Militares tentam segurar o “insegurável” Mandetta. Mas Bolsonaro quer demiti-lo

13 abril 2020 às 14h42

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Os generais não mandam nem querem mandar no presidente. Mas, ao apelar por Mandetta, demonstram bom senso
Não é o Supremo Tribunal Federal, via Dias Toffoli. Não é Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados. Não é Davi Alcolumbre, presidente do Senado. Nenhum deles. O médico Luiz Henrique Mandetta “está” ministro da Saúde do governo federal por causa dos militares. “Está”, vale dizer, não é o mesmo que “é”.

Não. Não. Não. Os militares não deram um golpe. Não. Não. Não. Os militares não mandam no presidente Jair Bolsonaro. Ninguém manda — nem os filhos. Muito menos Carluxo Bolsonaro, supostamente o seu xodó. Bolsonaro ouve só a si mesmo. Seu ego — “inseguro” — é maior do que o Brasil.
Na verdade, os militares tão-somente são ouvidos por Bolsonaro — que, em geral, não ouve ninguém. Os generais não querem mandar, não estão mandando. Estão, isto sim, orientando, e muito bem, o presidente da República. No momento, é Mandetta quem melhora a imagem do governo de Bolsonaro tanto no Brasil quando no exterior. Com sua saída, não se sabe exatamente o que virá — talvez o caos. O que equivale a dizer mais mortes, uma grande quantidade de mortes.
O fato é que, apesar da orientação dos militares, Bolsonaro continua querendo mandar Mandetta para casa (militares sugerem que o ministro também não ajuda, ao quebrar a hierarquia publicamente. O fato de ter passado o fim de semana em Goiânia, com o governador Ronaldo Caiado, não agradou Bolsonaro). Comenta-se, inclusive, que o ministro será secretário da Saúde de Goiás ou do governo de São Paulo. Ou até do Rio de Janeiro.
Bolsonaro pôs na cabeça que Mandetta quer ser candidato a presidente da República.