Jânio Darrot pode disputar o governo, mas rejeita campanha agressiva

O ex-prefeito de Trindade pode ser o principal organizador do palanque eleitoral de Jair Bolsonaro em Goiás

Há quem postule que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas, pode vencer a disputa eleitoral de 2022 praticamente por W.O. Pode ser que ocorra, sobretudo se seus adversários forem Marconi Perillo (ou José Eliton), do PSDB, e Rubens Otoni (ou Kátia Maria), do PT.

Uma disputa entre Ronaldo Caiado, favoritíssimo, e Marconi Perillo, político com amplo desgaste (respondendo a processos judiciais, correndo até o risco de se tornar inelegível), será marcado por uma verdadeira guerra. Há quem acredite, porém, que o tucano não terá tutano político suficiente para enfrentar um governador tão bem avaliado. Por isso, até entre tucanos de bicos erados, há quem recomende que o ex-governador volte para seu projeto anterior e dispute mandato de deputado federal.

Um nome alternativo à disputa é o do ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot.

Empresário bem-sucedido (é dono da Jean Darrot, que, além de fabricar roupas, tem lojas — além de criar gado de alta qualidade), Jânio Darrot foi deputado estadual e prefeito de Trindade por duas vezes.

Em 2020, com o PSDB em frangalhos, depois da derrota acachapante de 2018, Jânio Darrot foi decisivo para eleger o prefeito de Trindade, Marden Júnior, filiado ao Patriota. A vitória do jovem político significa que Jânio Darrot escapou da hecatombe que vitimou os ex-governadores Marconi Perillo (que perdeu para senador, ficando entre os últimos colocados) e José Eliton (que perdeu para governador, ficando em terceiro lugar, praticamente na lanterninha).

Este ano, Jânio Darrot, depois de refletir detidamente, decidiu sair do PSDB — que um deputado chama, maliciosa e maldosamente, de “Partido do Caixão” — e se filiar ao Patriota, partido gerido em Goiás pelo empresário e marqueteiro Jorcelino Braga.

Homem decente, político articulado e gestor competente, Jânio Darrot não decidiu, a rigor, qual será seu projeto para 2022. Ele está estudando o quadro político e vai esperar algumas definições para, em seguida, definir seu projeto.

Dadas suas qualidades, inclusive de político agregador, Jânio Darrot poderá ser candidato a governador, senador ou deputado federal. Para governador, a peleja será muito dura, porque terá de enfrentar o governador Ronaldo Caiado, que é muito bem avaliado e lidera uma frente política ampla. Entretanto, até por ser político e empresário (é mais fácil ir a Marte do que ser empresário no Brasil), o ex-prefeito não teme correr risco. Só não aprecia entrar em “canoa furada”. Com seu jeito calmo, de quem parece não estar prestando atenção no quadro global da política, o ex-prefeito é um refinadíssimo avaliador dos cenários políticos. E sabe como interferir para modificá-los.

Entretanto, ao contrário de Marconi Perillo, que pretende radicalizar e, se for candidato a governador, fará uma campanha em tom hard, Jânio Darrot, sendo candidato, vai fazer uma campanha moderada, sem ataques, de caráter mais propositivo. É seu estilo. Não teme nem receia o confronto, mas avalia que a guerra pela guerra é improdutiva. Como os grandes marqueteiros sabem — e há um marqueteiro eficiente ao lado do ex-prefeito, Jorcelino Braga —, campanhas eleitorais bem-sucedidas são aquelas em que o candidato fala mais de si, convencendo o eleitor de que é eficiente e capaz, do que dos adversários.

Portanto, se estiver no páreo em 2022, que não se espere xingamentos e bravatas de Jânio Darrot. O eleitor pode esperar ideias e projetos. Mas uma coisa é certa: o empresário e político não vai disputar para fazer figuração. Se perceber que o mar estar só para Ronaldo Caiado, como agora, tende a disputar mandato de senador ou, sobretudo, deputado federal. O ex-prefeito, frise-se, é um político tão experimentado quanto pragmático.

O presidente Jair Bolsonaro disse a um deputado que está buscando informações para saber quem estará no seu palanque em 2022, na disputa da reeleição, em Goiás. Se se filiar a Patriota, como sugerem as negociações políticas, a tendência é que Bolsonaro e Jânio Darrot estejam no mesmo palanque. O primeiro como candidato a presidente e o segundo, quem sabe, como candidato a governador. O palanque do presidente terá na coordenação Jorcelino Braga, Alcides Cidinho Rodrigues, Jânio Darrot e o deputado federal Major Vitor Araújo (que também está se preparando para se filiar ao Patriota, a pedido do presidente), entre outros.

Fica a ressalva de que as relações políticas e pessoais entre Bolsonaro e o governador Ronaldo Caiado são as melhores possíveis. Será possível uma grande composição do partido Democratas, de Ronaldo Caiado, com o Patriota de Jorcelino Braga e Jânio Darrot? Pode até não ser fácil, mas não é impossível. Não será improvável que Bolsonaro pressione por uma aliança ampla em Goiás — sobretudo se o Democratas não lançarem candidato a presidente, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (que começa a ser testado pelo partido como pré-candidato), que é amigo e aliado do governador goiano.

Tendo candidato a governador ou não, o Patriota vai trabalhar para tentar eleger de dois a três deputados federais em 2022. Um de seus candidatos será o deputado federal e ex-governador Alcides Cidinho Rodrigues, representante político de Santa Helena e de outras cidades de Santa Helena. Outros nomes têm sido sugeridos: o ex-senador Wilder Morais (amigo de Flávio e Eduardo Bolsonaro), Major Vitor Hugo e o próprio Jânio Darrot.