As pesquisas de intenção de voto não estão sendo lidas com a devida atenção — nem mesmo por jornalistas gabaritados. A direita e o centro — leia-se o pP do senador Ciro Nogueira — espalham que o presidente Lula da Silva, do PT, está caindo pelas tabelas e chegará em 2026 “sangrando”. Então, será “galinha morta” ante um forte candidato da direita.

De fato, a direita, se bancar um único candidato — como os governadores Ronaldo Caiado, do União Brasil, ou Tarcísio de Freitas, do Republicanos —, tem chance de eleger o próximo presidente. Talvez já no primeiro turno.

Porém, antes, a direita tem de considerar que as pesquisas mostram que Lula da Silva continua um candidato forte, com possibilidade de ser reeleito. Há indícios de que o governo federal está mais desgastado do que o político Lula da Silva.

Numa das pesquisas divulgadas na semana passada, Lula da Silva chegou a aparecer em primeiro lugar. A pesquisa indica que pode perder no segundo turno.

Porém, a notícia relevante, e que a direita precisa “ler” com atenção, é que o petista está no jogo e, sobretudo, não está parado… nem “morto” política e eleitoralmente.

Em 1994 e em 1998, depois de ter apostado contra o Plano Real, Lula da Silva foi derrotado duas vezes pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

 A economia elegeu FHC e derrotou Lula da Silva. O PT não soube entender o jogo real do mercado e os interesses efetivos das pessoas.

Em 2025, Lula da Silva, presidente pela terceira vez — e uma raposa cada vez mais felpuda (por mais que muitos analistas não pensem assim) —, está operando para melhorar as condições de vida das classes médias. Noutras palavras, articula para pôr mais dinheiro em suas mãos, garantindo o aumento do consumo.

Pode surtir efeito até maio ou junho de 2026? Pode. Mas também pode não surtir. Aí Lula da Silva e o PT estarão perdidos.

Se as medidas do governo reconquistarem parte das classes médias — que, sim, querem consumir e são, no geral, avessas ao debate ideológico —, a direita terá de mudar o discurso de que a economia será decisiva a seu favor. Porque poderá ser a favor, isto sim, de Lula da Silva.

Ronaldo Caiado e o debate sobre segurança

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem razão em operar sua crítica ao governo Lula da Silva em duas frentes: economia e segurança. Porque, no caso de melhoria da economia, o debate sobre segurança pode se tornar central e decidir o pleito.

Em termos de segurança, dada uma política frouxa — por isso parece que não há política alguma —, Lula da Silva dificilmente ganhará o debate de um, por exemplo, Ronaldo Caiado. Os eleitores consideram que o governo do petista não combate o crime organizado com a devida energia. Já o político goiano de maneira exemplar e tenaz.

Qualquer pesquisador inteligente e avesso ao clima político ideologizado sabe que não se deve julgar Lula da Silva, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, para citar apenas três pré-candidatos a presidente, de maneira enfática neste momento. Porque a política, assim como a economia, persiste num processo de instabilidade; portanto, seu caráter é mutável, e de uma hora para outra.

Então, aquele quer definir sua análise como totalmente pertinente agora, poderá dar com os burros d’água amanhã.

Os políticos estão jogando e, por isso, não há definições. Por exemplo: é possível que assim que a direita defina seu candidato, evitando o lançamento de dois ou três postulantes, ele salte para o primeiro lugar, deixando Lula da Silva bem atrás. É uma possibilidade. Mas não se deve tratá-la como certeza. (E.F.B.)