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Enquanto o senador e o governador parecem perdidos, Ronaldo Dimas circula pelo Estado conversando com líderes políticos e de segmentos organizados

Percebendo o relativo afastamento do senador Eduardo Gomes (MDB) — conhecido em Brasília como “Rei do Tratoraço”, porque está sob investigação da Polícia Federal —, o governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), continua insistindo em bancar seu secretário da Fazenda, Sandro Henrique Armando, para governador. Mas há três drummonds no meio do caminho.

Mauro Carlesse e Eduardo Gomes: vão romper ou vão “morrer” (politicamente) abraçados? | Foto: Reprodução

Primeiro, Sandro, um técnico tido como eficiente, é desconhecido dos eleitores. Então, Carlesse, antes de bancá-lo, precisa ouvir os “russos”, quer dizer, aqueles que votam. “Carlesse está ganhando tempo para o seu candidato ganhar musculatura e se tornar mais conhecido”, postula um deputado de sua base.

Segundo, Carlesse quer deixar o governo, em 4 de abril de 2022, mas não quer repassá-lo para seu vice, Wanderley Barbosa. Teme que seja um novo Carlos Gaguim (milionário, e tido como empresário de vários negócios) e, sobretudo, que, uma vez no poder, comprometa as contas do Estado.

Aliados de Carlesse dizem que o governador, se Barbosa optar por não assumir o governo, bancará sua campanha para deputado federal. A ressalva é que, se o governador não confia em Barbosa, este confia muito menos naquele. Então, se Carlesse sair do governo, o vice assumirá e, no dia seguinte, se tornará candidato a governador.

Ronaldo Dimas: a aposta do Podemos | Foto: Divulgação

Mas o candidato dos sonhos de Carlesse continua sendo Eduardo “Tratoraço” Gomes. O senador sabe que, se não renunciar, o governador será realmente forte e, mesmo com desgaste — é um dos gestores estaduais mais rejeitados do país —, será um sargento eleitoral de relativa qualidade. Porém, sem poder e com desgaste, Carlesse será um peso-morto — portanto, se Eduardo Gomes aceitar seu apoio, o prejudicará na disputa para governador. Frise-se que a investigação da Polícia Federal — que pode ou não resultar em prisão (aliás, se Eduardo Gomes for preso, aí é Carlesse que fugirá dele) — é um desgaste a mais.

Com amplo apoio de prefeitos, dado o Tratoraço, Eduardo Gomes se apresenta como o “candidato da conciliação” — não quer brigar com ninguém.

Terceiro, há uma disputa entre Carlesse e a deputada federal Dorinha Seabra Rezende (DEM) pelo controle do partido União Brasil (UB). Se depender do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), o comando ficará com Professora Dorinha. Porém, por ser governador, Carlesse quer assumir a presidência. O problema que preocupa a cúpula nacional do UB é o desgaste contaminante do gestor estadual.

Se Carlesse, Rei do Desgaste, e Eduardo Gomes, Rei do Tratoraço, se amam e se odeiam (“vão acabar juntos, numa espécie de abraço de afogados”, afirma um ex-deputado), ao mesmo tempo, o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos) voa em céu de brigadeiro — como favorito para a disputa do governo.

Sem desgaste, Ronaldo Dimas está andando pelo Estado e dialogando com as lideranças municipais e segmentos organizados da sociedade. Segundo um aliado, o que ele mais ouve, em todos os lugares, é que os eleitores querem “mudança”, o que significa arrancar o grupo de Mauro Carlesse do governo para afastá-lo tanto da gestão quanto dos cofres públicos.

Sobre Eduardo Gomes, comenta-se que abriu conversações com o ex-governador Marcelo Miranda (MDB). Os dois não se davam (porque o senador teria ajudado Carlesse a persegui-lo), mas resolveram dialogar. Bem avaliado nas pesquisas de intenção de voto, Miranda é cotado para disputar mandato de senador na chapa de Eduardo Gomes. Ele teria condições de puxar o “pesado” senador para o alto? Não se sabe. O fato é que transferência de voto é uma coisa muito difícil.

O senador gostaria de ter Ronaldo Dimas na vice, e seus aliados chegaram a plantar isto na imprensa. Mas o ex-prefeito de Araguaína se mantém firme: será candidato a governador, possivelmente com o apoio do ex-senador Ataídes de Oliveira (Pros; ele diz que é pré-candidato a governador), do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), do ex-prefeito de Gurupi Laurez Moreira (Avante, cotado para a vice) e da senadora Kátia Abreu (que deve ter o empresário Edison Tabocão como primeiro suplente).

Paulo Mourão, do PT, é o candidato de Lula da Silva a governador do Tocantins. Não deve ser subestimado, dada a possibilidade da onda vermelha do petismo, mas dificilmente tem condições de superar pesos-pesados como Ronaldo Dimas e Eduardo Gomes.