Meireles diz que controle do teto de gastos é crucial para o equilíbrio da economia

27 fevereiro 2022 às 01h18

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Pré-candidato a senador por Goiás, o engenheiro de Anápolis costuma dizer que a política tem um caráter transformador que precisa ser mais bem aproveitado
Nascido em Anápolis, Henrique Meirelles se formou em Engenharia e foi o primeiro estrangeiro a dirigir o BankBoston nos Estados Unidos. Desde então, se tornou uma referência cosmopolita, em termos econômico-financeiros, interna e externamente. Ele é consultado por líderes políticos e investidores do Brasil e do exterior.
Conhecido como “consertador” de governos, Meirelles, nos oito anos do governo de Lula, atuou como presidente do Banco Central, contribuindo para o controle da inflação e para o crescimento da economia. Ele era um dos principais, senão o principal, consultores do petista-chefe.
Adiante, no governo do presidente Michel Temer, trabalhou como ministro da Fazenda. O governo estava o caos, mas, em pouco tempo, o gestor o “desentortou”. Afinal, qual é seu segredo para ajustar governos?
Na verdade, quando inquirido sobre o assunto, Meirelles afirma que, no fundo, não há segredo algum. O fundamental, afirma, é o controle do teto de gastos. Se o governo conseguir controlar os gastos, obedecendo ao teto definido, a tendência, com as contas em ordem, é que o governo seja mais funcional e, deste modo, tende a contribuir para o crescimento da economia. A quebra do teto de gastos — como está ocorrendo no governo do presidente Jair Bolsonaro — cria instabilidade no mercado e afasta investidores, sejam internos ou externos.

Com o Brasil em crise, por que o Estado de São Paulo — que tem uma economia mais forte do que a da Argentina e do Chile (só perdendo, na América Latina, para o Brasil e para o México) — cresce mais do que o país (chegou a crescer 7% ao ano)? Além de cumprir o teto de gastos, o governo de João Doria, tendo Meirelles como secretário da Fazenda e do Planejamento, estabilizou as finanças do governo e fez investimentos adequados. E, também, atraiu novos investimentos para o Estado.
Cobra-se de Meirelles o fato de que vive mais fora de Goiás. O fato é que os goianos deveriam se orgulhar do engenheiro de Anápolis — um homem que venceu pelos próprios méritos no Brasil e no exterior. Ele foi eleito deputado federal em 2002, mas optou por ser presidente do Banco Central. Contribuiu mais com o país, portanto com Goiás, tendo estabilizado a economia a partir de uma ação irretocável no BC. Sob a batuta de Lula da Silva e Meirelles, o país cresceu, manteve a inflação baixa e gerou milhares de empregos (inclusive em Goiás). Seu legado não é apenas nacional, pois beneficiou todos os Estados. Porque, quando o governo federal vai bem, os Estados seguem, em geral, pelo mesmo caminho.
Fala-se que, se Lula da Silva for eleito presidente, Meirelles será o seu ministro da Fazenda. De fato, seria uma escolha sensata. Mas a aliados políticos e a amigos, Meirelles tem dito que, se for eleito senador, assumirá o mandato, pois avalia que poderá contribuir com o Brasil e com Goiás atuando lá. (Recentemente, perguntaram ao petista-chefe se indicaria Meirelles para seu ministério, em caso de ser vitorioso, e ele respondeu que o mundo é redondo, dá voltas e a história é cíclica. Foi sua maneira inteligente e perspicaz de sugerir que o político e técnico goiano tem as portas abertas, mesmo apoiando João Doria para presidente. Por sinal, Meirelles costuma afirmar que o governador de São Paulo vai mesmo disputar mandato de chefe do Executivo nacional.)
Interlocutores recentes de Meirelles sublinham que sua lucidez é espantosa. Ele está sempre atento aos que acontece no Brasil e no Brasil.
Meirelles pode ser candidato a senador na chapa do governador Ronaldo Caiado e Daniel Vilela (o vice). O relacionamento dos dois é antigo e respeitoso. Há anos, quando o Democratas se chamava PFL, Ronaldo Caiado convidou-o para disputar mandato eletivo. Então, de alguma forma, o gestor goiano é um dos responsáveis, direto ou indireto, por sua dedicação à política. O engenheiro — que entende mais de economia do que muitos economistas (sabe tudo da teoria, mas, acima de tudo, sabe aplicá-la ao dia a dia, e não como mero exercício acadêmico — costuma dizer que a política tem um caráter transformador que precisa ser mais bem aproveitado. Por isso voltou-se para a política e quer ser senador.