Bastidores

[caption id="attachment_24143" align="aligncenter" width="620"] Friboi quer continuar no PMDB | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Acusado de infidelidade partidária — não apoiou Iris Rezende, e sim Marconi Perillo, na eleição para governador de Goiás —, Júnior Friboi apresentou sua defesa à Comissão de Ética do PMDB.
O empresário alegou que, como não é dirigente partidário, não pode ser expulso do partido. Dirigente, se apoiar candidato de outro partido, é passível de expulsão. Friboi alegou que não participou da campanha do tucano-chefe e que apenas declarou que ele seria eleito no segundo turno.
O próximo passo é a convocação de uma audiência, com apresentação de testemunhas. Friboi apresentou sua defesa técnica e, na audiência, fará a defesa política. Vai dizer que tentou ser candidato e que foi olimpicamente vetado. Não o deixaram sequer disputar a convenção do partido.
O relator vai analisar a denúncia e a defesa. A Comissão de Ética, com todos os dados em mãos, decidirá se Friboi infringiu o Estatuto do PMDB. “Ao contrário do que querem Iris Rezende e José Nelto, não será um julgamento político, por isso as chances de ‘absolvição’ de Friboi são altas”, afirma um advogado.
Friboi não quer sair do PMDB. Pelo contrário, quer disputar o comando regional, em outubro, ou então bancar o deputado federal Daniel Vilela para a presidência. A tese do empresário é a mesma de outros líderes: alguns caciques não podem usar a estrutura partidária apenas no período eleitoral e, depois, abandonar inteiramente os correligionários do interior.
Friboi pretende disputar o governo de Goiás (ou o Senado), prioritariamente, em 2018.

[caption id="attachment_33417" align="aligncenter" width="620"] Os presidenciáveis Pedro Paulo de Medeiros, Enil Henrique e Lúcio Flávio | Fotos: Facebook e Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]
O Jornal Opção ouviu 22 advogados experimentados e fez a todos a mesma pergunta: “A eleição para presidente da OAB-Goiás será realizada em novembro deste ano, daqui a sete meses. Se fossem realizadas hoje, quais seriam os candidatos?” No momento, estão posicionados, mas não definidos, Enil Henrique, Pedro Paulo Medeiros, Lúcio Flávio Paiva, Flávio Buonaduce e Djalma Rezende.
Mas quem disputa mesmo? Medeiros e Buonaduce farão parte da mesma chapa — unindo Felicíssimo Sena (patrono do primeiro) e Miguel Cançado (patrono do segundo). Lúcio Flávio e Enil Henrique estão definidos. Portanto, seriam três candidatos, na avaliação dos entrevistados.
Djalma Rezende é visto como outsider. É mais importante, pela estrutura financeira, como apoiador do que como candidato
A matéria “Documentos revelam que Palocci recebeu R$ 12 mi de empresas quando coordenava a campanha de Dilma em 2010”, dos repórteres Thiago Bronzatto e Filipe Coutinho, da revista “Época”, é outro capítulo explosivo sobre provável corrupção nos bastidores do governo da presidente Dilma Rousseff.
A reportagem revela que o escritório do advogado Márcio Thomaz Bastos repassou R$ 5,5 milhões para Antônio Palocci, em 2010, quando ele era arrecadador “informal da campanha da petista”. “No dia em que foi anunciado como ministro de Dilma [Casa Civil], Palocci recebeu R$ 1 milhão em sua consultoria, a Projeto. A origem da grana era o Pão de Açúcar, então dirigido por Abilio Diniz. Palocci teria sido contratado para auxiliar “na fusão entre o grupo de Abilio Diniz e as Casas Bahia”. Detalhe: “Palocci não prestou qualquer serviço”.
