Há quem postule que a chapa de oposição terá José Eliton para governador, Wolmir Amado na vice e Perillo para senador

Há um fato que está incomodando — e muito — as oposições em Goiás.

Em 1998, Iris Rezende, candidato a governador, estava no topo dos topos — com 74% das intenções de voto. Aos poucos, foi caindo, o que aumentou a expectativa de poder do então oposicionista Marconi Perillo, de 35 anos (em março fará 59 anos).

Gustavo Mendanha e Marconi Perillo: se o primeiro desistir da disputa pelo governo de Goiás, o segundo poderá ir para o sacrifício | Divulgação

Porém, com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, está ocorrendo o oposto. Neste momento, depois de um período de estabilidade, o gestor estadual está melhorando seus índices nas pesquisas de intenção de voto — com a possibilidade de ser reeleito no primeiro turno. Este é o fato que está incomodando as oposições.

Uma pesquisa (dita “semi-qualitativa”) que circulou em Goiânia, na semana passada, mostra que três questões são decisivas para a elevação da popularidade de Ronaldo Caiado. Primeiro, a ideia de que se preocupa com gente, de que é humano. Segundo, o forte investimento no social, criando uma rede de proteção para os pobres num momento difícil para o país, com inflação alta e desemprego. Terceiro, a imagem de político decente e sem nenhum arranhão. “Não é fácil superar um governador que, a sete meses das eleições, começa a crescer, e de maneira sustentável, porque seus eleitores sugerem que ‘não mudam o voto’”, admite um tucano.

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, estaria “desanimado”. Numa reunião com auxiliares do núcleo duro da prefeitura, o ex-emedebista — que até agora não conseguiu se filiar em nenhum partido, e tende a se filiar à “ong” Patriota — teria dito que teme não disputar e ficar com a imagem de “fujão” e, por isso, ficar “desmoralizado”. Um auxiliar contrapôs, segundo uma fonte, que é melhor ficar com a imagem temporária de “fujão” (a de realista tende a prevalecer) do que perder a prefeitura com o segundo maior orçamento de Goiás. Ele postula que uma disputa sem estrutura, com escasso apoio, não passa de uma aventura. “Os deputados Magda Mofatto, do PL, e Professor Alcides Ribeiro, do PP, podem ser reeleitos, porém, Gustavo pode ficar chupando o dedo”, assinala.

Wolmir Amado e Marconi Perillo: cada vez mais próximos| Foto: Reprodução

Mas, afinal, Mendanha pode realmente desistir? Ele ainda tenta conseguir o apoio do PP, o que está cada vez mais difícil, considerando que nenhum prefeito do partido quer acompanhá-lo. A rigor, o único político do Progressistas que articula com Mendanha é o presidente da legenda, Alexandre Baldy. Na semana passada, o ex-ministro confirmou ao Jornal Opção que recebeu Mendanha em seu apartamento, no Edifício Excalibur, no Setor Marista, para um jantar. A conversa, no jantar e na sobremesa, se resumiu a duas questões. Primeiro, Mendanha vai mesmo disputar mandato de governador? Há quem acredite que não — que ainda lhe falta pegada para uma disputa de tal magnitude. Segundo, o sem-partido apoiaria Baldy para senador?

No tucanato, acendeu-se a luz amarela. Há quem postule que Mendanha, ante o fracasso de não obter o apoio de um partido sólido — o PL e o Podemos teriam dispensado o prefeito —, poderá declarar, no dia 2 de abril, que ficará na prefeitura. Será o dia do “Fico”, acredita-se. Ressalve-se que o ex-emedebista continua dizendo que “será” candidato a governador. O problema é que poucos acreditam nisto. Talvez nem ele mesmo, que é visto como “inseguro” e “desconfiado” por possíveis aliados.

Se Mendanha sair do páreo, o que fará o tucano Perillo? Membros do PSDB afirmam que Perillo deveria disputar mandato de senador, porque, se eleito, teria a “proteção” de oito anos — daí poderia disputar o governo em 2026. Como senador — com as emendas, e sua capacidade de articulação —, poderia se tornar um player, dos mais fortes, para a eleição de 2026. Porém, se disputar o governo, e for derrotado, ficará, não quatro, e sim oito anos longe do poder — o que o enfraquecerá para a disputa eleitoral seguinte.

Porém, se Mendanha desistir da disputa, talvez não reste a Perillo disputar o governo? Ele quer de fato? Não. Consta que Jayme Rincón e um grupo de empreiteiros querem Perillo disputando o governo. Entretanto, no seu círculo íntimo, que inclui a ex-primeira-dama Valéria Perillo, defende-se que o tucano seja candidato a deputado federal ou, sobretudo, a senador.

Há a possibilidade de Perillo compor com o PT. O petismo poderia lançar Wolmir Amado para governador (há resistência ao seu nome no PT, porque não é visto como um nome forte e que “puxa” votos para candidatos a deputado federal e estadual), com o tucano disputando a vaga de senador. É possível? É. Chega-se a falar, inclusive, que o nome preferido do PT para o governo é José Eliton. A chapa ficaria assim: José Eliton para governador, Wolmir Amado na vice e Perillo para senador.

O candidato do PT a presidente da República, Lula da Silva, teria dito para dois petistas goianos que Perillo fechou um acordo de que o apoiará no primeiro e, se houver, no segundo turno. Mas que uma aliança terá de ser feita com o PT em Goiás.