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Um político diz que, certa feita, o governador do Tocantins disse que seu nome era “Wanderlei Carlesse”. Ele não desmontou a máquina carlessista

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, é forte para a disputa da reeleição, mas não exatamente por si, e sim pelo peso da máquina. Não se pode falar que o gestor está “roubando”, porque não há evidências, porém, em relação ao uso da máquina para fins político-eleitorais, seu governo em nada difere do de Mauro Carlesse, o ex-governador.

O governo não está a serviço do Tocantins e seus habitantes, e sim a serviço da reeleição de Wanderlei Barbosa. Até crianças de 5 anos sabem disso.

Apesar da força da máquina — que inclui convencer alguns donos de jornais e blogs de que Wanderlei Barbosa é um governador eficiente, quando, na verdade, é mediano, sobretudo porque está mais fazendo política do que administrando —, o gestor estadual corre sério risco de ser derrotado. Não pode, claro, ser subestimado. Mas a oposição vem forte e ancorada na opinião geral dos eleitores, que cobram renovação. Os eleitores sabem, por certo, que, embora diga que não, Wanderlei Barbosa fez parte do sistema constituído por Carlesse e ainda não inteiramente desmontado. O vasto sistema de cooptação, via empregos, obras e benesses, não foi extinto. Continua forte, sólido — só que agora a serviço do novo governador, e não do anterior.

Mesmo fora do poder, e distante do sistema Carlesse de governar, o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas — e Wanderlei Barbosa certamente montará, se já não montou, uma máquina jornalística para desqualificá-lo — é o favorito para a disputa de 2 de outubro deste ano.

Ronaldo Dimas conta com alguns trunfos que podem ser decisivos. Primeiro, é visto como um político decente. Segundo, fez uma administração considerada competente e honesta na Prefeitura de Araguaína. Terceiro, conta com o apoio de dois pesos-pesados da política do Tocantins: o senador Eduardo Gomes (MDB) — que tem o apoio de dezenas de prefeitos — e a deputada federal Professora Dorinha Seabra, que o Tocantins apoia e respeita. Não há, no Estado, quem não saiba que o país a consagrou como a “deputada da Educação”, por causa de luta ingente pela permanência Fundeb. Quarto, os eleitores querem renovação e, evidentemente, Wanderlei Barbosa representa a continuidade de um modelo superado e que resultou no afastamento de Carlesse. O governador é mais do mesmo. Ronaldo Dimas, pelo contrário, é o símbolo da mudança.

Professora Dorinha vai enfrentar, na disputa para senadora, uma profissional da política — a senadora Kátia Abreu, que, não conseguindo viver longe do perfume do poder, já aderiu ao governo de Wanderlei Barbosa. Mesmo assim, a deputada é favorita. A maioria dos deputados estaduais, de vários partidos, hipoteca apoio à sua pré-candidatura. Ela é filiada ao União Brasil, um partido liberal, mas até gente da esquerda deve apoiá-la, direta ou indiretamente.

O ex-governador Marcelo Miranda, que deve ser candidato a deputado federal (se sua mulher, a deputada federal Dulce Miranda, for convidada para ser vice de Ronaldo Dimas), é outro aliado forte. O ex-governador Moisés Avelino e Paulo Sidnei, condestáveis do MDB no Tocantins, devem apoiar o ex-prefeito de Araguaína. O empresário Ataídes Oliveira, do Pros, tende a apoiar Ronaldo Dimas e pode ser candidato avulso a senador.

Na campanha, o pré-candidato do PT a governador, Paulo Mourão, tende a criticar, duramente, a gestão de Wanderlei Barbosa, que, certa feita, teria dito (de acordo com um político, por sinal seu aliado) que seu nome era “Wanderlei Carlesse”, tal sua identificação com o ex-governador.

O deputado federal Osiris Damásio, do PSC, afirma que é pré-candidato a governador, mas poucos acreditam. Um aliado de Wanderlei Barbosa o resume assim: “É um candidato fake a governador”. Um filho do ex-governador Siqueira Campos, Siqueira Júnior, sustenta que irá disputar o governo pelo PMN. Laurez Moreira, cotado para ser vice de Wanderlei Barbosa, sustenta que é pré-candidato a governador.