O Ministério Público Federal elaborou uma lista “com 30 nomes de empresas que pagaram o ex-ministro”. “Em 2010”, anota a revista, “Palocci recebeu, ao menos, R$ 12 milhões em pagamentos considerados suspeitos pelo MPF”. O frigorífico JBS, da família de Wesley Batista, Joesley Batista e Júnior Friboi, e a concessionária CAOA (tem montadora em Anápolis, Goiás) repassaram R$ 6,5 milhões a Palocci. O ex-ministro “não conseguiu comprovar que prestou serviços às empresas”. Há “indícios”, portanto, “de que as consultorias foram, na verdade, de fachada”.
A revista nota que “a consultoria de Palocci recebeu R$ 2 milhões da JBS entre 2009 e 2010. É um caso para lá de estranho: embora Palocci tenha admitido que recebeu da JBS, a JBS informou à ‘Época’ que nunca teve qualquer negócio com o petista. Em 2010, a JBS foi a campeã de doações oficiais à campanha de Dilma, com R$ 13 milhões — foram quase R$ 70 milhões em 2014. No caso de Palocci, a JBS fez sete depósitos em cinco meses. Os pagamentos se dividiram em dois de R$ 250 mil e outros cinco de R$ 300 mil”. Há um contrato, apesar da negativa da JBS.
“O contrato” entre Palocci e a JBS “foi assinado antes da eleição, no dia 1º de julho de 2009. Previa o assessoramento do ex-ministro na aquisição que a JBS faria nos Estados Unidos da multinacional Pilgrims Pride, segunda maior produtora de aves do mundo. A JBS fechou o negócio logo depois, em 16 de setembro daquele ano. Aos procuradores, Palocci descreveu os serviços que a JBS diz não ter contratado: ‘Apoio decisório que passa pela análise das perspectivas do mercado de carnes de frango nos mercados americano e global e pela avaliação do valor de mercado da companhia e as sinergias passíveis de serem auferidas com a globalização do grupo em outras áreas de proteína animal, além da carne bovina”. Porém, frisa a revista, “um documento enviado ao BNDES pela dona da Friboi em 5 de agosto daquele ano — um mês, portanto, após a contratação de Palocci — põe ainda mais em dúvida a veracidade dos serviços, segundo o MPF. Na nota técnica AMC/DEPAC 028/2010, a JBS informa ao BNDES que ‘já estava em fase adiantada de negociação com a Pilgrims’. O próprio dono da JBS, o empresário Joesley Batista, que já era dono nos Estados Unidos da multinacional Swift, disse, em outubro daquele ano: ‘Começamos a negociar com a Pilgrims Pride há um ano, antes que pedisse concordata’. Dez meses antes, portanto, da assinatura do contrato com Palocci”. Especialistas disseram à “Época” que Palocci, até por não entender da delicada operação, não participou da negociação como analista.
CAOA
Em 1º de julho de 2010, durante a campanha de Dilma Rousseff, Palocci firmou um contrato com a Caoa, do empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade, que dirige uma montadora da Hyundai em Anápolis. A Caoa pagou R$ 4,5 milhões a Palocci, mas o ex-ministro nada fez para a empresa. (“Época” afirma que Carlos Alberto tem uma fábrica da Hyundai em Goiás; na verdade, é mais uma montadora.) O curioso é que, mesmo tendo repassado milhões para o ex-ministro, a Caoa garante: “Não temos e nunca tivemos nada com a consultoria de Palocci”.
