O pP de Ciro Nogueira não aceita Michelle Bolsonaro na vice de Tarcísio de Freitas

28 junho 2025 às 21h00

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O ex-presidente Jair Bolsonaro teria pensado uma chapa majoritária assim: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos, a caminho do PL), para presidente da República e Michelle Bolsonaro (PL) na vice.
Porém, o pP de Ciro Nogueira, ao saber da articulação, estrilou. Deu resultado: Jair Bolsonaro voltou a falar que Michelle Bolsonaro tem de ser candidata a senadora pelo Distrito Federal. Tanto que, na semana passada, a ex-primeira-dama deu declarações a respeito de Brasília, sugerindo que não tem compromisso firmado com o governador Ibaneis Rocha (MDB), que planeja disputar mandato de senador em 2026.

O União Brasil tem pré-candidato a presidente da República. Trata-se do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. No momento, o gestor goiano é o único que tem polarizado com o presidente Lula da Silva e apresentado um discurso consistente na área da direita (tanto no campo da economia quanto da segurança).
O pP e o União Brasil estão federados. Ainda assim, Ciro Nogueira comporta-se como se não estivesse. Por isso, articula, sem anuência do União Brasil, para ser vice de Tarcísio de Freitas.
Um aliado de Ciro Nogueira afirma que o senador “tem certeza” de que Jair Bolsonaro bateu o martelo: “O seu candidato a presidente será Tarcísio de Freitas”.

Se é forte em São Paulo, Estado que conta com o maior eleitorado do país, Tarcísio de Freitas não tem presença no restante do país, por exemplo no Nordeste. Ciro Nogueira é do Piauí, mas não tem influência em outros Estados nordestinos, como a Bahia, que tem muito mais eleitores que o Estado do senador do pP.
No momento, Ronaldo Caiado tem presença crescente no Nordeste, sobretudo na Bahia. Neste Estado conta com o apoio de ACM Neto e do prefeito de Salvador, Bruno Reis. Sua mulher, Gracinha Caiado (União Brasil), é baiana de Feira de Santana. Noutras palavras, o líder goiano tem um pé no Estado. Ciro Nogueira não tem.
Por ser um político racional, ao contrário de muitos bolsonaristas, Tarcísio de Freitas agrada setores do mercado. Mas e se não emplacar numa disputa feroz contra um profissional como o presidente Lula da Silva, do PT?
No fundo, Tarcísio de Freitas gostaria de disputar a reeleição em São Paulo. Porque teme enfrentar um profissional como Lula da Silva e, também, porque tem uma reeleição praticamente garantida. Mas tem sido “empurrado” para a disputa por Jair Bolsonaro. E se der tudo errado?
A impressão que se tem é que Tarcísio de Freitas é mais entusiasmado com a possibilidade de Ronaldo Caiado disputar a Presidência. Os dois têm bom relacionamento. Tanto que o membro do Republicanos quase foi candidato a senador por Goiás em 2022 (teria sido “vetado” por dois candidatos a senador — por sinal, um do pP e o outro do PL). (E.F.B.)