Lúcio Flávio repete Tibúrcio e acopla OAB ao governo do Estado

Não se pode sugerir que a OAB-Goiás se tornou uma secretaria do governo, mas, de tão vinculada, vem perdendo independência

A grupo OAB Forte dirigiu a Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Goiás por vários anos. Na gestão de Henrique Tibúrcio deu-se uma guinada governista. A gestão ficou com a imagem de profundamente atrelada aos governos dos tucanos Marconi Perillo e José Eliton. Um rival de Tibúrcio, dentro do próprio grupo que o apoiara, chegou a dizer que a OAB havia se tornou uma espécie de “secretaria” do governo do Estado — tal a sua dependência dos gestores do alto tucanato.

A OAB tem uma história de independência de governos, o que lhe permite um posicionamento mais forte e livre a respeito de vários assuntos, como direitos humanos. O grupo do atual presidente da OAB-Goiás, Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, de 44 anos, ascendeu como principal rival da OAB Forte, acabando por superá-la em duas eleições consecutivas, repetindo o mantra de que era preciso tornar a OAB autônoma — desvinculando-a dos governos.

O discurso de independência foi “comprado” pela maioria dos advogados.

No entanto, uma vez no poder, a gestão de Lúcio Flávio, sobretudo a partir de 2019, começou a repetir a de Henrique Tibúrcio — acoplando-a, em escala similar (ainda que menos escandalosa), ao governo do Estado.

Dada a seriedade do grupo que dirige o governo do Estado, não se pode falar, por certo, que a OAB-Goiás se tornou uma espécie de Secretaria da Justiça estadual. Mas não se pode negar que a OAB-Goiás e o governo estão associados, numa mútua dependência. Quem perde com isto não é o governo, que fica mais forte, e sim a OAB-Goiás, que perdeu, ao menos em parte, sua independência — o que a fragiliza.

A disputa eleitoral deste ano deveria pôr em questão: a OAB-Goiás pode se tornar uma secretaria do governo do Estado — perdendo sua independência e capacidade de ter iniciativa em relação a determinados assuntos? Fica o tema para debate para todos os candidatos.