Oposições trabalham com a hipótese de que terão de enfrentar José Eliton no segundo turno

16 setembro 2017 às 12h29

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Há uma aposta de que em 2018 a disputa se dará entre candidatos novos e entre estruturas. Ronaldo Caiado não preenche os dois requisitos

Políticos do PMDB e do DEM admitem, sobretudo nos bastidores, que, na disputa pelo governo de Goiás em 2018, o confronto final, no segundo turno, se dará entre o candidato do governo, o vice-governador José Eliton (PSDB), e um candidato das oposições — o deputado federal Daniel Vilela, do PMDB, ou o senador Ronaldo Caiado, do DEM.
Aliados de Ronaldo Caiado sugerem que, como é mais experiente do que Daniel Vilela e pelo fato de que teria a imagem cristalizada de apóstolo da ética, tende a ser o adversário de José Eliton na segunda etapa. Por isso, embora seu grupo considere o postulante peemedebista inexpressivo intelectual e politicamente, vai tentar — isto se o senador for mesmo candidato — não atacá-lo de maneira agressiva no primeiro turno. Os caiadistas temem não ter o apoio do presidente do PMDB no segundo turno, porque consideram que seu pai, Maguito Vilela (PMDB), está cada vez mais próximo, ao lado do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (PMDB), do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Um irista-caiadista costuma dizer que Maguito Vilela trocou de líder: “Abandonou Iris Rezende e passou a seguir Marconi Perillo”. A interpretação parece não proceder, pois, embora os dois dialoguem com frequência—dada a civilidade de seus posicionamentos —, não há nenhuma relação de subordinação por parte do ex-governador. O fato é que o caiadismo subestima tanto Daniel Vilela quanto Maguito Vilela, possivelmente devido à sua forte ligação com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB).
Os aliados de Daniel Vilela tendem a ver Ronaldo Caiado como um “político do passado”, com um discurso “excessivamente agressivo” e até com “arroubos antidemocráticos”. “Não dá para aceitar um político que admite trocar o debate de ideias pelo desforço físico”, afirma um deputado estadual do PMDB. Os danielistas dizem que um político que almeje disputar o governo do Estado precisa, antes de tudo, ter o apoio de um partido. “O senador é filiado ao DEM, que preside como um coronel, mas o partido é uma ficção pura, não tem estrutura nenhuma. Um partido que não tem um deputado federal, um deputado estadual e nem dez prefeitos não tem como bancar uma candidatura a governador. Quem vai receber Ronaldo Caiado nos municípios? Ninguém. Acrescento que a maioria dos prefeitos do DEM segue o governador Marconi Perillo”, afirma um líder do PMDB.
Dada a “fraqueza” da estrutura política de Ronaldo Caiado, os danielistas sugerem que Daniel Vilela tende a disputar o segundo turno contra José Eliton. “Nós acreditamos que o quadro de 2018 terá como postulantes mais estruturados Daniel Vilela e José Eliton. Vai ser estrutura contra estrutura, candidato novo contra candidato novo. Sem campanha, com os outros pré-candidatos sendo menos conhecidos, Ronaldo Caiado tende a sair em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Porém, com o aprofundamento da campanha e mesmo da pré-campanha, irá se desidratando, como ocorreu em 1994, quando começou em primeiro e terminou em terceiro, deixando de ir para o segundo turno”, postula um deputado.