Luiz Carlos Borges da Silveira Ao aprovar, em primeiro turno, a emenda constitucional proibindo coligações nas eleições proporcionais – deputado federal, deputado estadual e vereador – o Senado deu alento à reforma política. É um passo tímido, mas significativo na direção da tão almejada e necessária revisão, que parece que vai andar. Dentre outras propostas estão: adoção do voto distrital (apelidado de Distritão) nas eleições parlamentares, sistema em que apenas os mais votados se elegem, eliminando o voto de legenda que permite que um nome extremamente popular, mas sem nenhum preparo nem experiência política, consiga alta votação e ajude outros rejeitados pelo eleitorado a elegerem-se; estabelecimento da coincidência de mandatos, incluindo as eleições municipais na mesma data dos pleitos federal e estadual (atualmente discute-se a forma, sendo mais provável que prevaleça a tese da prorrogação por dois anos dos atuais mandatos de prefeitos e vereadores, a outra tese é a do mandato tampão, de dois anos, para que então ocorra a unificação em 2018); redução do mandato dos senadores de oito para cinco anos; fim da reeleição nos cargos majoritários, porém com a fixação de cinco anos para os referidos mandatos. Enfim, são questões em discussão que demonstram interesse pelo tema. Quanto à coligação partidária em eleição parlamentar, trata-se de uma aberração no processo eleitoral causando distorções e situações inaceitáveis, ferindo o direito do cidadão que vota para escolher seus representantes populares nos níveis federal, estadual e municipal. Abolir esse instituto na legislação significa em primeiro lugar o fortalecimento dos partidos que terão de mostrar a cara, eleger seus membros com votação própria, desestimulando alianças interesseiras e coligações esdrúxulas que reúnem partidos sem a menor identidade ideológica. Para o eleitor será a chance de evitar o risco de votar no candidato de sua preferência e ver eleito outro completamente oposto à sua vontade. Será o fim das coligações fisiológicas e das legendas de aluguel, acabando com a barganha em troca de tempo nos programas de rádio e televisão. O fim das coligações pode ensejar naturalmente a chamada cláusula de barreira, pois os partidos nanicos terão dificuldade de eleger bancadas representativas. Por isso a medida deve contribuir para a existência de legendas fortes, de amplitude nacional e bem organizadas, porque do contrário não sobreviverão. É bem verdade que a matéria exige mais uma votação no Senado, na qual tem chance de ser novamente aprovada. O problema está na Câmara dos Deputados, onde 28 pequenos partidos (a quem interessa manter as coligações) já se posicionaram contra, por motivos óbvios. Algumas lideranças também se manifestaram contrárias, ou por convicção ou para agradar aliados nanicos. O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, durante encontro político em Curitiba, prometeu que em maio coloca a matéria em votação no plenário. Portanto, é de se esperar que o bom senso prevaleça e a matéria venha a ser aprovada, tornando-se um grande incentivo para a adoção das outras medidas no bojo da reforma. Caso isso não aconteça, teme-se que seja um desestímulo à reforma política que tem de avançar este ano, pois 2016 é ano de eleições municipais e nenhuma alteração significativa será adotada na legislação eleitoral. Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi ministro da Saúde e deputado federal.
A crise é um fato nacional incontestável e nenhum Estado é uma ilha. Mas Goiás continua atraindo empresas, dada sua economia pujante, que cresce acima da economia nacional. O governador Marconi Perillo, do PSDB, anunciou -- via redes sociais oficiais do governo -- na quinta-feira, 16, que a Hering, a gigante da fabricação de roupas, vai instalar novas fábrica no Estado.
A Hering já tem seis unidades em Goiás — em Anápolis, Goianésia, Paraúna e Santa Helena. O presidente do grupo, Fábio Hering [na foto acima, ao lado do governador goiano], disse ao governador Marconi Perillo, em São Paulo, que Goiás é um Estado que contribuiu para a expansão da empresa.
Goiás está no centro do Brasil e isto facilita o trabalho de distribuição da Hering.
