MDB pode bancar chapa com Maguito Vilela e Paulo Ortegal. E pode obter apoio de Vanderlan

12 abril 2020 às 00h00

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Crucial entender: Iris Rezende ainda não saiu do páreo e é considerado o favorito para a disputa de outubro ou dezembro

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), aparece bem nas pesquisas. Hoje, quando se retira o nome do senador Vanderlan Cardoso (PSD), o emedebista, hors concours, dispara. Curiosamente, sem Vanderlan, o nome que cresce é o de Adriana Accorsi (PT), seguida de Elias Vaz (PSB) e Francisco Júnior (PSD). Se for candidato, as chances de ser reeleito são imensas.
Político atento, Iris Rezende sabe que, pós-coronavírus, o quadro político poderá ser outro. É provável, inclusive, que não dê tempo de inaugurar parte das obras substanciais. Aos 86 anos, o prefeito é um político diferenciado, um autêntico gestor — daí o respeito granjeado entre os eleitores (tanto que aparece na frente de Vanderlan Cardoso, o único, no momento, que se aproxima dele). Por sua experiência, por ter uma visão ampla do quadro, o decano do MDB pode desistir da disputa? Pode ser que “sim” e pode ser que “não”. O fato é que ele não vai decidir agora, e nem precisa, sobretudo porque o emedebismo e ele estão bem — até muito bem — na capital.

Iris Rezende gosta de ser prefeito, de fazer obras e de dialogar com a população (o mutirão, por exemplo, é um dos momentos em que ele fala diretamente com as pessoas, e as ouve cuidadosa e pacientemente). Mas, amparado em pesquisas e outros fatores, o veterano gestor pode mudar e bancar a candidatura de Maguito Vilela a prefeito de Goiânia?
O presidente do MDB, ex-deputado federal Daniel Vilela, é uma espécie de “pedra” no meio do caminho entre Iris Rezende e Maguito Vilela. Mas não é uma pedra irremovível. Mesmo nos momentos mais tensos da relação de Daniel Vilela com o casal Iris Rezende e Iris Araújo, Maguito Vilela manteve a diplomacia e, sobretudo, a amizade e a lealdade ao prefeito. Há uma relação de amizade e respeito incontornável entre o prefeito de Goiânia e o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia.

Tanto que Maguito Vilela afirma, de maneira peremptória, que só disputa a Prefeitura de Goiânia se Iris Rezende não for candidato. E mais: só disputa se obtiver o apoio do prefeito. Que ninguém duvide disto: Maguito Vilela é um dos poucos políticos que não tem o hábito de recuar de suas posições.
Uma candidatura de Maguito Vilela acrescenta componentes novos ao jogo político. Porque, se for candidato, dificilmente o PSD lançará um candidato a prefeito. Porque o senador Vanderlan Cardoso, do PSD, mantém forte ligação com Maguito Vilela e Daniel Vilela. Há quem postule que Maguito Vilela, se conquistar o apoio de Vanderlan Cardoso, tem chance de ganhar no primeiro turno (assim como Iris Rezende, Maguito na vice, também ser reeleito no primeiro turno — sobretudo se Vanderlan não for candidato).

E, se apoiar Maguito Vilela para prefeito de Goiânia, o PSD de Vanderlan Cardoso poderá cobrar apoio para governador em 2022. O senador planeja ser candidato a governador, e não a prefeito de Goiânia (até porque seus eleitores o querem em Brasília pelo menos por quatro anos). Assim, poderia ter Daniel Vilela como companheiro na chapa majoritária — como candidato a vice-governador ou a senador. Já Iris Rezende poderia bancar sua filha, Ana Paula Rezende — que adora política e dialoga bem com políticos e líderes comunitários —, para uma vaga na chapa.
O vice de Maguito Vilela poderia ser indicado pelo PSD? Talvez não. Porque ao PSD interessa muito mais o apoio do MDB para Vanderlan Cardoso disputar o governo em 2022. Então, a possibilidade maior é de que Iris Rezende indique o vice de Maguito Vilela — isto, esclarecendo, se o ex-governador for mesmo candidato a prefeito. O nome preferido de Iris Rezende é o de Paulo Ortegal, que, além de auxiliar do prefeito no Paço Municipal, é seu amigo e aliado histórico. Ortegal é como se fosse um filho para o prefeito. Com a vantagem de, como diplomata informal, manter excelente relacionamento com os demais políticos. Maguito Vilela aprecia Ortegal — aliás, como todo mundo. (Chegou-se a falar em Ana Paula Rezende para vice, mas é provável que a sucessora política de Iris Rezende se preserve para a disputa de 2022.)
Há outra especulação, e comentada por vários políticos. Iris Rezende estaria tentando aproximar os Vilelas, Daniel e Maguito, do governador Ronaldo Caiado. Possível mesmo? No dicionário da política só há uma palavra fantasma: “impossível”. Mas há pedras no caminho. O vice-governador Lincoln Tejota (Cidadania) vai lutar — já está lutando, ao trabalhar para montar uma base forte no interior —, com unhas, dentes e cutículas, para manter-se na chapa de Caiado, sobretudo porque o governador está cada vez mais popular (por sua seriedade na condução da máquina pública e na condução serena e equilibrada do caso do novo coronavírus). O prefeito de Catalão, Adib Elias, do Podemos, também vai pleitear a vice. O deputado federal José Nelto (Podemos) está montando uma grande base no interior e, quando chegar 2022, vai pôr as cartas na mesa e vai cobrar espaço na chapa majoritária. O presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, do PSB, também está se cacifando para a vice de Caiado. Já para o Senado, a tendência é que o partido Progressistas banque o ex-ministro Alexandre Baldy para a única vaga. Como Daniel Vilela, o nome dos Vilelas para 2022, entraria numa chapa que — mesmo ainda não fechada, pois não está no tempo hábil —, desde já, está congestionada? Frise-se o que se disse antes: em política, no seu dicionário, não existe a palavra impossível.
Mas o quadro mais real, ao menos neste momento, é outro: se Maguito Vilela for o candidato a prefeito pelo MDB, a tendência é que Vanderlan Cardoso o apoie — pensando, claro, em 2022. Já Caiado prefere apoiar Iris Rezende, até para dividir o poder dos Vilelas. Se o prefeito não for candidato, o governador vai bancar um nome consistente para prefeito de Goiânia. Possivelmente será o médico Zacharias Calil (DEM), que, gastando uma ninharia, foi o terceiro mais bem votado deputado federal na disputa eleitoral de 2018. Dada a pandemia do coronavírus, quando saúde passa a ser o tema crucial, a candidatura de um médico será muito bem-vista.
Portanto, “alea jacta est”. A sorte está lançada.