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Euler de França Belém

Os jornais mencionam ao menos três postulantes para o Ministério da Educação: Isolda Cela, governadora do Ceará, Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e a senadora Simone Tebet, do Mato Grosso do Sul. Há uma quarta opção, e em Goiás.

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Isolda Cela/PT

Izolda Cela, governadora do Ceará | Foto: Secom do governo do Ceará

A mais cotada para ministra da Educação é a governadora do Ceará, Isolda Cela, de 62 anos.

Por três motivos. Primeiro, o sistema educacional do Estado é considerado um exemplo para o país; segundo, a professora e psicóloga é filiada ao PT; e terceiro, a terra de José de Alencar — como todo o Nordeste — deu uma grande votação ao presidente eleito Lula da Silva. Sem o Nordeste, o petista-chefe não teria sido eleito. Agora, chegou a hora da retribuição, que acontecerá.

No momento, tencionando, o Ceará está tentando transformar o nome de Isolda Cela em “fato consumado”.

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Simone Tebet/MDB

Simone Tebet, senadora, e Lula da Silva, presidente da República eleito | Foto: Ricardo Stuckert

Quando petistas sugeriram que, por ser de Mato Grosso do Sul — que tem uma agricultura e uma pecuária avançadas —, a senadora Simone Tebet deveria ser indicada para o Ministério da Agricultura, ela teria comentado que prefere a pasta da Educação. Trata-se de um bom nome. Mas tudo indica que o ministério ficará sob controle do PT.

Lula da Silva disse que levará Simone Tebet para a COP (sobre a questão do clima), no Egito. Uma sinalização de que poderá ocupar a pasta do Meio Ambiente? Talvez.

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Fernando Haddad/PT

Fernando Haddad: ex-ministro da Educação | Foto: reprodução

Comenta-se que Lula da Silva não quer repetir ministros dos governos anteriores do PT nos mesmos cargos. Fernando Haddad, portanto, estaria fora de cogitação. Mas, por ser professor e por ter sido ministro da Educação, seu nome é sempre referenciado.

Quem é Edward Madureira

Não há alternativa a Isolda Cela? Claro que há e o educador é goiano. Trata-se de Edward Madureira, ex-reitor da Universidade Federal de Goiás, ex-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e suplente de deputado federal pelo PT. Se não fosse sua votação, acima dos 50 mil votos, o PT em Goiás teria elegido apenas Adriana Accorsi para deputada federal. Rubens Otoni teria ficado sem mandato.

Portanto, Adriana Accorsi e Rubens Otoni, dois políticos de primeira linha, precisam “acordar” e, assim como os políticos do Ceará, “trabalhar” o nome do educador que comandou uma verdadeira revolução educacional e administrativa na UFG. Os dois deputados, recém-eleitos, já entraram em contato com Lula da Silva, já furaram o bloqueio do entourage paulista e, agora, do entourage nordestino?

Acima de tudo, Edward Madureira é um educador. Formado em Agronomia, tem mestrado e doutorado. Tendo sido reitor da UFG por três vezes, está no topo de sua carreira docente e administrativa.

O que sua ação revelou, na Reitoria da UFG, foi, além do educador, um administrador de primeira linha. Promoveu também inclusão social, dando amplo apoio aos estudantes pobres. É um trabalho que precisa ser mostrado pelo PT de Goiás ao PT nacional e ao presidente eleito Lula da Silva. Os petistas do Ceará foram hábeis e, mais do que o trabalho feito no Ceará, já apresentaram uma “candidata” a ministra. E estão certos.

O governo de Jair Bolsonaro (consta que o presidente nunca leu um livro de literatura ou de ciência) fez o impossível para sucatear as universidades federais, por considerá-las, não fontes geradoras de profissionais para o mercado e cientistas altamente qualificados (com referências internacionais em várias áreas), e sim máquinas de produzir “comunistas”. A rigor, nem há tantos comunistas assim no Brasil e, mesmo, nas universidades. A maioria dos indivíduos de esquerda não é comunista, e Bolsonaro sabe disso, é claro, mas, para efeito de manipulação política, é “preciso” juntar todos os democratas numa única roupagem — a de comunista — para facilitar o combate, a guerra cultural-ideológica.

Edward Madureira, por ter sido reitor e por ter presidido a Andifes, é o educador certo para cuidar da Educação em geral e, em particular, da recuperação das universidades federais do país. É óbvio, mas vale acrescentar: a maioria dos professores do ensino fundamental e do ensino médico certamente é formada por universidades públicas.

O próximo ministro da Educação precisará ter uma imensa capacidade de diálogo com a sociedade e com governadores e prefeitos. E, como sabem Adriana Accorsi e Rubens Otoni, Edward Madureira é uma espécie de Tancredo Neves da Educação: daqueles que ficam “roucos” de tanto ouvir. E, sobretudo, depois de ouvir, de acrescentar ideias novas e alheias, sabe qual norte seguir. Ele é um fazedor. Há uma UFG a.E. e uma UFG d.E. Não se trata de desmerecer outros reitores — e houve vários muitos bons, a começar do primeiro, o pioneiro Colemar Natal e Silva. E sim, muito mais, de perceber e admitir que se trata de um educador que soube conectar a expansão educacional — a melhoria do ensino e da ciência — à expansão administrativa da UFG. Sublinhe-se: Edward Madureira é tanto um educador quanto um administrador-empreendedor (mas nunca um burocrata sem percepção humanista). E, ao contrário de outros, cotados mais pelo aspecto político, tem noção global da educação do país.

No governo de Dilma Rousseff, Edward Madureira trabalhou no Ministério de Ciência e Tecnologia. Saiu de lá como uma figura criativa exemplar e por sua imensa capacidade de trabalho. Porque sabe criar projetos e, fundamental, retirá-los do papel e, assim, beneficiar a sociedade.

Euler de França Belém é formado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás. É da primeira turma do curso de Filosofia da UFG, mas não concluiu o curso.