Alcides Rodrigues (PSB), quando governador de Goiás, e Jorcelino Braga (PRP), quando secretário da Fazenda do governo de Goiás, disseram que Marconi Perillo, que havia sido governador de 1999 a 2006, era responsável pelo déficit nas contas do Estado. Rodrigues e Braga sublinharam que o tucano-chefe havia deixado uma “terra arrasada” e que o arquiteto da terra devastada seria o hoje governador Marconi Perillo. Porém, segundo o desembargador Itamar de Lima, do Tribunal de Justiça de Goiás, não conseguiram apresentar provas de suas afirmações. Por terem “lesado” a imagem de Marconi Perillo — configurando danos morais —, o magistrado condenou-os a pagar 100 mil reais de indenização. Rodrigues e Braga podem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. Se não o fizerem, terão de indenizar Marconi Perillo. A questão é que, se não apresentaram provas no TJ-GO, o que irão apresentar em Brasília, no STJ?
O advogado, ex-deputado e ex-prefeito de Jussara Joaquim de Castro (foto) foi indicado pela Assembleia Legislativa para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A posse será nos próximos dias. Ele ocupará a vaga deixada, por aposentadoria, pelo conselheiro Virmondes Cruvinel.
A informação mais curiosa é que o deputado Cláudio Meirelles (PR), que se considera inimigo figadal de Joaquim de Castro, fez questão de mostrar seu voto. Ele votou no ex-prefeito de Jussara. A votação foi secreta, mas o parlamentar decidiu exigir seu voto. Isto pode significar uma pacificação na política de Jussara, onde a prefeita, Tatiana Santos, é aliada de Cláudio Meirelles e adversária política do grupo de Joaquim de Castro.
Dos 36 votantes, Joaquim de Castro obteve o voto de 35. Cinco deputados não votaram porque não estavam na Assembleia.
Joaquim de Castro foi bancado pelo governador Marconi Perillo
Os deputados estaduais devem escolher Joaquim de Castro — advogado, ex-deputado e ex-prefeito de Jussara — para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. Isto, é claro, se o painel da Assembleia Legislativa de Goiás “deixar”. Na tarde de quinta-feira, 16, o painel “pifou” duas vezes — impedindo a votação. Deputados, de brincadeira, dizem: “É o mau agouro do Cláudio Meirelles”. Os parlamentares estão à espera de que técnicos consertem o painel. Joaquim de Castro é o nome apoiado pela base marconista. Cláudio Meirelles, do PR, é o nome bancado pela aliança PMDB — leia-se José Nelto e Adib Elias — e pelo PT, leia-se Luis Cesar Bueno.
Cláudio Meirelles tem o apoio de José Nelto, Adib Elias e Luis Cesar Bueno, seus principais articuladores
O ex-deputado José Dirceu, do PT, será o próximo a cair nas malhas da Polícia Federal? Não se sabe. Mas o bem informado Reinaldo Azevedo, maior polemista da imprensa patropi na atualidade, escreveu no seu blog na revista “Veja”: “Consta que, em breve, um outro peixão da legenda [do PT] cai na rede”.
Seria José Dirceu? Pode ser. Mas não vazou nada da Polícia Federal e do Ministério Público a respeito. O peixão pode ser outro. O que se sabe é que as denúncias estão cada vez mais “coladas” em José Dirceu e estão se “aproximando” do ex-presidente Lula da Silva.
O empresário Vanderlan Cardoso afirma que só disputará a Prefeitura de Goiânia se tiver o apoio de um grupo político forte. Como o PMDB já definiu seu candidato — será Iris Rezende —, as conversas do presidente do PSB tem sido com integrantes do PSDB, como o governador Marconi Perillo. As conversas, por enquanto, são preliminares, porque, como os líderes políticos sabem, não é mesmo o momento de definições de longo prazo — a eleição será em outubro de 2016. O momento é de conversar e de não arrombar portas abertas.
O que se especula, entre integrantes do PSB e PSDB, é que Vanderlan Cardoso tem chance de ser o candidato da base do governador Marconi Perillo. Uma das condições seria a filiação ao PSDB. Ele vai aceitar? Não se sabe. O que se sabe é que, mesmo se aceitar, o fará apenas em setembro, prazo final para filiação para quem vai disputar mandato em outubro de 2016. Mas um aliado de Vanderlan Cardoso é peremptório: “Ele não quer sair do PSB”. Por quê? “Porque tem o controle absoluto do partido e sua força, por não ter mandato legislativo ou executivo, deriva disto”.

