Entenda por que Wilder tem muito a perder em 2030 se for derrotado em 2026 para governador

11 outubro 2025 às 21h00

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Integrantes do PL dizem mais ou menos assim: “O senador Wilder Morais será candidato a governador em 2026 porque não tem nada a perder. Se for derrotado, continuará mais quatro anos no Senado”.
Então, se não vencer a disputa pelo governo do Estado, poderá ser candidato à reeleição, em 2030.
Trata-se do pensamento-rebanho, quer dizer, é repetido, e acaba sendo aceito — sem nenhuma reflexão realista — como verdade absoluta. Quando, na realidade, é uma verdade relativa. Expliquemos.
O general Golbery do Couto e Silva, maior estrategista político da ditadura — o verdadeiro autor do projeto da distensão-Abertura —, costumava dizer que, depois de uma derrota, perde-se força e outras derrotas virão.
Portanto, uma derrota do senador Wilder Morais (PL) em 2026 pode deixá-lo fragilizado para a disputa de 2030. Sobretudo, aumentará a descrença em sua capacidade de liderança em todo o Estado.
Há outra questão: uma derrota de Wilder Morais, sobretudo se acachapante — por exemplo, se ficar em terceiro lugar —, poderá enfraquecer as bases do PL em todo o Estado. Uma candidatura majoritária fraca, sem substância nas bases, pode prejudicar a campanha de candidatos a deputado federal e estadual e a senador.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL) é forte para o Senado? Não há menor dúvida de que é — dados seu discurso duro e sua ligação umbilical com o bolsonarismo (que, frise-se, não está morto).
Entretanto, um Gustavo Gayer tendo de alavancar a candidatura de Wilder Morais, e não apenas a sua, certamente perderá substância e poderá ser atropelado por outros candidatos. Tendo de “carregar” a si próprio, o deputado não terá como “carregar” o “peso” do senador.
Gracinha Caiado, pré-candidata do União Brasil, tende a ser a mais votada para senadora. Mais: poderá contribuir para “puxar” o segundo candidato a senador. No momento, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha e o senador Vanderlan Cardoso batalham, com inteligência, para figurarem ao lado da postulante do UB.
Se conectados a Gracinha Caiado e ao pré-candidato a governador pelo MDB, Daniel Vilela, Vanderlan Cardoso e Gustavo Mendanha passam a ter chance de vencer Gustavo Gayer. Este pode até sair na frente, nas pesquisas de intenção de voto extemporâneas, mas, por falta de estrutura no interior, tende a perder para um dos dois integrantes do PSD.
Então, se Wilder Morais pensar no PL, e não apenas em seu projeto pessoal, a tendência é que acabe por compor com Daniel Vilela. Mas o que ele ganhará com isto?
Em 2030, só estará em disputa uma vaga para senador, exatamente a de Wilder Morais. A tendência é que, se reeleito e se deixar o governo em abril de 2030, Daniel Vilela seja candidato a senador. Ou seja, os dois se enfrentariam pela segunda vez.
Mas e se, obtendo o apoio de Wilder Morais em 2026, Daniel Vilela optar por ficar no governo ou então por disputar mandato de deputado federal, e não de senador, em 2030? É uma possibilidade.
Portanto, repetindo, se Wilder Morais perder em 2026 terá muito a perder em 2030. Como homem de negócios, é um realista. Por isso, certamente estará pensando no assunto. Até por saber que o futuro chega mais cedo do que se espera. (E.F.B.)