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As palavras públicas nem sempre são as mais verdadeiras. Aquilo que se faz nos bastidores é o que realmente importa. Então, o que se irá dizer aqui deve ser lido com atenção — para cobrança posterior.

O candidato do MDB a prefeito de Rio Verde será o médico Wellington Carrijo — cujos índices nas pesquisas de intenção começam a melhorar.

Porém, o que fazer com a deputada federal Marussa Boldrin, presidente do MDB em Rio Verde? Como se sabe, a parlamentar não quer apoiar Wellington Carrijo. Suas interlocuções são, em geral, com Osvaldo Fonseca Júnior, do Republicanos, e com Lissauer Vieira, do PL bolsonarista.

Marussa Boldrin chegou a apresentar um suposto “laranja” como pré-candidato a prefeito de Rio Verde — aparentemente com dois objetivos. Primeiro, mostrar ao presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, que o partido terá candidato num dos municípios mais ricos de Goiás e do país. Segundo, na prática, compor com outro partido e bancar o vice de Lissauer Vieira ou de Osvaldo Fonseca Júnior.

Marussa Boldrin, deputada federal e presidente do MDB em Rio Verde | Foto: Câmara dos Deputados

Entretanto, apesar de ter mandato de deputada federal — daí sua força nacional e, consequentemente, local —, Marussa Boldrin não vai conseguir atropelar o acordo feito entre o vice-governador Daniel Vilela, presidente do MDB em Goiás, e o prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale (União Brasil).

O acordo feito entre Daniel Vilela e Paulo do Vale pressupõe que o candidato do MDB — que conta com o apoio do União Brasil de Ronaldo Caiado — será Wellington Carrijo, que já circula pela cidade como pré-candidato, ampliando sua base de apoio a cada dia.

Como se sabe, Daniel Vilela não rói a corda. Pelo contrário, os acordos que faz, costuma cumprir. O vice-governador mantém excelentes relações com Paulo do Vale, com o deputado estadual Lucas do Vale (MDB) e com Wellington Carrijo. Lucas do Vale, inclusive, deve ser candidato a deputado federal em 2026 — e este é um dos motivos da birra de Marussa Boldrin contra Wellington Carrijo (MDB) e, sobretudo, contra Paulo do Vale.

Porém, há a possibilidade de Lucas do Vale ou Paulo do Vale ser o vice de Daniel Vilela em 2026 (quando o presidente do MDB disputará o governo, com o apoio de Ronaldo Caiado). Marussa Boldrin teria como entrar neste projeto? Não se sabe. Mas, se não entrar, corre o risco de ser derrotada em 2026 e ser devolvida à política de Rio Verde, quiçá como candidata a vereadora, em 2028.

Daniel Vilela e Ronaldo Caiado: o vice-governador e o governador de Goiás | Foto: Divulgação

Na disputa para o governo, em 2026, Daniel Vilela vai precisar montar grandes estruturas eleitorais nas várias regiões do Estado. Rio Verde, município com o quarto maior eleitorado de Goiás — atrás apenas de Goiânia, Aparecida e Anápolis — e um PIB estupendo, será peça decisiva na sua campanha. Porque o prefeito Paulo do Vale, maior líder político da região Sudoeste, seguirá firme, de maneira decidida, na sua campanha — o que será um trunfo. Este também é um motivo pelo qual Daniel Vilela bancará Wellington Carrijo para prefeito. Ou seja, ao apoiar o jovem político estará apoiando a si próprio — porque as disputas de 2024 e 2026 estão amplamente conectadas. As estruturas montadas em 2024 serão decisivas na campanha de 2026.

A rigor, Daniel Vilela não precisará atropelar Marussa Boldrin, ao definir que o MDB apoiará Wellington Carrijo. Porque a própria deputada está se atropelando, ao perceber qual é o jogo real. Ela precisa ver a floresta, a disputa de 2026, e não apenas a árvore, a disputa de 2024. Se não pensar “longe” acabará por ter uma carreira política “breve”. (E.F.B.)