Carlos César Higa
“As manifestações que avançam Brasil afora neste mês de junho mostram exatamente isso. Não é apenas o simples descontentamento com a classe política, mas sim a total falta de conexão com o que é trabalhado dentro do Congresso Nacional e a realidade deste país. Se a pauta daqueles que estão nas ruas é imensa, talvez o motivo principal seja a ausência de lideranças políticas que pensem o Brasil não para a Copa do Mundo ou para a Olimpíada, mas para muitos anos à frente”. Escrevi isso em um texto publicado pelo Jornal Opção em 20 de junho de 2013, no auge das manifestações que ocuparam as ruas de várias cidades do país. Entre as manifestações daquele ano e as de agora permanecem a insatisfação do brasileiro com os políticos e a falta de sintonia entre os trabalhos aqueles que nos representam com o que é exigido nas ruas.
A oposição é um exemplo dessa falta de sintonia. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) gravou um vídeo divulgado nas redes sociais convocando os brasileiros para saírem às ruas nos dias 15 de março e ontem. Faltou alguém gravar um vídeo e divulgar na rede social do senador convocando-o para também participar das manifestações. No dia 15, Aécio assistiu da janela do seu apartamento no Rio de Janeiro as pessoas que saíram as ruas contra o governo. Ontem, assinou um documento apoiando as manifestações. E dizem que essa oposição flerta com o golpe. Aécio Neves perdeu as eleições do ano passado para Dilma Rousseff por uma diferença de três milhões de votos. Ao invés de intensificar as críticas ao governo que fez durante a campanha (e que o tempo mostrou que estavam corretas) e buscar aproximação com os manifestantes, preferiu se esconder. Talvez o único que não saiba o real motivo das derrotas para o PT desde 2002 seja o próprio PSDB. Fica difícil apontar os erros já que o próprio partido se esconde quando convocado.
O lado bom dessas manifestações é o surgimento de movimentos como o Movimento Brasil Livre, Vem pra rua e Revoltados on-line, que se dispõe em fazer o papel que seria das oposições: organizar as manifestações contra o governo. E a rapaziada desses movimentos está conseguindo juntar muito mais gente do que os velhos manifestantes da CUT, UNE e MST. Os doze anos de governismo cobra seu preço. A manifestação de ontem foi menor que a do dia 15 de março? Com certeza foi muito maior do que as convocadas pelos governistas e não precisou de pão com mortadela.
O blog do Reinaldo Azevedo no site da Veja informa que os líderes dos movimentos que organizaram as manifestações estão convocando para uma marcha rumo a Brasília para pressionar os parlamentares no cumprimento das pautas reivindicadas nas ruas. Resta saber se o senador Aécio Neves irá publicar um vídeo na sua rede social dizendo que receberá o pessoal, mas, na realidade, marchará para o seu apartamento no Rio. Como o próprio Reinaldo escreveu no seu blog: ou o PSDB se reinventa ou será tragado junto com o PT.
A oposição nas ruas está fazendo a sua parte: convocando a população para protestar contra o governo, procurando os meios legais para efetivar suas pautas. Será que a oposição no Congresso continuará se omitindo como fez em 2013? Se Aécio se esconder novamente no seu apartamento a beira mar poderá ser tragado pelo tsunami que não vem do oceano, mas da Avenida Atlântica.
Carlos César Higa é mestre em história pela Universidade Federal de Goiás.

