O lance político que beneficia tanto Marconi Perillo quanto o vice José Eliton

15 agosto 2015 às 15h07

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O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), movimenta as peças do xadrez político com rara habilidade. Ao perceber que a oposição se recusa à renovação — tanto que Iris Rezende (PMDB) deve disputar a Prefeitura de Goiânia, com 83 anos, em 2016 —, o tucano-chefe está remontando e rejuvenescendo seu exército político-eleitoral. Há pouco tempo, trouxe para o seu lado o ex-presidente da OAB-Goiás Henrique Tibúrcio. Em 2014, convenceu um dos melhores quadros tucanos, o economista Giuseppe Vecci, a disputar eleição para deputado federal. Um pouco antes atraiu para sua base o melhor quadro forjado pelo PMDB nos últimos anos — o economista e deputado federal Thiago Peixoto, filiado ao PSD. Dos braços do senador Ronaldo Caiado, do DEM, arrancou o vice-governador, José Eliton. Outros jovens, como o deputado estadual Virmondes Cruvinel, circulam com o tucano, que, aos 52 anos, ainda é jovem.
Ao atrair José Eliton para o PSDB, retirando-o do PP — a filiação se dará em setembro —, o que, de fato, sugere (e planeja) Marconi Perillo? Várias coisas, algumas delas, possivelmente, ainda não devidamente racionalizadas, porque o futuro, como já disseram, nem a Deus pertence. Primeiro, o tucano quer manter o poder, em 2018, nas mãos do PSDB, considerando que a cúpula nacional prepara-se para exigir que sejam lançados candidatos a governador em todos os Estados, com o objetivo de, entre outras coisas, fortalecer o candidato a presidente da República e, ao mesmo tempo, contribuir para ampliar a base parlamentar em Brasília.
Segundo, com José Eliton filiado ao PSDB, não haverá questionamento à sua decisão de apoiá-lo para governador. Está incrustada na memória dos tucanos, com traços de aço, o que aconteceu em 2006, quando, ao assumir o governo, Alcides Rodrigues, então no PP, decidiu que seria candidato à reeleição e, aos poucos, afastou os tucanos do governo. Não se quer repetir a história com José Eliton, que deve assumir o governo no início de abril de 2018. Filiado ao PSDB, sua candidatura dependerá basicamente de uma decisão do tucano-chefe. Frise-se que Marconi Perillo confia em José Eliton e tem feito o máximo para valorizá-lo e, sobretudo, encorpá-lo em termos políticos e administrativos. A Secretaria de Desenvolvimento é, por assim dizer, um mini-governo. O objetivo do tucano-chefe é dotar o aliado de experiência em termos de gestão e, ao mesmo tempo, contribuir para que se relacione com políticos de todos os partidos.
Terceiro, com José Eliton no PSDB, Marconi Perillo ganha tranquilidade para suas articulações nacionais. O tucano-chefe, se puder, será candidato a presidente da República em 2018. Porém, sabe que existe uma fila, com duas figuras de proa na sua frente, o mineiro Aécio Neves e o paulista Geraldo Alckmin. Ainda assim, apostando que a vida reserva surpresas, está se colocando nacionalmente, se apresentando aos brasileiros. O mais certo, porém, é que dispute mandato de senador e se o presidente eleito for tucano tende a se tornar ministro, possivelmente das Cidades.