Ronaldo Caiado e Daniel Vilela defenderam a vida. Já Vanderlan Cardoso, apesar das ressalvas, optou pela defesa da economia

Ronaldo Caiado: desde o início, e sem recuo, está preocupado com a vida das pessoas | Foto: Reprodução

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do DEM, é um político liberal — talvez um adepto do liberalismo social, aquele que o sociólogo e diplomata José Guilherme Merquior professava —, portanto não é populista. Mesmo quando aconselhado a agir de uma maneira pela qual pode conquistar apoio, age de acordo com sua consciência de médico, cidadão e político. No caso do novo coronavírus, quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, sugeriu que as pessoas saíssem de casa — para não perder empregos —, Caiado optou pela via civilizatória, recomendando que os goianos continuassem em casa. Ganhou o aplauso do país. Mas é um aplauso que não busca, pois, como médico, está preocupado com a saúde pública geral. Ganhou pontos, portanto, com a crise. Sobretudo pela seriedade, pela firmeza de sua posição. Não fez o “joguinho” do governador de Minas Gerais.

Daniel Vilela apoiou as medidas de isolamento: viver para trabalhar | Foto: Lívia Barbosa/Jornal Opção

O presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, também decidiu optar pela vida, apoiando a decisão de Ronaldo Caiado. Ganhou pontos. Porque não pensou só na economia. Seguindo o que disse um consultor — “é preciso viver para trabalhar” (mortos não trabalham) —, também ganhou pontos. Pensou mais na vida do que num possível ganho político posterior (que é a aposta de Bolsonaro).

Se a epidemia se alastrar quem pode sair mal é o senador Vanderlan Cardoso, do PSD. Porque, pensando mais na economia do que nos indivíduos, ele praticamente repetiu a posição do presidente Jair Bolsonaro. Por ser empresário, certamente está pensando mais nos seus negócios — e lucros — do que na vida das pessoas, inclusive na de seus eleitores. Até agora, perdeu pontos. O candidato do MDB em Porangatu, Márcio Luis da Silva, também perdeu pontos ao defender mais a economia do que a vida das pessoas.

Vanderlan Cardoso: falou mais forte o empresário do que o político e o humanista| Foto: Beto Barata/Agência Senado

É certo que a economia é importante. Os empregos são cruciais. Mas o exemplo da Itália está aí para ser visto por todos. Por causa de ter hesitado uma semana, quiçá apostando que o coronavírus era uma gripezinha, o país perdeu o controle e morreram mais dez mil pessoas. É certo que muitas pessoas iriam morrer, mas muitas sobreviveriam se o governo tivesse sido mais rápido em protegê-las.

Tanto Vanderlan Cardoso quanto Márcio Luis fazem ressalvas, sugerindo que estão preocupados com as pessoas. Mas fica claro que a economia é mais importante para os dois do que a vida humana.