[caption id="attachment_32826" align="alignright" width="620"] Sob o olhar atento de Dana White, Demóstenes “McGregor” se prepara para lutar contra Ronaldo “José Aldo” Caiado. Guerra épica | Fotomontagem[/caption]
A imprensa política do país considera como sensacionais os dois primeiros rounds da luta de “MMA” entre o campeão senador Ronaldo “José Aldo” Caiado (DEM) e o desafiante ex-senador Demóstenes “Conor McGregor” Torres (ex-DEM). Com um direto no queixo, desferido a partir de artigo de jornal, Demóstenes venceu o primeiro round — deixando o oponente desnorteado.
Porém, depois de um eficiente trabalho no corner e devidamente consertado pelo martelinho de ouro do cutman-advogado Jacob “Stitch” Durant, Caiado voltou mais atento para o segundo round e, ao interpelar judicialmente Demóstenes, empatou a batalha.
Aguarda-se o terceiro round — com os contendores em igualdade de condições. Se apresentar um maior arsenal de golpes — documentos associando o senador ao empresário Carlos Cachoeira —, Demóstenes desempata e fica um ponto à frente.
Entretanto, se não houver a apresentação de provas de sua denúncia, tida como duríssima por advogados e pelo matchmaker Joe Silva, a luta irá para o quarto round — com a apresentação de uma queixa-crime por parte de Caiado. Se conseguir expor as provas, convencendo o juiz-árbitro de sua consistência, Demóstenes ganha mais um round. No entanto, sem documentos comprobatórios, perderá e a luta ficará empatada.
O quinto e último round — se a luta chegar até lá — sairá das mãos dos lutadores e passará ao controle de um juiz-árbitro. Se condenado, Demóstenes perde a luta. Se absolvido, Caiado é o grande derrotado.
O que Demóstenes e Caiado ganham e perdem “brigando” no ou fora do octógono? Os problemas judiciais do primeiro podem ser “agravados”? Não se sabe. Advogados experimentados sugerem que, em situação de crise, às vezes é preciso fingir-se de “morto”. O ex-senador comporta-se como “muito vivo”. O segundo, se Demóstenes apresentar provas de suas denúncias, sai chamuscado e dificilmente terá condições de ser candidato a governador em 2018. Um armistício — e não a continuidade da guerra —, acima das vaidades e orgulhos, seria mais inteligente para a dupla.

[caption id="attachment_32822" align="alignright" width="620"] Lúcia Vânia, Marta Suplicy e Paulo Paim: três senadores que caminham para se filiar ao PSB. Querem uma alternativa política[/caption]
A imprensa está de olho na fusão entre o PTB e o DEM, mas a fusão que pode sair antes é a do PSB com o PPS. Os dois partidos são socialistas — aliás, mais próximos da socialdemocracia europeia — e, portanto, têm identidade política. Não há resistência à união. O partido nasceria com quase 50 deputados federais e ganharia mais três senadores — Paulo Paim (RS), Marta Suplicy (SP), que devem deixar o PT, e Lúcia Vânia (GO), que está deixando o PSDB.
A crise do PT, que deve perder terreno eleitoral tanto em 2016 quanto em 2018 — devido à desmontagem de sua imagem ética —, possivelmente vai abrir espaço para um grande partido de esquerda, que poderá ser aquele que surgir da fusão entre PSB e PPS. Acredita-se que o espaço do PT, se este desmoronar de vez, não será ocupado pelo PSDB, que é visto como elitista e distanciado dos movimentos sociais e sindicais. Seria “ocupado” por outro partido de esquerda, mas não corroído por denúncias de corrupção.
Em São Paulo, Marta Suplicy, que deve disputar a prefeitura contra o desgastado Fernando Haddad, planeja sair o mais rápido possível do PT. Primeiro, para se “limpar” da imagem de petista. Segundo, porque precisa se postar, desde já, como “a” oposição ao petista Haddad.
Em Goiás, como não deverá disputar mandato em 2016, Lúcia Vânia tem mais tempo. Porém, se quiser organizar o PSB no Estado, precisa sair um pouco mais cedo para articular as filiações — quem quiser ser candidato a prefeito e vereador tem de se filiar até setembro deste ano — e fortalecer o partido para o pleito de 2018, quando deverá disputar, pela terceira, mandato no Senado.
