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Em 1998, Perillo tinha Nion, Mauro Borges, Caiado e Otávio Lage. 24 anos depois, o prefeito conta com Magda, Professor Alcides e Cláudio Meirelles

Na sua primeira arrancada para o governo de Goiás, em 1998 — há quase 24 anos —, Marconi Perillo foi praticamente carregado por um grande grupo de “generais” eleitorais, como Lúcia Vânia, Nion Albernaz, Mauro Borges, Jovair Arantes, Roberto Balestra e, entre outros, Jalles Fontoura (reforçado por seu pai, Otávio Lage de Siqueira — que pagava os cheques “voadores” do tucanato).

Portanto, não dá para comparar o lançamento da pré-candidatura do prefeito de Aparecida de Goiânia no sábado com a história de 1998.

O que se viu na “festa” de Mendanha foram cabos, alguns sargentos e tenentes e três generais (quiçá da reserva) eleitorais. Muitos dos cabos eleitorais talvez tenham sido arregimentados de última hora, para criar a ideia de que uma “multidão” compareceu ao evento. Não se sabe se eram “legionários” pagos ao final do dia.

Gustavo Mendanha, pré-candidato a governador de Goiás, apadrinhado por um “general” eleitoral, o Professor Alcides Ribeiro (de camisa azul) | Foto: Divulgação

Os três generais de Mendanha são os deputados federais Magda Mofatto (PL) e Professor Alcides Ribeiro (pP) e o empresário Jalles Fontoura (PSDB), um milionário que já foi prefeito de Goianésia (esteve no encontro única e exclusivamente para pregar a união entre Mendanha e Marconi Perillo).

Magda Mofatto e Alcides Ribeiro, como se sabe, se tornaram inelegíveis por decisão da Justiça Eleitoral. Recorreram e estão à esperança de uma sentença favorável, mas, no momento, “não” podem ser candidatos e qualquer montando podem ser “cassados”. Mas, dadas as estruturas de ambos — são milionários — e têm presença política no interior, podem ser chamados de generais eleitorais. Jalles Fontoura, político e empresário sério, curte uma espécie de “aposentadoria”. Em 2020, articulou uma chapa para prefeito em Goianésia, em aliança com o MDB, e seu candidato foi olimpicamente derrotado. Portanto, sua patente talvez possa ser rebaixada para coronel eleitoral — o que, a rigor, não é nenhum demérito.

Os sargentos eleitorais Paulo Cezar Martins (realmente bom de voto) e Cláudio Meirelles, ambos deputados estaduais, não têm experiência com coordenação de eleições majoritárias. O deputado estadual Major Araújo tem força em Goiânia, mas é praticamente desconhecido no interior. É quase um tenente eleitoral.

Os demais, repetindo, eram soldados, ou no máximo cabos eleitorais. A disputa será em 2 de outubro deste ano e não se ganha uma batalha apenas com soldados e sargentos. É preciso dos estrategistas — os coronéis e os generais eleitores. Claro que não se pode subestimar sargentos, cabos e sargentos eleitorais, pois afinal são aqueles que, nas campanhas e lutas, levam tudo adiante. Mas um corpo sem cabeça, os coronéis e generais eleitorais, é o mesmo que uma ideia que, estagnada, “não anda”. Ou seja, um nada.

A rigor, há um “parentesco” entre Mendanha e Perillo. Os seguranças que o protegeram e, depois, o carregaram já fizeram o mesmo com o tucano. (Mendanha sendo carregado por dois homens fortes, possivelmente pobres, lembrou aquela imagem de escravos carregando as liteiras dos potentados.)

A parte trágica ficou por conta de um dos supostos coordenadores do encontro de Mendanha. Ronan Batista, ex-prefeito de Niquelândia, foi destaque nos telejornais do país, inclusive da TV Globo, por ter sido acusado de pedofilia. Chegou a ser investigado até no Senado.

Ronan Batista talvez tenha sido a cereja do bolo do baile da Ilha Fiscal da campanha de Mendanha. “Que início!” — exclamou um marconista depois de ver o ex-prefeito de Niquelândia coordenando… o quê, não se sabe.