Bastidores

[caption id="attachment_67104" align="aligncenter" width="620"] Vecci e Lucas Vergílio | Fotos: Jornal Opção / reprodução[/caption]
No encontro do presidente Michel Temer com o governador de Goiás, Marconi Perillo, e a maioria dos integrantes da bancada federal do Estado, na terça-feira, 24, o deputado federal Lucas Vergílio agiu de maneira deselegante, segundo os presentes, inclusive integrantes do governo federal.
De repente, como se tivesse acordado de um “transe”, Lucas Vergílio disparou, para a surpresa de Michel Temer, visivelmente irritado: “Eu quero dizer que sou contra a privatização da Celg”.
Entusiasta da privatização da Celg, que representará 2 bilhões de reais no caixa do governo federal, Michel Temer “fechou” a cara. O governo federal, depois do desastre do governo Rousseff, nunca precisou tanto de dinheiro quanto agora.
Percebendo o climão negativo criado por Lucas Vergílio, o deputado Giuseppe Vecci, do PSDB, consertou a gafe do colega: “Nós, a maioria absoluta, estamos aqui, presidente, para dizer que apoiamos os governos federal e de Goiás no sentido de privatizar a Celg. Queremos dinamizar a empresa”.

O governador Marconi Perillo, do PSDB, perguntou para o presidente Michel Temer: “O sr. sabe que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é goiano?”. Bem-humorado, Michel Temer não perdeu a deixa: “Sim. Foi por isso que o convidei para ser ministro”. Todos riram.

Ao saber que a empregada doméstica da casa do deputado federal Sandes Júnior (PP) — Luzia — disse que “tem cara de presidente”, o presidente Michel Temer abriu um sorrisão. Ao final da audiência com os políticos de Goiás, Michel Temer abordou Sandes Júnior mais uma vez e perguntou, deliciado: “Quer dizer que sua funcionária disse que tenho ‘cara de presidente’?”. O deputado confirmou, e o peemedebista sorriu, deliciado.

O ex-presidente Lula da Silva tem se reunido com alguns petistas e advogados para determinar uma linha de atuação. O petista-chefe quer produzir uma imagem intimorata, de firmeza total, de nenhum desalento. Ao mesmo tempo, não quer que o país o perceba como “desatinado” ou “tresloucado”.
Uma das recomendações de Lula da Silva aos petistas é para que critiquem duramente o governo do presidente Michel Temer, sobretudo medidas de caráter impopular, mas, ao mesmo tempo, preservem o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Lula da Silva estaria argumentando que ele próprio tentou levar Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda, no governo de Dilma Rousseff, com o objetivo de endurecer o jogo e, deste modo, contribuir para recuperar a economia do país. Portanto, atacar o ministro da Fazenda, sobretudo neste momento, seria um contrassenso.

O deputado federal Heuler Cruvinel tira licença em julho para que Eurípedes Júnior assuma o mandato. Em troca, o presidente do PROS o apoiará para prefeito de Rio Verde. Aí o postulante do PSD ganha mais 30 minutos no programa de televisão. Heuler Cruvinel é apontado como o pré-candidato que mais está gastando dinheiro. Teme perder a eleição para Paulo do Vale ou para o deputado Lissauer Vieira. Com o desgaste do peemedebista devido a problemas na Justiça, o jovem postulante do PSB está em ascensão.

O tucano Marconi Perillo foi o primeiro governador recebido — com tapete azul (não se usa mais vermelho na nova corte) — pelo presidente Michel Temer.

Na terça-feira, 25, Marconi Perillo conversou com oito ministros. O tucano demorou 3,5 anos para ter acesso à presidente Dilma Rousseff. A burocracia era imensa. A perseguição contra o gestor goiano era abusiva. As ordens eram de Lula da Silva. A petista não perseguia pessoalmente. Para dialogar com Michel Temer, Marconi Perillo demorou apenas 10 dias. E mais: o presidente cobrou que a burocracia não trave ou retarde os pleitos do tucano-chefe de Goiás. A ordem do presidente Michel Temer é para que os ministros recebam — e bem — os governadores, senadores e deputados.

A cúpula do governo de Goiás espera do governo federal: a privatização da Celg, o alongamento de sua dívida e investimentos em infraestrutura. O alongamento da dívida e investimentos em infraestrutura vão beneficiar todo o país, não apenas Goiás. A duplicação da BR-153, entre Anápolis e Porangatu, permanece paralisada. A empresa Galvão não move uma palha, alegando que não tem recursos financeiros. O governo federal, no lugar de fazer nova licitação, perde-se num mar de burocracia improdutiva. A BR-153 é uma das rodovias onde ocorrem mais acidentes do país.

