Eduardo Gomes pode se unir com Marcelo Miranda contra Carlesse e Dimas

17 outubro 2021 às 00h01

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Enquanto o senador e o governador parecem perdidos, Ronaldo Dimas circula pelo Estado conversando com líderes políticos e de segmentos organizados
Percebendo o relativo afastamento do senador Eduardo Gomes (MDB) — conhecido em Brasília como “Rei do Tratoraço”, porque está sob investigação da Polícia Federal —, o governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), continua insistindo em bancar seu secretário da Fazenda, Sandro Henrique Armando, para governador. Mas há três drummonds no meio do caminho.

Primeiro, Sandro, um técnico tido como eficiente, é desconhecido dos eleitores. Então, Carlesse, antes de bancá-lo, precisa ouvir os “russos”, quer dizer, aqueles que votam. “Carlesse está ganhando tempo para o seu candidato ganhar musculatura e se tornar mais conhecido”, postula um deputado de sua base.
Segundo, Carlesse quer deixar o governo, em 4 de abril de 2022, mas não quer repassá-lo para seu vice, Wanderley Barbosa. Teme que seja um novo Carlos Gaguim (milionário, e tido como empresário de vários negócios) e, sobretudo, que, uma vez no poder, comprometa as contas do Estado.
Aliados de Carlesse dizem que o governador, se Barbosa optar por não assumir o governo, bancará sua campanha para deputado federal. A ressalva é que, se o governador não confia em Barbosa, este confia muito menos naquele. Então, se Carlesse sair do governo, o vice assumirá e, no dia seguinte, se tornará candidato a governador.

Mas o candidato dos sonhos de Carlesse continua sendo Eduardo “Tratoraço” Gomes. O senador sabe que, se não renunciar, o governador será realmente forte e, mesmo com desgaste — é um dos gestores estaduais mais rejeitados do país —, será um sargento eleitoral de relativa qualidade. Porém, sem poder e com desgaste, Carlesse será um peso-morto — portanto, se Eduardo Gomes aceitar seu apoio, o prejudicará na disputa para governador. Frise-se que a investigação da Polícia Federal — que pode ou não resultar em prisão (aliás, se Eduardo Gomes for preso, aí é Carlesse que fugirá dele) — é um desgaste a mais.
Com amplo apoio de prefeitos, dado o Tratoraço, Eduardo Gomes se apresenta como o “candidato da conciliação” — não quer brigar com ninguém.
Terceiro, há uma disputa entre Carlesse e a deputada federal Dorinha Seabra Rezende (DEM) pelo controle do partido União Brasil (UB). Se depender do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), o comando ficará com Professora Dorinha. Porém, por ser governador, Carlesse quer assumir a presidência. O problema que preocupa a cúpula nacional do UB é o desgaste contaminante do gestor estadual.
Se Carlesse, Rei do Desgaste, e Eduardo Gomes, Rei do Tratoraço, se amam e se odeiam (“vão acabar juntos, numa espécie de abraço de afogados”, afirma um ex-deputado), ao mesmo tempo, o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos) voa em céu de brigadeiro — como favorito para a disputa do governo.
Sem desgaste, Ronaldo Dimas está andando pelo Estado e dialogando com as lideranças municipais e segmentos organizados da sociedade. Segundo um aliado, o que ele mais ouve, em todos os lugares, é que os eleitores querem “mudança”, o que significa arrancar o grupo de Mauro Carlesse do governo para afastá-lo tanto da gestão quanto dos cofres públicos.
Sobre Eduardo Gomes, comenta-se que abriu conversações com o ex-governador Marcelo Miranda (MDB). Os dois não se davam (porque o senador teria ajudado Carlesse a persegui-lo), mas resolveram dialogar. Bem avaliado nas pesquisas de intenção de voto, Miranda é cotado para disputar mandato de senador na chapa de Eduardo Gomes. Ele teria condições de puxar o “pesado” senador para o alto? Não se sabe. O fato é que transferência de voto é uma coisa muito difícil.
O senador gostaria de ter Ronaldo Dimas na vice, e seus aliados chegaram a plantar isto na imprensa. Mas o ex-prefeito de Araguaína se mantém firme: será candidato a governador, possivelmente com o apoio do ex-senador Ataídes de Oliveira (Pros; ele diz que é pré-candidato a governador), do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), do ex-prefeito de Gurupi Laurez Moreira (Avante, cotado para a vice) e da senadora Kátia Abreu (que deve ter o empresário Edison Tabocão como primeiro suplente).
Paulo Mourão, do PT, é o candidato de Lula da Silva a governador do Tocantins. Não deve ser subestimado, dada a possibilidade da onda vermelha do petismo, mas dificilmente tem condições de superar pesos-pesados como Ronaldo Dimas e Eduardo Gomes.