Militantes dizem que Baldy usa o PP para si em acordos políticos e administrativos

08 março 2020 às 19h35

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O apoio ao governo de Ronaldo Caiado foi uma decisão monocrática, ou seja, de Alexandre Baldy
Há vários integrantes do partido Progressistas que não estão satisfeitos com o presidente da legenda em Goiás, Alexandre Baldy. Ele é chamado de “presidente estrangeiro”, porque mora em São Paulo e “raramente vem a Goiás, subordinando todos do partido aos seus caprichos com datas e horários”.
“Baldy é uma metamorfose ambulante. Ele esteve com Marconi Perillo, quando era conhecido como seu ‘menino de ouro’, depois passou para o lado de José Eliton, em seguida começou a andar com Daniel Vilela, do MDB, e agora está com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do DEM. Ele passou a apoiar Caiado porque acredita que será candidato a senador ou vice-governador, em 2022, com seu apoio”, afirma um ex-deputado.

Os militantes do PP afirmam que Baldy administra o partido como se fosse não um líder político, que tem de ser democrático, mas como se fosse um rei ou um ditador. “Ninguém pode contestar nada. Ele é a majestade, o ditador”, afirma um membro do partido em Goiânia.
Ao contrário do que afirma Baldy, “o partido em nenhum momento foi consultado sobre o apoio ao governo de Ronaldo Caiado. Frise-se que não houve nenhum ganho administrativo para o partido. Não se está falando de fisiologismo, não. Estou falando de apoio aos municípios geridos pelo PP. Quer dizer, o Progressistas, levado por Baldy, apoia o governo, mas o governo não tem compromisso com os prefeitos do partido. O compromisso, está claro, é com Alexandre Baldy. Na primeira oportunidade, quando poderia indicar alguém ligado ao Professor Alcides Ribeiro, dono de uma faculdade, para a Secretaria de Cultura, o ex-ministro Baldy não pensou dois minutos e bancou seu irmão, Adriano Baldy — que, por sinal, não entende nada de cultura e possivelmente não sabe quem é Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Élis, D. J. Oliveira e Belkiss Spenciere. Noutras palavras, Baldy colocou o partido numa negociação varejista — exclusivamente para seu grupo e, como se viu, para sua família”, critica o ex-deputado, que prefere não expor seu nome. “O Baldy sabe quem está falando, é claro, porque não concordo com sua ‘indigestão’.”
O coronel Adailton não deixou o Progressistas por causa da janela partidária. Mas ele quer sair e já conversou, por exemplo, com o presidente do PSD, Vilmar Rocha. O motivo é o mesmo: Baldy não abre o partido para seus integrantes. Os prefeitos de Goiatuba e Gameleira estão na mesma situação — insatisfeitos com a gestão imperial de Baldy. Há pouco tempo, marcou uma reunião com o prefeito de Gameleira, em São Paulo, e não o recebeu — quiçá para mostrar poder.
O prefeito de Vianópolis, Issy Quinan, é uma referência do Progressistas em Goiás. Mas é mantido escanteado por Baldy. Ele defende que o partido precisa ser democratizado.
Há quem postule que, se não houver mudança, é preciso trocar o nome do Progressistas. “Faço duas sugestões. Primeiro, Partido Progressistas do Baldy (PP do B). Segundo, Partido para o Progresso da Família do Baldy (PPF do B)”, propõe o ex-deputado. “A base política dele circunscreve-se, na verdade, ao deputado Adriano do Baldy e ao irmão Adriano. O PP histórico está abandonado, não tem voz.”
A rebelião tende a crescer. Porque a insatisfação com a condução do PP por Baldy está se generalizando.