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Por que o PT perdeu as duas últimas eleições para prefeito de Anápolis? Por certo, há várias explicações. Na primeira derrota, o candidato, João Gomes — que não é mais petista —, apesar de ser prefeito, era considerado um candidato fraco. Porém, na segunda derrota, o candidato, Antônio Gomide, era forte. Ele havia sido prefeito duas vezes e deixara a prefeitura para disputar o governo Estado com boa avaliação.

Se, pessoalmente, o deputado estadual Antônio Gomide era um candidato forte, por qual motivo foi derrotado por Roberto Naves, hoje no partido Republicanos?

Há indícios fortes de que o principal “problema”, se se pode dizer assim, de Antônio Gomide não são seus adversários, e sim o PT, seu partido.

Antônio Gomide é de esquerda, mas não é radical. Pertence ao grupo dos moderados, apesar de ser um político rígido, o que não é o mesmo que ser radical.

Ao ser de esquerda, mesmo se ignorar o vermelho e os símbolos do PT, para conquistar o eleitorado digamos de centro, ao menos este, Antônio Gomide continuará tendo problemas com os eleitores de direita e mesmo de centro.

Bolsonarismo faz a diferença para Márcio Corrêa

No momento, Antônio Gomide é o favorito para a disputa da prefeitura, de acordo com pesquisa do instituto Opção Pesquisas, divulgada na segunda-feira, 20.

Porém, se Antônio Gomide figura em primeiro lugar, com 38% das intenções de voto, há um fato incômodo para o petista. Seu principal adversário, o dentista e empresário Mário Corrêa, começa a crescer — chegando a 25%.

Lula e Bolsonaro fundo eleitoral
Lula da Silva e Jair Bolsonaro: os dois estarão, direta ou indiretamente, na campanha pela Prefeitura de Anápolis | Fotos: Agência Brasil.

A expectativa de poder ainda está com Antônio Gomide, mas Márcio Corrêa, com bons números na pesquisa, também começa a criar expectativa de poder. Digamos que, na próxima pesquisa, apareça com 29% ou 30%. A expectativa de poder será acrescida da ideia de virada — que é plausível, de acordo com a história político-eleitoral de Anápolis. As viradas são frequentes no município — que conta com um dos eleitorados mais atentos, inclusive ideologicamente (direita versus esquerda), de Goiás.

Pode se sugerir que Antônio Gomide tem teto e, por isso, estagnou. Ainda não é possível ser tão peremptório. Mas é possível sugerir duas coisas.

Primeiro, o PT e o governo do presidente Lula da Silva não estão contribuindo para fortalecer Antônio Gomide. Pelo contrário, podem estar iniciando um processo de desidratação de sua força política — que é real. O petista é mesmo consistente, mas a estrutura que deveria fortalecê-lo não o é.

Segundo, o bolsonarismo e o ex-presidente Jair Bolsonaro (que recebeu 70% dos votos de Anápolis na disputa presidencial de 2022) podem estar fazendo a diferença pró-Márcio Corrêa.

Assim que foi definido como pré-candidato do bolsonarismo, ao se filiar ao PL, Márcio Corrêa começou a crescer. Ou seja, apontado como “o” candidato da direita no município, ele passou a ser mais visto e mais bem avaliado pelos eleitores.

Então, se Lula da Silva e o PT são problemas para Antônio Gomide, o bolsonarismo e Bolsonaro são a solução para Márcio Corrêa.

Mas vale o registro de que o jogo está apenas começando. É preciso ficar atento às movimentações das peças do xadrez político. Afinal, ninguém ganha eleição por antecipação. Porém, a campanha tende a “fortalecer” os laços de Antônio Gomide com o PT e com Lula da Silva — o que talvez contribua para puxá-lo para baixo. No caso de Marcio Corrêa, o estreitamento do vínculo com Bolsonaro pode contribuir para elevar seus índices nas pesquisas.

Por fim, o problema de Antônio em Anápolis não é Gomide. Porque este é mesmo forte. O problema — a pedra no caminho — são seus apoios. (E.F.B.)