O candidato a governador Gustavo Mendanha (Patriota) afirmou que, em um possível governo seu, aportaria – ao que tudo indica na concessionária Enel – pelo menos R$ 2 bilhões para expandir a rede de transmissão da energia elétrica em Goiás.

Segundo Mendanha, esta seria uma forma de solucionar a falta de energia no estado. Para especialistas, o problema não é consequência da falta de linhas de transmissão e, por contrato, cabe à própria Enel fazer os investimentos necessários para assegurar a qualidade do serviço. Já o governador Ronaldo Caiado (UB) sinalizou que fará diálogos em Brasília para que a empresa perca a concessão, por descumprir metas do contrato. 

A declaração de Mendanha vem após Caiado afirmar que o fator limitador para o crescimento de Goiás é a falta de energia e também a má qualidade do serviço prestado pela empresa italiana.

Em postagem nas redes sociais, Mendanha diz concordar com Caiado e ter a solução. “Investir em 800 km de novas linhas de transmissão, construir 12 novas subestações de energia e reformar outras 20”. Segundo o candidato do Patriota, a resolução do problema custaria R$ 2 bilhões, que seriam bancados com recursos do Estado.

O governador Ronaldo Caiado afirmou que, para solucionar toda a situação, vai trabalhar em Brasília para que a empresa perca a concessão, devido ao não cumprimento das metas de qualidade do serviço, estipuladas em contrato.

A Enel Goiás foi classificada como a terceira pior concessionária de energia elétrica do Brasil em 2021, segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), divulgado em março deste ano. Em 2020, a antiga Celg-D havia ficado na mesma colocação na lista. A Enel é sucessora da Celg-D, estatal goiana que foi privatizada em 2016, na gestão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

Para especialistas, a falta de energia não é consequência da ausência de linhas de transmissão. Se fosse assim, segundo os profissionais,  a escassez de energia na região Metropolitana de Goiânia e em outras áreas urbanas, como Aparecida de Goiânia e Anápolis, não aconteceria. Nestes locais, falta energia, mas há linhas de transmissão o suficiente.

Os maiores problemas hoje estão relacionados à distribuição e ao sucateamento do sistema, que envolve investimentos em novos equipamentos e em pessoal para a manutenção preventiva.  O cálculo do setor é de que seriam necessários R$ 6 bilhões de investimentos para alcançar a meta de qualidade estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Algo que tem de ser custeado pela própria Enel.

A empresa, que estaria em vias de ser vendida, diz que tem feito investimentos para melhoria da qualidade. No entanto, não alcançou os indicadores mínimos determinados pela Aneel e pode perder a concessão. 

Durante seu mandato como senador, Ronaldo Caiado fez duras críticas à concessionária e chegou a cogitar a encampação da empresa quando foi eleito governador, em 2019. No entanto, isto não aconteceu porque Caiado foi alertado de que isso seria juridicamente impossível, uma vez que a concessão do serviço de energia elétrica pertence à União e não ao governo estadual. Em 2020, o governador chegou a sugerir que a Enel vendesse a concessão dela para outra empresa que tivesse condições de fazer os investimentos necessários. Na época, a Enel assegurou que faria os investimentos previstos para alcançar as metas da Aneel.