Marconi usa taxa do agro para criticar governo, se esquecendo que esse é seu calcanhar de Aquiles

27 novembro 2022 às 00h05

COMPARTILHAR
O ex-governador de Goiás por quatro mandatos, Marconi Perillo (PSDB), mesmo sofrendo duas derrotas consecutivas na disputa ao Senado, tenta se credenciar como líder da oposição no Estado. O tucano encontrou no Projeto de Lei nº 10.803/22, que ficou conhecido como taxa do agro, um bom argumento para criticar o governo de Ronaldo Caiado (UB) e atrair apoio dos que se colocam contra a iniciativa. O problema é que ao tratar o assunto como um ativo para seu discurso, ele esquece que o tema é o calcanhar de Aquiles de suas gestões.
Relembre: em junho de 2017, Marconi Perillo regulamentou, via decreto, a cobrança da contribuição destinada ao Fundo de Incentivo à Cultura da Soja (FICS), fundo criado pela Lei 19.576/17, sancionada pelo tucano em 9 de janeiro daquele ano. O Fundo criado por ele previa que o contribuinte que tivesse tratamento diferenciado dado pelo Estado deveria recolher 0,2% sobre o valor da soja adquirida do produtor rural para o FICS. Do montante arrecadado, 30% ficaria com o Tesouro e 70% para o Fundo. A lei que instituiu o FICS foi revogada em abril de 2018 por decreto do então governador José Eliton.
Marconi Perillo se mostrou crítico a taxa do agro, mas em seu terceiro mandato como governador de Goiás, criou o Fundo de Transportes. A ideia era custear a construção, reconstrução, ampliação, recuperação, manutenção, conservação e o melhoramento da malha rodoviária estadual pavimentada e não pavimentada do Estado de Goiás. Os recursos do Fundo de Transportes seriam provenientes, entre outras fontes, de 20% da arrecadação do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e dotações orçamentárias do Tesouro Estadual.
Apesar da criação do Fundo de Transportes as queixas da má qualidade das rodovias, buracos e falta de asfalto foi uma constante.
Marconi erra ao usar suas gestões como comparativo para criticar o Fundo de Infraestrutura (Fundeinfra). Não foi uma boa estratégia de Marconi Perillo, que teve, rapidamente, o discurso desconstruído.