Um aliado do presidente do PSB em Goiás, Vanderlan Cardoso, diz que as conversações com Lúcia Vânia estão “fechadas”. “Ela vai jogar no nosso time”, frisa. “Nós sabemos que o PPS também é uma opção para a senadora, mas o PSB é mais interessante porque tem uma bancada sólida no Senado e está crescendo”, afirma o político.
Um político que mantém interlocução com o PSB avalia que Vanderlan Cardoso planeja ser candidato a prefeito de Goiânia, mas “não demonstra muita vibração”. “Vanderlan espera obter o apoio do governador Marconi Perillo, porém, embora o tucano seja imprevisível, a tendência é que o PSDB banque um candidato a prefeito e deixe a negociação com políticos de outros partidos para o segundo turno. Insisto que, para Marconi, tendo pré-candidatos sólidos no PSDB, como Jayme Rincón e Giuseppe Vecci, não será fácil apoiar candidato de outro partido.”
Na possibilidade de um segundo turno entre Iris Rezende, do PMDB, e Vanderlan, a tendência é que o tucano-chefe fique com a segunda hipótese. Não tanto por ter muito entusiasmo por Vanderlan, e sim para enfraquecer Iris. Porque, se este for eleito, o PMDB terá mais estrutura para disputar o governo em 2018. Se Iris perder, é possível que seja mais fácil, para Marconi, eleger seu sucessor.

[caption id="attachment_32819" align="alignright" width="620"] Júnior Friboi: luta contra expulsão para reorganizar o PMDB para as disputas eleitorais de 2016 e 2018 | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Um advogado disse que a imprensa, inclusive o Jornal Opção, está errando quando analisa a possibilidade de expulsão de Júnior Friboi dos quadros do PMDB. “A Comissão de Ética decide se ‘adverte’, se ‘suspende’ ou se ‘expulsa’. A Comissão Executiva só executa o que a primeira — que tem autonomia — propõe.”
O Jornal Opção ouviu as correntes que querem e não querem a expulsão de Friboi. “A maioria da Comissão de Ética é pela rejeição da denúncia contra Friboi, por considerá-la inepta, frágil”, afirma um friboizista. O empresário deverá apresentar sua defesa na quinta-feira, 16. “Friboi está tranquilo e, se permanecer no partido, como acredita, vai articular a montagem da chapa para a disputa do Diretório Estadual em outubro. Em seguida, se eleito, vai percorrer todo o Estado com o objetivo de reorganizar o partido para a disputa eleitoral de 2016”, diz o peemedebista.
O líder do PMDB na Assembleia Legislativa, José Nelto, contrapõe: “Friboi vai ser expulso do PMDB”.
“Não tenho a menor dúvida de que não há espaço para a permanência de Friboi no PMDB”, afirma José Nelto. “A situação dele é insustentável. Não tem conversa, disse-me-disse. Se o pessoal ficar com Friboi é o fim do partido, que ficará desmoralizado. Um partido que não tem caráter e não tem personalidade não se sustenta. Friboi é ‘sonegador’, ‘traidor’ e ‘infiel’. Portanto, não pega bem para o PMDB mantê-lo em seus quadros. É hora de retirar as máscaras e assumir posições. Ou todos se esqueceram que, em 2014, quando o PMDB tinha seu candidato a governador, Iris Rezende, Friboi declarou voto noutro candidato, Marconi Perillo, do PSDB? Não acredito que tenham se esquecido.”
Iris Rezende, do qual José Nelto é uma espécie de porta-voz informal para assuntos políticos, também quer a exclusão de Friboi dos quadros do PMDB. “Os ‘marconistas’ têm de se filiar no PSDB, no PSD e no PP”, sugere o deputado.