O motivo é que os eleitores — ricos, pobres e de classe média — sugerem que todos os políticos “roubam”

Pesquisadores começam a apurar um fenômeno: a discussão ética, sobre moralização e corrupção, vai, sim, ter um peso nas eleições deste ano. Mas pode não ser decisiva. Como assim?

Procede que um político visto como extremamente corrupto vai ser “punido” pelos eleitores. Mas o que as pesquisas demonstram é que o debate sobre a corrupção não será decisivo porque os eleitores, a maioria deles, avalia que os políticos são todos iguais — mesmo que não sejam. Nas pesquisas qualitativas, os eleitores dizem, objetivamente, que “todos” os políticos roubam o Erário, em menor ou maior proporção. Pode até ser uma visão preconceituosa da política, porque há políticos decentes, mas é assim que os eleitores estão se posicionando. Eles chamam os políticos claramente de “malandros” e “larápios”. É a linguagem comum aos eleitores ricos, de classe média e pobres.

O que, então, os eleitores vão acompanhar e discutir com mais atenção? As propostas dos candidatos para melhorar sua qualidade de vida. Eles estão de olho naqueles que propõem a melhoria dos serviços. Uma mudança na segurança pública, que gere mais tranquilidade imediata — como policiais atentos em terminais de ônibus —, tende a surtir mais efeito do que atacar o adversário político.

Os eleitores não estão interessados em projetos mirabolantes, em propostas que sustentem que vai melhorar sua vida amanhã. Eles estão cada vez mais vezes mais racionais e desconfiados. Os candidatos terão que apresentar suas propostas e dizer como vão executá-las, com prazos definidos ou pelo menos aproximados.