[caption id="attachment_58674" align="aligncenter" width="620"] Lêda Borges não quer disputar, mas pode ser a única salvadora da “pátria” tucana | Foto: Renan Accioly/Jornal Opção[/caption]
O alto tucanato avalia que o quadro político em Valparaíso, no Entorno de Brasília, não é positivo para o PSDB. O vereador Pábio Mossoró é visto como um político respeitado, mas pouco experimentado.
Postula-se que a única candidata que pode salvar o partido de uma derrota na cidade é Lêda Borges, que não quer disputar, mas será pressionada pela cúpula do partido.
O listão dos que podem disputar:
1 — Afrânio Pimentel, do PR — É um nome tido como consistente. Adversários sustentam que pendências judiciais pode levá-lo a desistir do pleito.
2 — Ângela Pessoa, do PSC — Seu trunfo e seu problema é o pai, o ex-prefeito José Valdécio. É popular, mas é mal visto por uma parte da população.
3 — Fábio Moreira, do DEM — Pode ser o nome bancado pelo senador Ronaldo Caiado.
4 — Lêda Borges, do PSDB — Nome mais forte do partido, garante que não vai disputar.
5 — Dr. Marcus Vinicius, do PSD — O vereador e advogado é bancado pelo secretário de Desenvolvimento do governo de Goiás, Thiago Peixoto.
6 — Pábio Mossoró, do PSDB — É o pré-candidato apoiado por Lêda Borges. Há quem acredite que está guardando “lugar” para a deputada-secretária.
7 — Plácido Cunha, do PMDB — É a aposta de um grupo de empresários, como Beto Mazzocco e Tadeu Filippelli (de Brasília).
8 — Roberto Martins, do PT — Há indícios de que o advogado não quer disputar. Um professor pode ser o nome. A prefeita Lucimar Nascimento, do PT, está desgastada.
É possível que candidatos associados ao governo do Estado fiquem fora do segundo turno em Goiânia? Luas azuis acreditam que sim. Se não for feita uma ofensiva na pré-campanha, a tropa de choque do governismo verá a polarização do momento chegar até outubro e, possivelmente, até o segundo turno.
Parceiro de Galvão Bueno, o comentarista-sênior de Fórmula 1 da TV Globo, Reginaldo Bueno, visitou Goiânia para prestigiar o aniversário de Luana Limírio, mulher do deputado federal Alexandre Baldy. Amigão de Alexandre Baldy, Reginaldo Leme veleja com frequência no iate de Marcelo Limírio, sogro do deputado federal.

[caption id="attachment_60077" align="aligncenter" width="620"] Deputado estadual Francisco Jr. fala aos militantes do PSD como pré-candidato do partido à prefeitura de Goiânia | Foto: Larissa Quixabeira / Jornal Opção[/caption]
Vilmar Rocha diz que o PSD, partido que preside em Goiás, está fora de qualquer acordão político na disputa pela Prefeitura de Goiânia. Ao menos no primeiro turno.
“Nada temos contra Giuseppe Vecci, Vanderlan Cardoso e Luiz Bittencourt, mas nós vamos lançar candidato a prefeito de Goiânia. Trata-se do deputado Francisco Júnior. Não vamos recuar”, afirma Vilmar Rocha.

Em Aparecida de Goiânia, Vilmar Rocha afirma que o PSD estuda a possibilidade de apoiar o candidato do PMDB, Gustavo Mendanha, ou o postulante do PSDB, Alcides Ribeiro. “Ademir Menezes e seu filho, Max Menezes, vão decidir a respeito do quadro de alianças em Aparecida de Goiânia”, sustenta Vilmar Rocha. Até por pertencerem à mesma geração, Max Menezes está cada vez mais próximo de Gustavo Mendanha. Não é pequena a possibilidade de Max Menezes ser o vice do postulante peemedebista.

Pré-candidato do PMDB a prefeito de Goiânia, Iris Rezende começa a reunir ideias para elaborar seu programa de governo. O peemedebista não quer muita firula acadêmica, sabedor que é que, na prática, os eleitores querem uma cidade limpa, com serviços funcionando de maneira adequada. Amadurecidos, os eleitores de Goiânia não apreciam candidatos pirotécnicos, ideias fantasiosas. Uma equipe de Iris Rezende está levantando o que falhou na gestão de Paulo Garcia e vai trabalhar seu programa em cima disso. O que faltou fazer será o que o peemedebista vai propor fazer.

José Serra é apontado como um economista de matiz desenvolvimentista, portanto atuando no campo oposto aos monetaristas, como Henrique Meirelles.
A economista Ana Carla Abrão, namorada de Pérsio Arida, está mais próxima dos monetaristas. Mesmo assim, ao encontrar o governador de Goiás, acompanhado da secretária da Fazenda de Goiás, José Serra disse: “Não fique com ciúme, mas ela é minha discípula, tá?” Todos riram, inclusive o casmurro ministro das Relações Exteriores.