Bastidores
Perguntado se voltaria ao PMDB para disputar a Prefeitura de Goiânia, o empresário Vanderlan Cardoso teria comentado, rápida e laconicamente: “E eu sou lá bobo!”
Quando o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, admite que só o governador Marconi Perillo pode salvar a gestão de Paulo Garcia é porque as coisas vão mesmo muito mal. Quando um peemedebista, em tempos idos, teria coragem de dizer uma heresia dessas?! Mas Agenor Mariano tem mesmo razão. O governo da presidente Dilma Rousseff vai ajudar muito pouco prefeitos e governadores em 2015. Paulo Garcia tem de procurar o governador Marconi Perillo, reduzir a arrogância e pedir apoio para gerir Goiânia com mais eficiência.
O empresário que está cuidando da iluminação pública em Goiânia teria sido escorraçado de São Paulo. O prefeito Paulo Garcia tem de verificar com cuidado quem são seus aliados, sejam políticos, administrativos ou empresariais. Em seis meses, a Prefeitura de Goiânia torrou 18 milhões de reais com iluminação pública, ainda muito deficiente. Para piorar as coisas, não há licitação.
A popularidade de Ernesto Roller, em Formosa, comeu fermento e está cada vez mais alta. Deputado estadual eleito pelo PMDB, o jovem advogado lidera todas as pesquisas de intenção de voto no município. As sérias, as mais ou menos sérias e as não-sérias. Há um único nome consistente para enfrentar Ernesto Roller: Sebastião “Caroço” Monteiro, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. Tião Caroço quer disputar. Para ele, mais do que uma questão política, é um problema pessoal. Tião Caroço chega a dizer, nos bastidores, que, se perder para Ernesto Roller, mudará de Formosa para sempre. O que ele está sugerindo, na verdade, é que “não” perderá de maneira alguma para o peemedebista.
A quebradeira é geral nas prefeituras de Goiás. O prefeito de Minaçu demitiu a maioria dos servidores públicos. O prefeito de Alto Horizonte, devido à queda da arrecadação de 10 milhões para 6 milhões de reais, também vai demitir funcionários. O problema é que o mercado dos dois municípios não têm condições de absorver, de imediato, os afastados. Crise social à vista.
Folclore corrente em Rio Verde: dois políticos, um do PSD e um PSDB, conversam animadamente na porta da prefeitura quando um deles, de supetão, dispara: — Você está sabendo que o prefeito Juraci Martins vai ser condenado pelo Tribunal do Júri?” — Não estou sabendo, não. O que sei é que Juraci Martins, um homem de bem e extremamente pacífico, não matou ninguém. — Você está enganado. Ele matou sim, e todos já estão sabendo, exceto você. — Então, caro amigo, desembucha: quem, afinal, Juraci Martins matou. — Ora, caro amigo, ele matou uma cidade, Rio Verde.
De um hábil articulador político: “O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Anselmo Pereira, até agora não honrou os compromissos que garantiram a sua vitória”. O recado, meio enviesado, não explica exatamente quais foram os compromissos. “Nada de irregular”, garante a fonte. “São compromissos políticos.” Sabe-se que, sem o apoio deste articulador, dificilmente Anselmo Pereira teria sido eleito.
De um peemedebista irista linha ordotoxa: “Iris Rezende está no jogo para a disputa eleitoral de 2016. Mesmo que ele não dispute, a campanha vai passar por suas mãos. Mas posso garantir que ele estará fora do jogo em 2018. Neste ano, com 85 anos, ele estará aposentado, em definitivo”.
Pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PHS, o ex-presidente da Câmara Municipal da capital Marcelo Augusto frisa que quatro candidatos devem concorrer em 2016. “Iris Rezende deve ser candidato pelo PMDB. Vanderlan Cardoso tende a disputar pelo PSB, quem sabe com o apoio do PSDB. Adriana Accorsi é o nome mais cotado, por sua popularidade, para ser candidata pelo PT.” Marcelo Augusto, articulador político dos mais hábeis, sublinha que “Goiânia não resiste a mais uma gestão do PT”. “A campanha de 2016, aposta o líder do PHS, vai ser marcada pelo fato de que o eleitor vai querer, acima de qualquer coisa, expulsar o PT da Prefeitura de Goiânia. Quem estiver associado ao prefeito Paulo Garcia vai sair chamuscado, ele está contaminando todos os seus aliados. Por isso, aos poucos, o PMDB está se afastando. No momento apropriado, os peemedebistas vão chutar o balde e o próprio Paulo Garcia, dizendo mais ou menos assim: ‘Não temos nada com isso, não’”.
