. Se ele mudar de ideia amanhã, que ninguém estranhe. Ele é visto como o “rei” da hesitação.
Qual o político realmente de peso Marconi Perillo conquistou até agora? Nenhum. Fala-se no deputado federal Zacharias Calil, que tem articulado com Wilder Morais. Vale dizer que sua votação caiu de 151.508 votos, em 2018, para 87.919 (perdeu 63.589 votos), em 2022. Se não fosse a votação gigantesca de Silvye Alves — 254.653 (166.734 votos a mais do que a do médico) —, não teria sido eleito.
Na ânsia para anunciar apoios, Marconi Perillo não tem se preocupado com algo essencial na política: numa campanha eleitoral, sobretudo para governador, é preciso buscar quem realmente agrega e tem voto.
Então, se seguir no mesmo caminho, que ninguém estranhe se, daqui a pouco, Marconi Perillo anunciar o apoio “inestimável” do ex-prefeito de Goiânia Rogério Cruz. O político que mandava na Prefeitura de Goiânia (na gestão de Cruz), Jovair Arantes, pai de Henrique Arantes, já é cabo do exército marconista. Tudo a ver, portanto. (E.F.B.)
