Quem vai ganhar os votos de Gustavo Gayer: Fred, Mabel ou Vanderlan?

07 julho 2024 às 00h00

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Eis a pergunta de 1 milhão de euros: quem vai herdar os votos de Gustavo Gayer, do PL, o deputado federal que desistiu de ser candidato a prefeito de Goiânia, abrindo espaço para Fred Rodrigues, do PL?
Quem conseguir respondê-la a contento ganhará 2 milhões de euros? Não há, claro, como respondê-la sem pesquisas quantitativas. Há notícias de pesquisas feitas por telefone, mas não se fala em nenhuma pesquisa registrada. Sabiamente, os dirigentes de institutos estão esperando sedimentar, nos eleitores, a informação de que Gayer não é mais pré-candidato e que o nome agora é o de Fred Rodrigues (que é um ilustre desconhecido).

Então, vamos operar com especulações, ou seja, com hipóteses. Porque, sem pesquisas, não há certezas.
Gayer aparecia com cerca de 20% das intenções de voto — às vezes mais, às vezes um pouco menos. Estava bem ranqueado. Com sua saída, os votos tendem a serem distribuídos não apenas para um candidato, e sim para pelo menos três.
Há quem postule que Fred Rodrigues vai aparecer com pelo menos 10%. Mas há quem avalie que ficará aquém de 10%. Porque seu nome, para crescer, precisará ser conectado tanto ao bolsonarismo quanto a Gayer. Enquanto isto não acontecer, acredita-se, poderá ficar patinando — atrás de Adriana Accorsi, do PT, de Vanderlan Cardoso, do PSD, e até de Sandro Mabel, do União Brasil. Os 10%, se os tiver, serão transferências de voto de Gayer.
Adriana Accorsi provavelmente não herdará nada dos apoiadores Gayer. Porque o deputado tem muitos votos, digamos, ideológicos, dos eleitores que apoiam a direita. Naturalmente, tal eleitorado não vai migrar para uma pré-candidata de esquerda. Pode conquistar alguns não-radicais, mas poucos. Porque o eleitorado de Gayer parece que é altamente ideológico, e até fidelizado, por assim dizer.

A tendência é que parte dos votos de Gayer seja transferida para Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel, que são políticos de centro-direita. Ou seja, no básico, não diferem, no espectro ideológico, do parlamentar do PL.
Há um conflito entre Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer, mas os eleitores sabem disso, têm compreensão precisa do motivo da briga — que já chegou à Justiça (o senador processa o deputado)? É provável que não.
Mas muitos eleitores de Gayer, sobretudo os mais radicalizados, sustentam que, ao se aproximar do presidente Lula da Silva — mantém inclusive o aliado Abelardo Vaz na Codevasf em Goiás —, Vanderlan Cardoso afastou-se a direita. Na visão dos gayeristas, o senador do PSD seria leal não à ideologia, portanto à direita, e sim aos próprios interesses. Por isso, é visto como “governista”. Os bolsonaristas o chamam, em Brasília, de “direita vermelha”, quer dizer, petista.
Com todos os problemas apontados, Vanderlan Cardoso ainda tende a absorver parte dos votos dos eleitores que apoiam (não dos seguidores de) Gayer.
Se Fred Rodrigues tende a absorver a maior parte, qual será o segundo colocado em termos de absorção de votos? Não dá para saber. Por isso é preciso esperar alguma pesquisa do Opção Pesquisas, do Serpes ou do Grupom.
A tendência é que parte substancial dos eleitores de Gayer migre para Sandro Mabel. Talvez mais por causa da força política do governador Ronaldo Caiado em Goiânia (é aprovado por 86% dos eleitores) e pelo fato de que o postulante do União Brasil se mantém distante da esquerda no poder em nível federal.
A saída de Gayer, portanto, poderá beneficiar Sandro Mabel. Poderá — eis a palavra a reter. (E.F.B.)