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Marconismo teme composição com o prefeito de Aparecida de Goiás, por considerá-lo como peso-leve. Mendanha quer compor com Perillo no primeiro turno

As pesquisas Serpes e Real Big Data deram um recado — ou recados — para o ex-governador Marconi Perillo, do PSDB, e para o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido): a possibilidade de o governador Ronaldo Caiado, do Democratas, ser reeleito no primeiro turno é grande. O grau de estabilidade do gestor estadual é um “problema” para seus rivais.

O que fazer? Mendanhistas e marconistas, tampouco Mendanha e Perillo, ainda não sabem o que fazer. Por isso vão esperar um pouco antes de tomar qualquer decisão.

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Posição do mendanhismo
Gustavo Mendanha: considerado peso-leve pelo marconismo | Foto: Divulgação

Os mendanhistas sugerem uma aliança já no primeiro turno, para que se possa concentrar energia em um único candidato. O nome para governador seria o de Mendanha, que, segundo eles, tem menos desgaste e nunca foi preso. Acredita-se, nesta corrente, que, se for candidato, Perillo pode até mesmo superar Mendanha, porém, dado ao forte desgaste da imagem política — que, relembrado na campanha, pode robustecer sua rejeição —, mas não teria condições de vencer Ronaldo Caiado. “Marconi é o melhor candidato para ser derrotado por Caiado”, afirma um mendanhista. “Pode começar bem, mas tende a se desidratar na campanha.”

O que Mendanha quer, exatamente? Fechar um acordo com Perillo. O prefeito disputaria mandato de governador e Perillo concorreria a senador. A ideia é passar a imagem de que são dois gestores, com realizações para mostrar à sociedade. O vice poderia ser a deputada federal Magda Mofatto (que, no momento, está inelegível), do PL, o prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro (ele disse ao Jornal Opção que topa ser vice tanto de Perillo quanto de Mendanha), do PSDB, ou o deputado federal Major Vitor Hugo (que diz que será candidato a governador e não aprecia Mendanha), do PL.

O mendanhismo trabalha também com outra hipótese — uma composição com o PP, que indicaria o ex-ministro Alexandre Baldy para senador. A ressalta é que, no momento, o presidente do Progressistas em Goiás tenciona para tentar ser candidato a senador na chapa de Ronaldo Caiado. Suas bases eleitorais querem uma composição com o gestor estadual.

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Posição do marconismo

Perillo é mais perspicaz e experiente, em termos políticos existenciais, do que Mendanha. Por isso, vai deixar o rio correr mais um pouco, antes de tomar qualquer decisão. Porém, o marconismo vem adotando três posições.

Primeiro, há uma corrente que prega que Perillo deve ser candidato a senador, pois está liderando as pesquisas e, no momento, só um postulante o ameaça, Henrique Meirelles, apontado pelos rivais como “estrangeiro” e “colonialista” (porque não mora em Goiás). Se eleito, teria a proteção de oito anos no Senado, o que o deixaria mais forte para a disputa do governo em 2026, quando terá apenas 63 anos. Se perder a disputa de 2026, continuaria no Senado. Ou seja, não ficaria sem mandato. Se perder para o governo, em 2022, ficaria mais quatro anos fora da política — totalizando oito anos (2019 a 2026), o que poderia colocá-lo, de vez, no limbo da política goiana.

Marconi Perillo (à direita, de camisa branca) e Jayme Rincón, provável coordenador de sua campanha | Foto: Henrique Alves

Segundo, a corrente mais forte postula que Perillo tem de se colocar para o governo, para confrontar Ronaldo Caiado, indicando ao eleitorado que está “vivo” e “nada teme”.

Com qual corrente Perillo se alinha? “Com as duas e com nenhuma”, diz um tucano de bico erado, de maneira enigmática. “O que sei é que Marconi vai esperar um pouco para então tomar uma decisão. De fato, ele pode disputar para o Senado, mas, como gosta de correr riscos, pode acabando sendo candidato a governador”, acrescenta.

“Se for realista, se pensar no mais fácil, Marconi será candidato a senador”, afirma um prefeito tucano. “Ele está se colocando, e está de olho na sua rejeição, que, embora ainda alta, está caindo. Será o quadro de junho ou julho, pouco antes das convenções, que vai decidir qual projeto político-eleitoral vai adotar”, afirma um ex-prefeito do PSDB. O prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro, disse ao Jornal Opção que crucial mesmo é que Perillo “está no jogo”. “Até pouco tempo, estava fora do jogo. Agora, todos comentam suas possibilidades eleitorais tanto para governador para senador.”

Os tucanos temem que Perillo desista de disputar o governo, compondo com Mendanha, e o prefeito se torne um páreo fácil para Ronaldo Caiado derrotar. No tucanato há quem o considere como um peso-leve. “Enfrentar um peso-pesado, como Ronaldo Caiado, com a máquina nas mãos e uma aliança política forte, não é nada fácil. Portanto, é preciso saber qual é a disposição real de Gustavo. Ele precisa desligar-se de Aparecida de Goiânia e se apresentar de maneira mais consistente no interior”, diz um marconista. “Essa história de ser apresentado no interior como ‘o menino da Magda’ [Mofatto] não pega bem. Ele precisa se apresentar como Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia”, sugere um prefeito tucano. “Quando chega no interior, antes de se apresentar, é Magda Mofatto quem fala primeiro, como se ela fosse ‘a’ candidata. Não pega bem. Ele tem de parar de ser apadrinhado, de ser tutelado”, acrescenta.

Wolmir Amado e Marconi Perillo: o tucano articula com o PT| Foto: Reprodução

Uma terceira corrente sugere que Perillo se alinhe com o PT de Lula da Silva, Adriana Accorsi, Rubens Otoni, Antônio Gomide, Kátia Maria, Luis Cesar Bueno e Wolmir Pedro. “Uma boa chapa poderá ter Marconi Perillo para o governo, com Adriana Accorsi na vice e Alexandre Baldy para senador”, afirma um tucano. “Wolmir Amado também pode ser o vice.” De fato, Perillo tem conversado com Lula da Silva sobre a possibilidade de uma aliança política em Goiás. “Mas não se espere que alguma decisão seja tomada agora. O quadro estava turvo, começou a ficar claro, mas ainda não está totalmente claro”, afirma um ex-deputado do PSDB. “A gente nem sabe se Gustavo será candidato. Só saberemos se ele se desligar da Prefeitura de Aparecida de Goiânia no dia 2 de abril deste ano. Se sair, aí de fato mostrará que está no jogo, e a sério.”