Sem Bruno no páreo para a Prefeitura de Goiânia, dará tempo de montar outro exército eleitoral?

21 janeiro 2024 às 00h33

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O secretário de Infraestrutura do governo de Goiás, Pedro Sales, do União Brasil, pode ser candidato a prefeito de Goiânia? Pode.
A empresária Ana Paula Rezende (MDB), filha de Iris Rezende, pode ser candidata a prefeita de Goiânia? Pode.
O empresário Jânio Darrot, do MDB (supostamente a caminho do União Brasil), pode ser candidato a prefeito de Goiânia? Pode.
A deputada federal Silvye Alves, do União Brasil, pode ser candidata a prefeita de Goiânia? Pode.
Só o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Bruno Peixoto, do União Brasil, não pode ser candidato a prefeito de Goiânia (como a bailarina da música de Chico Buarque, que nada pode)?
Não é bem assim. De fato, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, precisa de Bruno Peixoto no comando da Assembleia. Porque gera confiança para o governo, sobretudo porque o líder do União Brasil vai começar uma peregrinação pelo país para se apresentar como possível candidato a presidente da República.
Como político hábil, atento à realidade, Ronaldo Caiado não quer ser surpreendido por vetos aos seus projetos ou então por projetos de deputados que, a rigor, prejudicam não ele como pessoa física, e sim ao governo e, portanto, aos goianos. Com sua capacidade de liderança, Bruno Peixoto é um aliado leal e preciso no comando da Alego.
Ainda assim, vale discutir uma questão central. A eleição para prefeito de Goiânia será realizada daqui a oito meses — parece muito tempo, mas é um pulinho. Tanto que na maioria das capitais os nomes já estão definidos e as pré-campanhas — que, a rigor, são campanhas — já estão na ruas e nas redes sociais (as ruas digitais).
Dos políticos citados acima, todos de alta categoria, quem já está nas ruas, com um exército preparado para pedir votos e com alianças políticas consistentes? Nenhum, exceto Bruno Peixoto — um político jovem que não dorme no ponto.
Quem realmente faz a campanha de um candidato a prefeito, quais são seus principais cabos eleitorais? Os vereadores e candidatos a vereador — são eles que põem a campanha nas ruas, que pedem votos, que vão para corpo a corpo (aquele que, em disputa majoritária, se iludir com campanha só na internet vai dançar a valsa do adeus).
Pois Bruno Peixoto conta com o apoio de quase 30 vereadores. Ao todo são 35. Dezenas de pré-candidatos a vereador já estão acompanhando seu projeto político.
Líderes evangélicos e católicos estão hipotecando apoio à pré-candidatura de Bruno Peixoto. E não há como alguém ser eleito na capital se não conquistar ao apoio de lideranças religiosas. Claro, o postulante do União Brasil não terá o apoio de todos eles. Mas, neste momento, é visto com mais simpatia pelos religiosos do que o próprio Vanderlan Cardoso, que se apresenta como evangélico. Como o senador do PSD se aproximou de Lula da Silva e de Adriana Accorsi, ambos do PT, centenas de religiosos, notadamente os evangélicos (Vanderlan Cardoso não tem apoio substancial entre católicos), se afastaram dele. (O fato é que Vanderlan Cardoso fortalece Adriana Accorsi e a deputada o enfraquece. Por isso há quem diga que o senador está com pinta de que não será candidato a prefeito.)
Pense nas lideranças empresariais de Goiânia. A maioria está comprometida com Bruno Peixoto, porque o considera confiável e defensor da livre iniciativa.
Então, quem já tem um exército montado para a disputa da Prefeitura de Goiânia é Bruno Peixoto. Entretanto, como a bailarina de Chico Buarque, ele não pode ser candidato? Só ele? Dará tempo para articular outro exército, com outro candidato, que terá de refazer todas as etapas? Talvez sim. Talvez não. Abre-se uma oportunidade para os pré-candidatos do PT, Adriana Accorsi — que terá o presidente Lula da Silva na sua campanha —, e do PSD, Vanderlan Cardoso, que, embora isolado, não é nenhuma galinha morta. (E.F.B.)