O secretário Lucas Vergílio é novidade boa no miniministério de Ronaldo Caiado
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                09 março 2023 às 17h55

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Nilson Gomes
A grande surpresa entre os eleitos em 2014 para o Congresso Nacional foi o corretor de seguros e líder sindical Lucas Vergílio, 27 anos à época. Ao se analisar o período em que exerceu aquele primeiro mandato, o epa! virou oba! A maioria não sabe em quem votou para deputado menos de quatro meses atrás e muito menos o que esse pessoal faz em Brasília. Projetos, então, são um deserto. E falar na tribuna da Câmara? Raríssimo. Pois preste atenção no serviço.
De estreante, há pouco o que se esperar além da timidez. Pois na experiência inicial como deputado, Lucas apresentou 699 proposições legislativas, 537 delas como autor, 162 como relator. Fez 80 pronunciamentos no Plenário. Nas comissões, verdadeiras fontes de oxigênio do Parlamento, Lucas passou de mil sessões – precisamente 1.075 debates, inclusive como presidente de uma das principais comissões, a de Desenvolvimento Econômico (CDE). São tantas marcas que para publicá-las na íntegra seria necessário um Guinness Book.
De surpresa se transformou em revelação, e por essas e outras proezas foi reeleito em 2018. Apesar de o foco ser distinto, pois na pandemia dedicou-se basicamente a arrumar recursos para Saúde e geração/manutenção de empregos, manteve a singularidade dos números na legislatura 2019/2002: foram 534 projetos de vários tipos (autor de 478, relator de 56), 78 discursos no Plenário e 449 reuniões nas comissões. Veio a eleição de 2022, oitavo ano seguido de recordes de obras, maquinários, equipamentos e verbas. Não é Ronaldinho, mas é um fenômeno. (Spoiler: a seguir tem um golaço atrapalhado pelo VAR.) Estavam impedidas as coligações para cargos proporcionais e o partido de Lucas, o Solidariedade, montou boa chapa, mas não alcançou o coeficiente para obter vaga na Câmara.

Para quem do parágrafo acima só conhece o craque de futebol, traduzindo:
1) coligações são as alianças entre partidos para disputar eleições;
2) cargos eletivos podem ser proporcionais ou majoritários. Proporcionais: vereador e deputado estadual, distrital e federal. Majoritários: prefeito, governador e presidente da República com seus vices e senador com seus dois suplentes;
3) coeficiente é a quantidade mínima de votos exigida para eleger cada representante.
Lucas teve 76.283 votos, superior a quatro dos que tomaram posse na Câmara. Número 1 nas urnas de 26 cidades. Portanto, não foi Lucas derrotado, Goiás é que perdeu um parlamentar produtivo no Plenário, nas Comissões e na busca por benefícios.
Agora, Lucas é secretário de Relações Institucionais do Governo de Goiás. Substitui o advogado Ernesto Roller. Não entrou no lugar de qualquer um. Roller foi deputado estadual, prefeito de Formosa, secretário de Segurança Pública do Estado, procurador-geral do Município de Goiânia. Na campanha de 2018 e desde 2019, Roller fez o meio de campo para Ronaldo Caiado junto às lideranças municipais e aos integrantes da Assembleia Legislativa. Para dar ideia da eficácia da atuação de Roller, despediu-se do posto com o governador ao lado de 240 dos 246 prefeitos. Ou seja, saiu por cima sem deixar companheiro por baixo.
Claro, além de Roller, havia toda uma equipe com gente do quilate de Marcos Cabral, Luiz Cláudio Ponce, Luís Rattes, Olivar Jr., Rogério Troncoso, Marcílio Lobó, Beto Varjão, Da Rocha Araguapaz, Rodrigo Ribeiro, Carlinhos Diogo, Alex Cidade de Goiás, Roger Minaçu, Rafael Rahif, Mônica Sena, Marquin do PFL, Negão de Feira, Tina de Feira, Jorjão Caiado, Neto Zenha, Guerra PM, Guto Piri, Visconde Mara Rosa, Heliandra Chaveiro, Charles do Bom Jardim, Davi do Durval da Usina, Mariana Gidrão e o trio de ajudantes de ordens (Gustavo Fregonezi, Corrêa e Feitosa). Eis os assessores diretos de Ronaldo Caiado que fizeram política para a reeleição, junto com os candidatos a vice-governador, os três ao Senado e os pretendentes a deputado estadual e federal – inclusive, Lucas Vergílio, um dos mais fiéis pedidores de voto para a chapa majoritária.
Lucas é municipalista, tanto que teve apoio de prefeitos significativos para cada região, como Rita de Cássia (Itaberaí, no Centro), Joaquim Guilherme (Morrinhos, no Sul), Marco Rogério Chicão (Piranhas, no Oeste), José Délio Jr. (Hidrolândia, na Região Metropolitana), Graciele da Arte Trigo (Campo Limpo, no Entorno de Anápolis), Valmir Pedro (Uruaçu, no Norte) e um dos maiores líderes do interior, Itamar Leão (Sanclerlândia, no Oeste).
Assim como Ernesto no começo era mais conhecido como “filho do Doutor Carlos Roller”, referência na advocacia no Entorno de Brasília e no Distrito Federal, o pai de Lucas é igualmente famoso, o ex-deputado federal Armando Vergílio, de quem o filho herdou diversas qualidades. Ernesto foi candidato a vice-governador em 2010 e Armando, em 2014. Resumindo, para o lugar de Vinicius Júnior tinha que ser de Mbappé pra cima. Caiado, que é flamenguista, repôs a peça sem perder eficiência.
No Congresso, Lucas se dedicou à defesa do empreendedorismo, do cooperativismo, da vida. Antenado toda vida. Em 17 de abril de 2019, avisou no plenário da Câmara o que agora é manchete diuturnamente: os garimpeiros estavam destruindo as propriedades de indígenas. O horror da Covid 19 foi amainado por articulações de Lucas que derrubaram portarias absurdas do Ministério da Saúde e, em consequência, liberou para Goiás quase R$ 700 milhões. A área de Saúde recebeu R$ 149 milhões num período, R$ 219 milhões no segundo. Relatou três projetos que garantem penas pesadas para quem mata animais. Enfim, orfandade geral com sua ausência na Câmara. E ressurgiu no miniministério, como o Jornal Opção batizou o time de Caiado, que agora tem ainda:
a – Carol Fleury, secretária do Entorno que até 70 dias atrás mandava num ministério, a Secretaria de Governo no comando de Flávia Arruda;
b – Waldir Soares, delegado que fez história ao ser bicampeão de votos para a Câmara dos Deputados e caminha para vitórias também no Detran. Teria sido ministro a partir de 2019, mas rompeu com Jair Bolsonaro, de quem foi um dos pioneiros na ajuda para presidente em 2018;
c – Alexandre Baldy na Agência de Habitação (Agehab) reforça o grande tocador de obras revelado no Ministério das Cidades ao construir, por exemplo, 53 mil casas e apartamentos para famílias de Goiás, um recorde que só o próprio poderia superar.
Difícil dizer se vão conseguir 100% do que a população goiana aguarda, mas no mínimo é um pessoal 100%.
Nilson Gomes é advogado e jornalista.