O Jornal Opção entrevistou 20 políticos, recentemente, e pediu que indicassem os 20 piores prefeitos de Goiás. O critério era a qualidade (ou a falta de qualidade) de suas gestões. O prefeito de Posse, o dentista José Gouveia (Pros), apareceu na lista. Na semana passada, um de seus auxiliares, Márcio Passos, entrou em contato com o jornal com o objetivo de expor a posição da prefeitura. O auxiliar afirma que “os 20 eleitores possivelmente não têm amplo conhecimento do que está acontecendo em Posse. Há buracos em algumas ruas? Sim há, mas pouquíssimos, e devido às chuvas. Mas muito menos do que em gestões anteriores. E há uma operação tapa-buraco em ação. Na área de saúde, nós vamos inaugurar, em 2015, três PSF [Programa de Saúde da Família”, afirma Márcio Passos. “Nós já havíamos inaugurado um. Este ano vamos inaugurar uma creche para 300 crianças. E vale dizer que as obras são de qualidade.” O Ambulatório Médico de Especialidades “já foi licitado. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) está licitada, com 1,760 milhão de reais já na conta”. José Gouveia, segundo Márcio Passos, “vai entregar 700 casas populares de qualidade para as pessoas mais pobres de Posse. As casas têm infraestrutura completa. São 40 milhões de reais de investimento, gerando mais de 200 empregos. A prefeitura deve entregá-las até 2016”. Márcio Passos afirma que “José Gouveia é um político do bem, que não briga com os adversários e está mais preocupado em servir à sociedade. Ele é leal. Na campanha passada, trabalhou forte para o governador Marconi Perillo”.
As discussões políticas em Posse começam a ficar acaloradas. O prefeito José Gouveia é candidato à reeleição e já está conversando com os aliados e planeja conquistar novos aliados, para ampliar sua base político-eleitoral. O advogado José Eliton Figuerêdo, pai do vice-governador José Eliton Jr., é uma das principais apostas do PP. Mas Humberto Silva também está colocando seu nome para a disputa. O PT pode bancar o empresário Ivon Valente.
O ex-prefeito de Porangatu Luiz Antônio de Carvalho (foto acima), mais conhecido como Luiz do Gote (Gote era seu pai), morreu na madrugada de sábado, 17, em São Paulo. O corpo será velado no Sindicato Rural de Porangatu — ele foi produtor rural na região Norte, criador de gado — e será enterrado às 16 horas.
Luiz do Gote foi prefeito de Porangatu por duas vezes e era considerado um administrador eficiente e rigoroso, às vezes até autoritário. Na primeira gestão, na década de 1970, considerada bem-sucedida, conseguiu fazer o sucessor, o médico Trajano Gontijo. Na gestão de Trajano, funcionou como uma espécie eminência parda.
No seu segundo governo, Luiz do Gote sucedeu o engenheiro Jarbas Macedo. Ligado à Arena, depois ao PDS, Luiz do Gote, mais tarde, aproximou-se do PMDB e de Iris Rezende.
O executivo Luiz Siqueira terá o apoio do bispo Arnaldo Monfardini e do jornalista Danin Júnior
Assim que a Celg transferir em definitivo as ações para a Eletrobrás — o que não foi feito porque o presidente Leonardo Lins está em férias —, vão ser definidos os dirigentes de dos dois lados.
A Celg terá sete diretorias — quatro da Eletrobrás e três do governo de Goiás. O governo goiano vai indicar o vice-presidente da Celg, o diretor técnico e o diretor comercial.
O arquiteto Orion Andrade (foto acima) vai para uma das diretorias, possivelmente a Comercial. Elie Chidiac , hoje presidente interino, dadas as férias do titular, deve ficar numa diretoria, ou então como vice-presidente. Humberto Eustáquio tende a continuar como diretor técnico, mas, ao contrário dos dois, seu nome não está 100% definido.

[caption id="attachment_25794" align="alignleft" width="300"] Marina Silva e Roberto Freire: um pacto contra o liberalismo exacerbado da dupla Dilma Rousseff e Joaquim Levy / Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Se os ricos e os pobres têm políticos para representá-los — além do Estado: o BNDES, para os ricos; e a Bolsa Família, para os pobres —, a classe média é a maior abandonada da sociedade brasileira. Como lhe falta uma rede de proteção social, nas crises, é a classe que mais tem de cortar orçamento e, ao mesmo tempo, pagar impostos. Os ajustes que vão ser promovidos pelo “primeiro-ministro” Joaquim Levy, quase um interventor, por certo devem reduzir seu poder de compra. O ministro da Fazenda e a presidente Dilma Rousseff vão “ferrar” a classe média. Mais uma vez.
Mas um bloco político, formado pelo PSB, PPS, Solidariedade e Rede Sustentabilidade, sem desprezar os pobres e mesmo o mercado, apresenta-se como possível defensor da classe média, o novo “proletariado”. O bloco não quer aliança com PSDB, embora não renegue parcerias eventuais. Por dois motivos. Primeiro, o tucanato faz uma oposição light. Segundo, é aliado do DEM, que não interessa aos quatro grupamentos.
O grupo vai demarcar sua posição na sociedade, apresentando-se como de centro-esquerda. Para tanto, vai tentar conquistar o apoio dos setores não-representados ou subrepresentados. Os cortes no campo sócio-trabalhista (por exemplo, a questão do seguro-desemprego e as pensões) — promovidos por Joaquim “Mãos de Tesoura” Levy — serão criticados duramente.
O bloco vai se apresentar como um grupo que não defende a sociedade tão-somente em períodos eleitorais. A tese é mais ou menos seguinte: o grupo quer se apresentar como sorriso da sociedade e cárie do poder petista. Acredita-se que, fazendo uma defesa da sociedade, com destaque para a classe média, o bloco pode constituir uma grande força eleitoral para a disputa de 2018. Mas em 2016, na eleição para prefeito, já querem constituir uma força eleitoral considerável. Marina Silva e Roberto Freire estão entre os opositores do “liberalismo exacerbado” da gestão Dilma-Levy.