Há um enfrentamento pelo controle do Partido Liberal em Goiás entre o senador Wilder Morais e o deputado federal Gustavo Gayer.

Wilder Morais é o presidente do partido. Porém, não é o principal responsável pela montagem da chapa de candidatos a deputado estadual e federal. Os pré-candidatos mais relevantes — como Fred Rodrigues, Oséias Varão, Coronel Urzeda e Major Vitor Hugo — são todos ligados a Gustavo Gayer.

Major Vitor Hugo e Gustavo Gayer não se davam muito bem. Mas, por interferência direta do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado e o vereador se alinharam.

Sobretudo, Gustavo Gayer e Major Vitor Hugo se aliaram “contra” Wilder Morais. O mote justo — à Flaubert — talvez nem seja “contra”. Mas, de fato, há um enfrentamento entre Wilder Morais e Gustavo Gayer.

A divergência de fundo entre Wilder Morais e Gustavo Gayer não tem, a rigor, a ver com a montagem da chapa de candidatos a deputado. Até porque é consenso que a operação está mesmo a cargo de Gustavo Gayer — que, ao menos na conjuntura, apresenta os melhores candidatos a deputado federal (Fred Rodrigues e Major Vitor Hugo, por exemplo) e estadual (Oséias Varão e Coronel Urzeda).

Wilder Morais e Marconi Perillo: juntos mais uma vez? Não se sabe | Foto: Divulgação

O enfrentamento tem a ver com o fato de que, bolsonarista, Gustavo Gayer decidiu cumprir a determinação de Jair Bolsonaro. O ex-presidente mandou um recado de que a opção do PL nos Estados, como Goiás, é por composição com a direita dominante — no caso, a do governador Ronaldo Caiado, do União Brasil — com o objetivo de eleger um senador.

Neste momento, Gustavo Gayer opera, seguindo a orientação de Jair Bolsonaro, para fechar um acordo com Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. Ele deve ser candidato a senador ao lado de Gracinha Caiado, do União Brasil. Os dois são favoritos, de acordo com as pesquisas de intenção de voto.

Se candidato a senador na chapa de Wilder Morais, Gustavo Gayer percebeu que corre o risco de ser derrotado pelo ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Gayer ou pelo senador Vanderlan Cardoso, ambos do PSD. Pode começar com intenção de voto positiva, e, no decorrer da campanha, se desidratar e perder espaço para “o” candidato do governo (Mendanha ou Cardoso).

Então, se depender de Gustavo Gayer, o PL vai compor com Daniel Vilela, o pré-candidato do MDB a governador de Goiás. No caso, tende a ser eleito senador — que é o desejo de Jair Bolsonaro.

Por não seguir a orientação de Jair Bolsonaro, Wilder Morais poderá sair do PL? Não se sabe, mas é possível. Seria bem recebido no PSDB de Marconi Perillo? O tucano nunca falou a respeito. Mas, por certo, sim.

Jair Bolsonaro e a orientação sobre os Estados

Jair Bolsonaro e Gustavo Gayer: o gesto diz tudo sobre quem é o aliado do ex-presidente em Goiás; o deputado é bolsonarista e faz a defesa do líder maior do PL no Congresso | Foto: Leoiran/Jornal Opção

O PL, de acordo coma orientação de Jair Bolsonaro — que está sendo seguida à risca pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto —, adotou a seguinte posição: nos Estados em que tem candidatos fortes a governador, a cúpula se empenhará firmemente em sua campanha. É o caso de Santa Catarina.

Em Goiás, como Wilder Morais aparece em terceiro lugar — atrás de Daniel Vilela e de Marconi Perillo (e, às vezes, até de Adriana Accorsi, do PT) —, o PL nacional não quer participar de nenhuma aventura. Jair Bolsonaro, mesmo a distância, vai enquadrar quem não segue suas determinações.

Gustavo Gayer é visto como radical. Mas, no momento e embora não seja bolsonarista, Wilder Morais é quem está se comportando de maneira radical. Ao menos de acordo com alguns membros do PL. “Como apoiar um candidato que não tem o apoio de nenhum dos prefeitos do partido?”, inquire um membro do Partido Liberal. “Se Wilder for candidato, o PL acaba em Goiás. Não ficará um prefeito no partido.” (E.F.B.)